Manifestações Contra Golpe 2016
Por: priscilla.prnp • 7/11/2016 • Trabalho acadêmico • 1.653 Palavras (7 Páginas) • 259 Visualizações
O que o povo diz:
Relatos de manifestantes que foram as ruas a favor do atual governo e contra o golpe
Priscilla Rackel Nunes Pereira*
Este trabalho pretende fazer uma abordagem sobre a política atual no Brasil. Destacando o histórico do pais tendo como contraponto as opiniões de manifestantes que foram as ruas a favor do governo. As pessoas citadas aparecem com nomes fictícios. Ao final farei uma breve conclusão
Estamos em um momento de grande efervescência no meio político brasileiro, fala-se em crise política, crise econômica e escândalos de corrupção política. Diante dessa atual conjuntura do país, o povo vai as ruas se manifestar, seja contra ou a favor do governo. Em Brasília os políticos que vão de contra ao governo querem o impeachment da atual presidente alegando crime de responsabilidade dentre outros. E isso nada mais é que um jogo de interesses, além de um insulto a democracia já que a eleição é nossa maneira legítima de escolher nossos representantes. Além de escolherem outro representante sem a atuação do povo.
Antes de tudo é preciso falar um pouco da história do país para entendermos ao que chegamos hoje. Tomo por início a obra de Caio Prado Junior “História Econômica do Brasil”. Prado Jr faz em sua obra um levantamento histórico e geográfico afim de entender a economia brasileira, seus acertos e fracassos. Porém destaco a maneira como tudo começou, pois, o autor deixa claro a falta de interesse de Portugal para com o Brasil depois da descoberta já que nas primeiras explorações não havia o que extrair. Após alguns anos é que se deu a exploração do pau brasil e o crescimento da agricultura com a cana-de-açúcar.
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*Graduanda do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão-UFMA
Além disso posteriormente a troca de mão de obra escrava do índio pelo negro. Encaro esses pontos como um jogo econômico de interesses pois, Portugal, assim como toda a população europeia, se encontrava frágil sofrendo com doenças e guerras na época.
Esta é uma referência válida principalmente no que compete ao que posso chamar de “a construção do brasileiro” diante dessas três culturas que juntas nos moldam. As heranças deixadas no decorrer da história, tanto no jeito de ser como no modo de agir, traçam nossa identidade. Sergio Buarque de Holanda na obra “Raízes do Brasil” faz um panorama da transição do modo rural para o urbano no século XX no país, destacando desde Portugal e Espanha (fronteira europeia) até a chegada dos novos tempos. No decorrer da obra o autor faz referências importantes quanto a características herdadas seja do negro, do índio ou do europeu, destaco aqui quanto ao comodismo. Segundo ele, tanto em Portugal quanto na Espanha, o regime feudal nunca foi tão rígido, exatamente por isso, não foi necessário promover uma revolução como as que ocorreram na França e na Inglaterra. O Brasil como herdeiro dessa cultura, apresenta uma acomodação desses regimes, promovendo uma transição suave, sem ruptura. A característica mais marcante dessa acomodação pode ser exemplificada pela figura do “Homem Cordial”. Lembrando que a cordialidade não tem relação com modo cortês e sim se cristaliza pelo trato maleável que o brasileiro costuma se relacionar no seu dia-a-dia. Podendo ser compreendido pelo famoso “jeitinho brasileiro”, pela situação corriqueira de uma pessoa que vendo uma gigantesca fila bancária, logo se apressa em procurar um conhecido que esteja mais próximo do caixa, com o objetivo de agilizar sua vida, não sendo capaz de perceber que acaba por prejudicar outras pessoas.
Traçadas essas breves características volto para este momento da política no Brasil, pois o “jeitinho brasileiro”, a comodismo, a alienação e a fácil manipulação estão sendo usados contra o eleitorado. Sendo assim, acompanhei uma das manifestações que está a favor do governo e contra o golpe. Mas por que golpe? Estamos em um sistema democrático, desse modo todos os representantes políticos do legislativo e do executivo são escolhidos pela população através do voto. O golpe interrompe esse processo. O Brasil passou por dois momentos de golpe de estado, em 64 e depois em 68, a chamada ditadura militar. A principal lembrança da ditadura é o forte uso da violência, assim fazendo uma política do medo. Paulo Eduardo Arantes em “1964, O ano que não terminou” discute sobre a ruptura causada no Brasil com o golpe de 1964, dialogando com os outros textos do livro chamado “ O que restou da ditadura”. Ele diz que ao fazer com que a violência seja uma política de Estado, que o desaparecimento político se torne uma prática, que a tortura seja instaurada, que os empresários deem dinheiro para a repressão, ou seja, ao se negar uma série de direitos como algo rotineiro, se causou uma ruptura no país que vinha sendo construído, e esta ruptura perdura até hoje. O que resta da ditadura não seriam somente as contas a pagar, a impunidade como uma delas, mas principalmente o governo pelo medo instaurado com o golpe de 1964 e que perdura ainda hoje com a questão da segurança e a normalização da violência política.
Temos muitos motivos para não apoiar um possível golpe. Pois este vai contra tudo que já foi conquistado para que hoje nós tivéssemos o poder do voto. Mesmo com todos as manobras políticas e todo o esquema de corrupção que mancha a imagem do país, o fato de ir as ruas consciente do porque está lá, exercer o seu direito como cidadão e se manifestar contra o um possível governo em que o povo não terá voz, é louvável. Este é um ponto importante pois, a maioria dos manifestantes falaram sobre a corrupção. Não só a corrupção na política, mas a corrupção do dia-a-dia. Pequenas manobras feitas para facilitar nossas vidas, que por vezes é feito sem ter noção disso. A indignação dos manifestantes é maior quando é apontado falhas na política, quanto que em suas casas algumas pessoas praticam atos corruptos. A Alice que é universitária diz que “talvez a corrupção só acabe se essa abordagem for feita nas escolas, pois a política que temos agora reflete um pouco do que somos. Se as pessoas deixarem de ser corruptas no dia-a-dia, não teremos corrupção no país, independente do ambiente”. Esse relato nos faz pensar tanto na política quanto na educação, e é importante frisar que pouco se investe em educação.
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