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Lutas sociais e políticas na américa latina

Por:   •  9/12/2021  •  Dissertação  •  3.210 Palavras (13 Páginas)  •  144 Visualizações

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LUTAS SOCIAIS E POLÍTICAS NA AMÉRICA LATINA

Lísia Santos Berti[1]

RESUMO: O presente artigo propõe-se a analisar as lutas sociais e políticas na América Latina e suas determinações, a partir da perspectiva da colonialidade até os acontecimentos políticos contemporâneos. Objetiva-se desenvolver uma reflexão e problematização sobre o contexto histórico dos países da região, utilizando como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica de autores que discorrem sobre esse tema. O desenvolvimento da pesquisa inicia-se pela contextualização das lutas sociopolíticas junto com uma compreensão da origem latina. Por fim, é discutida a importância dos movimentos sociais com ênfase na Revolução Pingüina organizada por estudantes no Chile junto ao engajamento político da população a partir das mudanças no cenário político. Com isso, conclui-se a importância das lutas políticas organizadas por movimentos sociais na construção da identidade latino-americana.

Palavras chave: Colonialidade; Lutas sociopolíticas; Revolução Pingüina; Movimentos sociais.

1 INTRODUÇÃO

        As lutas sociais e políticas realizadas por movimentos populares na América Latina possuem caráter antiliberal e estão em busca de conquista pela transformação da sociedade, o que reflete no perfil dos movimentos sociais no qual são organizados principalmente por operários, estudantes ou por grupos étnicos e raciais. Em geral, “[os] principais agentes são as classes antagônicas” (PETRY, 2008, p. 3).

        Antes de discutirmos as lutas sociopolíticas dentro do campo latino-americano, devemos compreender o que é e como funciona essa região do continente americano que compreende praticamente todos os países da América do Sul, da América Central e um país na América do Norte. Porém não é só a característica geográfica que conecta os países latinos, na verdade, o conceito de América Latina surge em um processo social específico, e representa valores culturais, políticos, históricos, econômicos e étnicos.  

        

2 O QUE É AMÉRICA LATINA?

O termo “América” foi dado pelo cartógrafo Martin Waldseemüller, em 1507, após acreditar ter sido descoberto por Pedro Álvares Cabral, o até então declarado “Novo Mundo”. Após isso, diversos outros autores continuaram a utilizar esse termo até os dias atuais (PAPAVERO, 2018, p. 9). Neste sentido, o conceito é baseado na ideia do “descobrimento”, e o “Novo Mundo” se restringe a um discurso eurocêntrico, que ignora a existência dos povos que ali habitavam antes da colonização. “A América nunca foi um continente que houvesse que descobrir, e sim uma invenção forjada durante o processo da história colonial européia e da consolidação e expansão das idéias e instituições ocidentais” (MIGNOLO, 2007, p. 28-29 apud QUENTAL, 2012, p. 54-55).

        Segundo Quijano (2005), a ideia de raça surgiu no continente americano, por conta das diferenças notadas pelos colonizadores em relação aos povos dominados por eles; as relações estabelecidas pelos colonizadores produziu novas identidades sociais (negros, indios, latinos e outras), e o termo “europeu”, antes utilizado para identificar a posição geográfica, adquire caráter racial. Estas identidades, passam a configurar relações de poder hierárquico, estabelecendo diferentes raças, utilizadas como mecanismo de classificação social. Além disso, Quijano (2005) entende que com o sistema capitalista as identidades raciais passam a ser estabelecidas em função do capital com o trabalho assalariado. Dessa forma, a classificação racial define qual lugar determinado grupo passa a ocupar na sociedade; grupos indigenas, negros, latinos, continuam em posição de servidão, já os brancos, em posições dominantes.

        Para compreender-se melhor como ocorre a classificação social, étnica e racial é necessário analisar o contexto histórico colonial da América Latina.

3 COLONIALIDADE

A “colonialidade” foi um termo inicialmente utilizado pelo autor Anibal Quijano no final da década de 80 para explicar o processo histórico das invasões européias especialmente no continente asiático, africano e americano, em que relaciona esse acontecimento com a modernidade (MIGNOLO, 2017).

A posse da América pelos europeus a mais de 500 anos atrás, contribuiu para o desenvolvimento do sistema capitalista, o qual deu início a um processo de globalização e formação do mundo moderno. No início do século XVI, surge um novo modo de sistema comercial que conectou o Mediterraneo com o Atlântico, e estabeleceu uma ligação mundial entre todos os espaços comerciais (MIGNOLO, 2003 apud QUENTAL, 2012, p. 56-57). Assim, sem a ocupação das terras americanas, na qual os europeus criaram o “sistema plantation”, utilizando a mão de obra escrava para o cultivo de café, açúcar, milho e outras especiarias, a Europa não conseguiria centralizar e estabelecer um poder mundial (PORTO-GONÇALVES, 2003 apud QUENTAL, 2012, p. 58).

Para o filósofo político Franz Fanon (1965), o processo colonialista é entendido a partir da inferiorização imposta pelos colonizadores, que acaba sendo reproduzida na identidade e cultura dos povos colonizados, pois “não é possível submeter à servidão aos homens sem inferiorizá-los parte por parte.” (FANON, 1965, p. 48 apud QUENTAL, 2012, p. 58). Logo, para superar a colonialidade é necessário entender que ela está ligada com o surgimento do mundo moderno e que esse processo justificou a escravidão e a exploração de terras com a ideia de progresso econômico capitalista (SILVA R.; CAOVILLA, 2018, p. 132). Para superar isso, grupos marginalizados formaram movimentos sociais em busca da conquista por direitos.

4 LUTAS SOCIAIS E POLÍTICAS

        

Neste tópico, será analisado o contexto político e econômico na América Latina a partir do século XIX até os dias atuais. Após isso, discute-se as lutas sociais e políticas dentro dos movimentos sociais, utilizando de exemplo modelo a Revolução Pinguina no Chile.

4.1 Contexto político e econômico dos países latinos

As autoras Silva R. e Caovilla (2018) explicam que aos poucos, os exploradores, descendentes de europeus, tornam-se nativos, e seus ideais passam a não ser os mesmos de seus países de origem. Por conta disso, no começo do século XIX, iniciam as lutas pela independência. A partir daí, formam-se os Estados que obedecem aos interesses da classe dominante descendentes de europeus, o que provoca desigualdades sociais e econômicas, até mesmo no sistema judiciário, que enquanto herança da colonização, serve de instrumento para discriminar e marginalizar a população negra e indigena. Assim, o colonizador conseguiu impor um sistema jurídico que manteve as relações de exploração (SILVA R.; CAOVILLA, 2018, p. 134).

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