Gestao De Recursos Humanos
Artigo: Gestao De Recursos Humanos. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: xerif94 • 18/12/2014 • Artigo • 3.262 Palavras (14 Páginas) • 197 Visualizações
Resumo:
O presente artigo procura contribuir para a problematização do conceito de empregabilidade,
nomeadamente através da discussão do seu potencial heurístico para a compreensão
de algumas das dinâmicas do mercado de trabalho em Portugal.
Partindo da revisão de literatura nacional e internacional, discutimos o papel das empresas
na promoção da empregabilidade quer seja através das suas políticas de formação profissional
contínua quer seja através dos modelos de organização do trabalho adoptados.
Palavras‑chave:
Empregabilidade, formação profissional, organização do trabalho e gestão de recursos
humanos.
Almeida, António José (2007). Empregabilidade, contextos de trabalho e funcionamento do
mercado de trabalho em Portugal. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 2, pp. 51‑58
Consultado em [mês, ano] em http://sisifo.fpce.ul.pt
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Introdução
A introdução do conceito de empregabilidade nos
diferentes discursos sobre a organização do mercado
de trabalho tem vindo a pôr em causa a capacidade
dos sistemas de educação e de formação
em dotar os indivíduos das competências desejadas
pelos sistemas económicos. Este enfoque contribui
para ocultar o papel central dos contextos de trabalho
na promoção e/ou manutenção dessa mesma
empregabilidade.
Partindo da realidade empírica portuguesa,
propomo‑nos
discutir o papel dos contextos de
trabalho no desenvolvimento da empregabilidade
dos trabalhadores quer por via da importância
que as empresas atribuem à formação profissional
contínua enquanto instrumento de suporte ao desenvolvimento
e/ou manutenção de competências
quer por via da adopção de formas organizacionais
potenciadoras da auto‑aprendizagem.
Com os resultados obtidos pretendemos demonstrar
a existência de um conjunto de limitações
estruturais que põem em causa a relevância do
conceito de empregabilidade para a caracterização
das lógicas subjacentes ao funcionamento do mercado
de trabalho em Portugal, tendo em conta os
baixos níveis de habilitação escolar da população,
o reduzido investimento das empresas na formação
profissional contínua e o predomínio de formas organizacionais
tayloristas.
Empregabilidade: um conceito
polissémico e multidimensional
Utilizada fundamentalmente como uma “buzzword”
quer no plano da definição de políticas públicas
orientadas pelo primado da individualização
quer no plano dos discursos gestionários adeptos
da desregulamentação dos mercados, em particular
do mercado de trabalho, o termo empregabilidade
tem vindo a ser aceite acriticamente para legitimar
uma visão do mundo ideologicamente centrada nas
concepções neo‑liberais.
A sua disseminação no meio académico, pelo
menos no caso português, parece contagiada pela
carga ideológica que arrasta consigo, sendo poucos
os que procuram problematizar a expressão ao ponto
de a tornar um efectivo conceito científico capaz
de dar conta dos novos fenómenos sociais com base
numa resposta heuristicamente relevante.
Dos trabalhos que a comunidade científica internacional
tem vindo a produzir tendo em vista a
discussão das origens e dimensões do conceito, assumem,
para nós, um carácter estruturante as contribuições
de Bernard Gazier (1990, 1998) e de Ronald
McQuaid e Colin Lindsay (2005). O primeiro autor
propõe‑se
fazer uma radiografia do conceito e, os segundos,
propõem‑se
discutir as aplicações que têm
vindo a ser dadas ao termo empregabilidade, particularmente
ao nível das políticas públicas de emprego.
A genealogia do conceito não parece marcada
por grandes polémicas sendo a sua origem atribuída
aos anglo‑saxónicos
que no início do século
52 sísifo 2 | antónio josé almeida | empregabilidade, contextos de trabalho e funcionamento do mercado…
XX o utilizavam para distinguir a população empregável
da não empregável. A partir deste marco
histórico, o conceito de empregabilidade veio a ser
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