Experiência Assistindo filme Como Pessoa com Deficiência

Experiência assistindo filme como Pessoa com Deficiência (PcD) Auditiva (som mudo)

Documentário: Vidas - 60 Anos do Corpo de Bombeiros

https://www.youtube.com/watch?v=MEMukMzfWC4

Duração: 55min40seg

Divulgado em nov. 2024

Assistir ao filme “Vidas - 60 Anos do Corpo de Bombeiros” sem áudio proporcionou uma imersão nas dificuldades enfrentadas por PcD auditiva, gerando sensações e reflexões que foram analisadas a seguir à luz da literatura acadêmica sobre acessibilidade e inclusão.

1. Frustração e sensação de perda de conteúdo: muitas informações são transmitidas pelo som (diálogos, trilha sonora, efeitos sonoros), e sem o áudio, há a sensação de perda de uma parte fundamental dos acontecimentos do documentário; segundo Rocha-Toffolo (2014), a comunicação audiovisual é predominantemente sonora e, quando o som é retirado, a narrativa torna-se incompleta para aqueles que não dominam a leitura labial ou não têm acesso às legendas;

2. Atenção redobrada às imagens e tentativa de leitura labial: para compensar a ausência de som, houve um esforço maior para observar expressões faciais, gestos e movimentos labiais dos personagens; de acordo com Vieira (2023), pessoas com deficiência auditiva desenvolvem estratégias visuais para compreender a comunicação, sendo a leitura labial uma habilidade comum, mas que exige concentração e contexto adequado;

3. Dificuldade na compreensão da narrativa: o filme apresenta diálogos complexos, o que dificultou o entendimento completo da trama; conforme apontado por Santos (2014), a ausência de legendas e recursos de acessibilidade em obras audiovisuais prejudica a imersão e a compreensão de conteúdos por pessoas surdas, reforçando a importância da legendagem e da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em materiais audiovisuais; a Libras se fez presente no documentário; todavia, desconheço a Libras;

4. Mudança na percepção emocional: a trilha sonora influencia significativamente as emoções do espectador; sem ela, cenas de suspense pareceram menos intensas, cenas tristes perderam impacto e momentos alegres não foram tão vibrantes; pesquisas demonstram que a música desempenha um papel essencial na criação de atmosferas emocionais em filmes (Araújo, 2024), e sua ausência pode alterar a experiência do público;

5. Foco maior na cinematografia: sem o som, houve uma percepção mais aguçada dos elementos visuais, como enquadramentos, cores, iluminação e movimentos de câmera; de acordo com Souza (2017), a deficiência auditiva pode levar ao desenvolvimento de uma maior sensibilidade visual, tornando detalhes cinematográficos mais evidentes para espectadores surdos; e

6. Sensação de estranhamento ou desconforto: para quem está acostumado a assistir filmes e televisão com som, a ausência de áudio gerou uma sensação de vazio ou incompletude; estudos indicam que a experiência multimodal do cinema é baseada na integração de estímulos visuais e sonoros (Bastos et al., 2024), e a remoção de um deles pode comprometer a experiência narrativa.

A experiência revelou as barreiras enfrentadas por PcD auditiva ao assistir conteúdos audiovisuais, destacando a necessidade de recursos de acessibilidade, como legendas e interpretação em Libras (que inclusive tinha).

A inclusão de ferramentas como estas não apenas promove a equidade no acesso à informação e ao entretenimento, mas também amplia a conscientização sobre a importância da acessibilidade de áudio (som).

Referências

ARAÚJO, Natália Saavedra Viana de Araújo e. A importância da trilha sonora na produção cinematográfica: emoção, narrativa e impacto. Anais New Science Publishers | Editora Impacto, [S. l.], v. 1, n. 1, 2024. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/ans/article/view/290. Acesso em: 05 jan. 2025.