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Fato Social - Prostituição

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Por:   •  24/3/2014  •  1.918 Palavras (8 Páginas)  •  1.648 Visualizações

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A necessidade insatisfeita de um homem deu origem a prostituição feminina que

tem indícios desde 1600 ac. A prostituição é um fato social1

, necessitando para seu estudo

o entendimento que ele é coercitivo, exterior e genérico, necessitamos entender o que se

passa nos pensamentos das mulheres que se prostituem, como se sentem em relação aos

estigmas carregados pela profissão, os riscos que elas enfrentam e sua identidade enquanto

mulher, autônoma, profissional e independente.

Que apesar do não reconhecimento jurídico na categoria de trabalho, exercem esse

oficio, desempenha funções sociais, são autônomas, estão na profissão por liberdade de

escolha e que querem ser reconhecidas como profissionais e ter direitos assegurados.

O estigma para as profissionais do sexo e sua função social

O estigma

que pesa sobre as mulheres e sobre os locais que trabalham parece ser

resultado da tolerância social que perpassa a historicidade e a estrutura da cultura ocidental

judaico cristã. Sabe-se que não foram poucos os profissionais que insistiram na

prostituição como o "mal necessário" que habita o corpo social (Moraes, 1921; Engel,

1988). Para manter as aparências em uma sociedade cínica, a prostituta serviu muito bem

Sem exagero, as prostitutas tornaram-se verdadeiros depósitos do prazer masculino.

Sobre a responsabilidade dos homens nada pesa. Pelo contrário, a cultura patriarcal, que

legitimou perversamente o poder viril do macho, aprovou os comportamentos que levaram

os homens a se mostrarem bons reprodutores. Essa figura, valorizada ainda nos dias atuais,

tem fortalecido a dominação masculina

Na revista Focus nº. 403, de 4/6 a 10/07/2007, deverão ter notado uma frase que eu disse que finaliza a entrevista que dei:

«Nos dias de hoje, em que a mulher é tida cada vez mais como objeto, em que as dificuldades financeiras aumentam, é mais corajosa aquela que não é prostituta do que aquela que o é.»

Recebi vários e-mails, alguns a elogiar, outros sem entender a razão dessa minha conclusão. Já era um assunto do qual queria falar, e como a resposta não é simples, essa página servirá para isso.

As pessoas costumam-me dizer que fui muito corajosa por ter atravessado um oceano sozinha, por ter decidido aceitar a proposta de vir me prostituir em Portugal. Dizem que fui muito corajosa por ter passado tudo o que passei. Estão erradas? Claro que não. Não foi fácil de repente me ver a ter uma vida completamente diferente daquela que tinha, a mudança de cenário e ambiente, o primeiro homem com quem claramente fazia sexo por dinheiro, o convívio no local, as limitações, o reflexo psicológico, etc. Mas isso também não faz com que eu seja mais corajosa que uma mãe solteira que cria um filho sozinha, que uma pessoa "comum" que também enfrentará limitações e desafios no seu dia-a-dia. O único detalhe é que o fato de ser prostituta vira livro e é falado, mas muito menos facilmente isso hoje aconteceria com impacto igual se fosse por exemplo uma mãe solteira (a não ser talvez se o livro fosse editado na China).

Sempre deixei claro o quanto admiro as pessoas que escolheram ser acompanhantes, são estas as verdadeiras acompanhantes, e apenas estas deviam ser acompanhantes, caso o mundo não fosse o que é. E eu, como muitas outras que conheço, infelizmente - ou não tão infelizmente assim, afinal tudo na vida é lição - não coloquei uma lista de hipóteses profissionais na minha frente e escolhi que afinal queria vir ser "prostituta" em Portugal.

Apesar de todos os avanços, de todas as conquistas - importantes - dos últimos tempos, a sociedade ainda "prostitui" a mulher - mesmo ela não sendo conhecida como prostituta. A sociedade faz da mulher um objeto, um produto, estabelece valores para essa mulher. Vemos isso por todo o lado: seja na publicidade ou até mesmo no comportamento das pessoas, inclusive até no comportamento de algumas mulheres, que não têm outra alternativa a não ser o de se limitar ou seguir tais padrões estabelecidos.

Começando por um exemplo que para alguns pode parecer banal, quantas e quantas vezes, num quarto com um cliente, ele não me disse que procurava acompanhante porque a mulher dele estava velha, que queria trocar a esposa de 60 por 3 de 20? Quantos anos ele tem? Também 60, ou bem mais. Ele pode envelhecer, mas ela… não, ela não pode. Ele pode ser feio, careca - haha, isso só ele pode, mas entendam, não é uma crítica, porque eu particularmente até acho um charme um homem careca - barrigudo, mas ela não pode. A mulher começa a ser desvalorizada quando ela não tem aquela imagem de propaganda.

Estou falando apenas num aspecto geral. Sei que há pessoas e pessoas e que - para o bem da Humanidade - há aquelas que, felizmente, não são assim.

Numa sociedade em que vivemos hoje, que apela pela imagem da mulher, que apela pelo sexo, que apela para que esta mulher possa valer enquanto imagem, que reduz o valor da mulher, é relativamente fácil se tornar prostituta. Basta uma decisão, um número de tele móvel e um anúncio (e mesmo se tiver que ser assim, por favor, pelo menos não esqueçam da caixa de preservativos). O resto, claro, é o que é mais difícil. Entretanto, não ceder - ou não ceder apenas em função daquilo que pode parecer hipoteticamente uma solução mais fácil - que faz dela mais corajosa.

A mulher não é prostituída apenas porque pratica a prostituição. Ou os casamentos arranjados, apenas porque foi imposta a monogamia, não foram também uma forma de prostituir a mulher?

Não é prostituta apenas aquela que atende clientes e faz disso a sua fonte de renda principal. Qualquer pessoa, independente de ser homem ou mulher, que está com outra em função de algum objetivo ou vantagem, e não pela troca que há entre eles de sentimentos ou sensações, é também prostituta(o).

Não fui corajosa apenas e simplesmente pelo fato de ter vindo para ser prostituta. Fui corajosa

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