Fichamento “CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”, DE ROQUE DE BARROS LARAIA

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SAULO CRISTIAN LIMA DE SOUZA

STELA MELO CAFFARO

FICHAMENTO DE TEXTO

“CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”, DE ROQUE DE BARROS LARAIA

PRIMEIRA PARTE

Trabalho apresentado à disciplina de Antropologia do curso de Medicina da Universidade Federal de Alfenas, campus Alfenas.

Docente: Dr. Verlan Valle Garpar Neto

ALFENAS, MG

30/03/2015

LARAIA, Roque de Barros. Apresentação+Primeira Parte: Da natureza da cultura ou da natureza à cultura, p. 7-29. In: Cultura: um conceito antropológico. 23ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

FICHAMENTO

OBJETIVO DO AUTOR

O tema central do texto consiste na discussão a respeito do conceito antropológico de cultura, pretendendo conceber uma abordagem introdutória sobre tema. E assim, o autor intenta prover material bibliográfico de apoio às demandas das disciplinas iniciais dos cursos de graduação em Antropologia e demais ciências sociais.

HIPÓTESE PRINCIPAL

A hipótese do autor está sintetizada no enunciado expresso pelo pensador e filósofo chinês Confúcio: “A natureza dos homens é a mesma, são seus hábitos que os mantêm separados”. Assim sendo, o homem é um ser predominantemente cultural, suas diferenças de comportamentos não podem ser elucidadas através das diversidades somatológicas ou mesológicas.

IDEIAS E CONCEITOS TRABALHADOS NO TEXTO        

Para uma exposição didática do tema o autor procurou direta e indiretamente abordar alguns conceitos pertinentes ao assunto. Destacam-se: Endoculturação – processo de assimilação e imitação comportamental envolvidos na aquisição de cultura; Etnocentrismo – como uma conduta comum a qualquer sociedade diante da alteridade; Determinismo Biológico e Geográfico – debatendo sobre a não influência direta de aspectos biogenéticos e de recursos ambientais no processo de apropriação cultural; Cultura – vocábulo derivado da síntese entre os termos “Kultur” e “Civilization”, que hoje se traduz, conforme enunciado por Edward Tylor, no “complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.

METODOLOGIA EMPREGADA

O estudo empregado pelo autor na primeira parte do seu texto constitui-se em revisões de literaturas com a finalidade de atestar a sua hipótese principal. Além disso, ele ainda faz uso de exemplificações e ilustrações em muitos momentos no seu trabalho.

RELAÇÃO DE DIÁLOGO DO AUTOR COM O LEITOR

Conforme exposto pelo próprio Laraia, o texto destina-se ao público que se inicia nesse campo de estudo das ciências sociais. E para isso, ele se limita a não utilizar termos técnicos e desdobramentos avançados para expor o assunto, mas trabalhando a figuração e exemplificação para a fácil compreensão e reflexão do leitor.

RELEVÂNCIA DO ESTUDO PARA A ÁREA DE ATUAÇÃO DO PESQUISADOR E PARA OUTROS CAMPOS DO CONHECIMENTO

Como enfatizado pelo autor, as centenas de definições formuladas a respeito do termo “cultura” ao longo da história mais serviram para estabelecer equívocos e imprecisões do que para ampliar os limites do conceito. Sendo assim, o estudo publicado por Laraia apresenta-se, como na sua concepção, como uma importante ferramenta de orientação para a reformulação conceitual do termo, uma das ocupações primordiais da antropologia moderna.

Além disso, a elucidação do não determinismo biológico e geográfico para a cultura contribui a desconstrução do paradigma do etnocentrismo nas sociedades presente em diversos campos do conhecimento, como geopolítica, história, genética, evolucionismo social, entre outras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS QUE MERECEM ATENÇÃO

Como já exposto, a obra de Laraia traz uma vasta gama de alusões a grandes escritores que abordaram o esse tema, dos clássicos aos contemporâneos. Logo, é interessante destacar algumas referências bibliográficas que merecem uma investigação a parte, como:

- Primite Culture (1871) de Edward Tylor (1832-1917) – O seu trabalho merece uma análise em particular já que busca entender a cultura com um fenômeno natural, ou seja, um processo subordinado a leis naturais, as quais precisam ser compreendidas. Ademais, Tylor elucida questões como: o fenômeno da cultura pode ser categorizado e arranjando com base na evolução? Como isso pode ser feito, tomando o evolucionismo como explicação para a variabilidade cultural?

- O Superorgânico (1917) de Alfred Kroeber (1876-1960) – o qual demonstrou que o homem é um ser predominantemente cultural, a sua evolução orgânica supera as limitações biológicas impostas pela natureza, ou seja, ele adapta-se aos mais diferentes ambientes para constitui-se como humano. Desse modo, é importante destacar o anexo citado pelo Laraia ao final do livro, denominado Uma Experiência Absurda, no qual aborda o conteúdo do artigo de Kroeber que utiliza dois exemplos que ratificam a ideia de cultura como produto essencialmente externo e não um derivado natural e orgânico do ser humano.

RESUMO DO TEXTO

Na primeira parte do livro, é apresentada a perspectiva histórica do conceito de cultura até a aplicação do termo na contemporaneidade.  Dessa forma, o texto aborda a correspondência entre a unidade biológica, a cultura de determinado indivíduo e seu comportamento perante a sociedade.

Primeiramente, o autor expõe diversas concepções construídas ao longo da história entorno do termo cultura. Ele chega a citar pensadores e pesquisadores como Heródoto, Tácito, Marco Polo, Montaigne, entre outros. E assim, a partir de exemplos do cotidiano, já se pode anunciar a não influência das diversidades somatólogicas e mesológicas na determinação cultural de um grupo social.