Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher 

 

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, importante lembrarmos o real sentido dessa data. Ela representa, de fato, o protagonismo da mulher na sociedade e na política e sua luta contra a condição de submissão imposta pela sociedade machista, racista e homofóbica. 

O 8 de Março foi instituído como Dia Internacional da Mulher quando, em 1857, centenas de trabalhadoras tecelãs, em greve contra os baixos salários, pela redução da jornada de trabalho (que podia chegar a dezesseis horas diárias) e contra as condições degradantes de trabalho a que eram submetidas, foram trancadas e queimadas em seu local de trabalho por policiais em Nova York (EUA). Foram mortas justamente para que a sociedade compreendesse o lugar de submissão da mulher. 

Uma mulher ainda é morta a cada duas horas no Brasil, vítima de feminicídio. A cada 5 minutos, uma mulher é vítima de violência doméstica. Dados do BID comprovam que mulheres brasileiras ganham 30% a menos que os homens no exercício da mesma função. Mulheres negras, mulheres transexuais e homossexuais vivem em condições salariais ainda mais precárias e expostas a violências mais contundentes. O desmonte do Estado Brasileiro operado nos últimos meses,  que afeta a todos os trabalhadores, afeta as mulheres de forma ainda mais perversa. O corte de investimentos, provocado pela EC 95/2017, provocará, inevitavelmente, diminuição no papel de Estado na garantia de serviços públicos como saúde, educação ou construção de creches. Segundo a Nota Técnica 178 do DIEESE, são as mulheres as maiores afetadas pela Reforma Trabalhista aprovada em 2017, especialmente devido à redução salarial provocada pela terceirização, pela jornada intermitente ou pelo contrato de tempo parcial. A Reforma da Previdência, cuja tramitação encontra-se suspensa no Congresso, também cobra delas a fatura maior de um déficit inexistente. Segundo o DIEESE, as mulheres serão mais afetadas por esse projeto, pois ele "ignora as desigualdades de gênero que ainda caracterizam o mercado de trabalho, as relações familiares e políticas públicas no País". 

Portanto, essa data existe para refletirmos a respeito da luta da mulher por uma sociedade mais justa e dos retrocessos que uma sociedade machista impõe. Entretanto, o discurso dominante se apropria novamente dessa data para retratar a mulher APENAS como indivíduo "meigo", "dedicada", "doadora", "doce" e "frágil". Muito pelo contrário, essa data existe pra que as mulheres percebam a real condição de opressão que as aflige e para que lutem pela superação da condição de submissão. 

Parabéns a todas as mulheres por esse dia e que a luta por um mundo melhor e igual para todos seja protagonizada também por elas!

Lucas Reis da Silva é Auditor-Fiscal do Trabalho, Historiador e Bacharel em Direito. É presidente da Delegacia Sindical do Sinait em Santa Catarina.

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