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Introdução ao Conceito de Cultura

Por:   •  15/11/2016  •  Resenha  •  1.488 Palavras (6 Páginas)  •  844 Visualizações

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Aluno: Adiely Fernanda Barbosa
Disciplina: Estudos Culturais
Professora: Cristina Dias da Silvia

Introdução ao conceito de cultura

 O planejamento do programa a primeira instância, teve como objetivo impactar a respeito do termo cultura. Com o texto “Os ritos corporais entre os Nacirema”, juntamente com a primeira parte do livro de Roque Laraia, “Cultura um conceito antropológico” e o texto de Roberto Damatta, deu início a desconstrução da ideia do termo cultura ultrapassando os limites do que se sabe em cima do senso comum, e reconstruindo a partir daí uma visão mais aprofundada em métodos antropológicos. O texto de Damatta, por exemplo, discorre de usos diferentes para um mesmo termo, cultura, em diferentes situações, indagando que nos usos decorrentes, as possibilidades de atualizações de sentido são infinitas.

 Sobre o livro de Laraia, dividido em duas partes tem-se na primeira programação o contraste entre o determinismo biológico e geográfico e o que se define propriamente por cultura. Em que o autor afirma que as diferenças genéticas e biológicas, e as diferenças geográficas não vão indicar as características do comportamento de uma sociedade, diz o autor “a natureza dos homens é a mesma, são seus hábitos que os mantém separados”. Ele utiliza de três exemplos de sociedades estudadas, onde viveram sobre uma mesma condição de ambientes, mas desenvolveram costumes completamente diferentes. Dessa forma, pode-se dizer “que a cultura age seletivamente”, e não é uma causa de seu meio.

  A partir de uma linhagem histórica, o autor utiliza essencialmente dos pensamentos de Edward Tylor primeiramente, e depois Alfred Kroeber. Tylor utiliza de uma definição, que o Laraia apresenta quase que como crucial: “complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e quaisquer outros hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”, demonstrando que o homem, como ser social, tem sua personalidade, sua forma de agir e pensar a partir de como é criado, ou seja, a partir da cultura em que se encontra, que viu e observou e por conta disso aprendeu e repetiu os mesmos gestos. Interessante destacar o papel da fala aqui. O ser humano, sendo o único entre os seres na terra que age através da cultura (o instinto, o biológico é que predomina nos animais), possui um sistema de comunicação complexo, a nossa fala, que possibilita a transmissão desses costumes de forma oral de geração em geração proporcionando a formação de tradições, e por fim, culturas.

 Damatta faz uma interpretação da cultura que complementa a versão de Edward. Este especula a compreensão do termo através de um aspecto geral, onde o comportamento da sociedade é estudada como um todo. Mas é importante notar o ser humano de forma singular dentro da comunidade, e então Damatta coloca em pauta as emoções. A cultura, para ele, demonstra como pessoas que viveram antes da contemporaneidade desempenharam um conjunto de regras que cataloga o mundo, porém ela não determina como cada indivíduo deve se sentir atuando nessas condutas pré-determinadas. Apesar desse regulamento da cultura, as possibilidades de variações e reações nas situações práticas do cotidiano são diversas, sendo que por isso distende-se uma potencialidade para que as sociedades se desenvolvam.

 Seguidamente dá-se a contribuição de Kroeber para a extensão do termo cultura, que ainda acrescenta a ideia de que o ser humano é capaz de criar o seu próprio processo evolutivo, ao “superorgânico”. Segundo ele, o homem supera as suas condições naturais e perpetua a espécie modificando e transformando o mundo em seu habitat da forma que achar melhor. Assim, cada cultura progride de acordo com suas possibilidades e necessidades.

 “A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo”. Esta frase que dá início a segunda parte do livro “Cultura um conceito antropológico”, conservando o desfecho do termo em um só caminho. O autor especula que tal lente, ou seja, os preceitos morais e as atividades que está acostumado a lidar que prescrevem a aparecia do mundo, podem causar um etnocentrismo - a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade. É comum a estranheza entre dois povos, e de fato o homem está propício a considerar seu modo de vida como o mais correto. Mas essa ideia pode causar práticas agressivas, preconceituosas, xenofóbicas e depreciações de outras culturas.

 Porém, a afirmação de que “cultura é uma lente” é tendenciosa quando a antropologia se depara com a cultura na prática, principalmente dentro da globalização, pois precisa lidar com a uma conjuntura de acontecimentos que sucedem sociedades agregadas cada vez mais heterogêneas. Um exemplo disso é a migração japonesa para o Brasil, aonde o imigrante chega com seus próprios preceitos, mas acaba sendo coagido a agir diferentemente do que está habituado por vivenciar em um novo território onde outra cultura é predominante, adquirindo gradualmente com o tempo as características do novo país, e então não estará mais vendo o mundo através de uma só lente.

 Totalizando o livro, o autor fala de uma lógica que segue a cultura, em suas palavras: “Muito do que supomos ser uma ordem inerente da natureza não passa, na verdade, de uma ordenação que é fruto de um procedimento cultural, mas que nada tem a ver com uma ordem objetiva.” Podendo concluir que para se analisar uma pessoa em si, basta averiguar de sua educação.

 Aproveitando desta análise lógica que Laraia faz, pode-se adentrar como contraponto o texto de Clifford Geezt, “O impacto do conceito de cultura sobre o conceito de homem”, que opostamente vê que a cultura e a biologia caminharam juntas pra a existência do Homo sapiens como ele é hoje e ao tentar encontrar o homem no conjunto de seus costumes faz uma pesquisa por meio de, segundo o próprio autor, uma concepção “estratigráfica”, que implica em olhar para as relações entre os fatores biológico, psicológico, social, e cultural. Acarreta o entendimento de que o ser humano possui camadas, cada uma delas com suas regularidades estruturais e funcionais, e para analisá-lo é necessário retirá-las uma por uma.

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