Moradia, violência, lazer e entretenimento

Curso de Extensão Cidade e Sociologia, CECIERJ, 2º sem. 2015

Novembro/2015

Luana dos Santos Ferreira

Tarefa 2: Moradia, violência, lazer e entretenimento

O texto escolhido de Telma Bittencourt Bassetti Santos e Maria Jaqueline Elicher trata do Turismo e produção do Espaço na cidade do Rio de Janeiro. Os eixos juventude, cultura e cidade são articulados a luz da teoria de Henri Lefebvre sobre relações sociais no espaço urbano.  O estudo faz uma relação entre a juventude, o entretenimento e a sociedade de consumo, uma das causas do aumento das desigualdades sociais. Existe uma estreita relação entre o espaço urbano e a cultura,  pois não há como existir cultura sem um território ou grupo social. A juventude constitui um grupo social com modos próprios de convivência e entendimento atribuídos a esse espaço. A juventude hoje é vista como um público consumidor em potencial e agente transformador das estruturas políticas e sociais. Estudos comprovam parte do consumo cultural do jovem está atrelado ao entretenimento.

Uma estratégia econômica de muitos espaços urbanos é fazer do turismo um entretenimento de apelo cultural voltado para o desenvolvimento econômico. Locais turísticos são considerados patrimônios culturais justificando a criação de espaços para usos específicos.  Esta produção de espaços desiguais é uma reprodução do sistema de mercado. Neste sentido, o texto considera que esta forma de lazer vinculado ao turismo como forma de empreendimento limita o cidadão ao direito a cidade, restringindo-o capacidade individual de consumo.  Segundo Lefebvre os lazeres que precederam o capitalismo eram as boas e velhas distrações, os divertimentos e as atrações artísticas, as festas tradicionais, as danças e os bailes de máscaras (Santos apud Lefebvre, 1977, p. 246). O autor faz críticas ao comércio da cultura e do lazer comparando-o a (re) produção das relações sociais de produção pois desta forma se cobra o “tempo livre.”  “Na lógica do autor, o capitalismo transformou os elementos da sociedade (a cultura, os lazeres, o conhecimento, o cotidiano) apropriando-os para o seu uso.

O capitalismo não subordinou apenas a si próprio, setores exteriores e anteriores, mas produziu setores novos transformando o que existia, remanejando as organizações e as instituições correspondentes. É o que se passa, na perspectiva de Lefebvre (1977), com a arte, com o saber, com os lazeres, com a realidade urbana e com a realidade cotidiana.” Santos, 2013.  De acordo com o Ministério do Turismo cerca de 20% dos turistas são jovens até os 30 anos. Mas o turismo oferece um percentual bem maior quando se trata de emprego. Tratado muitas vezes como indústria pelas suas relações de trabalho e comercialização de espaço, muitos autores acreditam que os trabalhados recebem salários abaixo do mercado. A maioria dos trabalhadores formais e informais do setor é jovem do sexo masculino com baixa escolaridade e trabalham mais de 12 horas por dia. (IBGE, 2010) indicando que existe uma exploração dos meios de trabalho.

Diante deste cenário, o turismo é visto como mal que desarticula o espaço, promove a desigualdade que gera a violência.  Entretanto, esta forma de entretenimento não pode ser vista como o único ou principal entrave na alocação do espaço. Existem vários outros fatores sociais que influenciam no contexto que não são tratados aqui.  Uma característica que ajuda a definir a atividade turística diz respeito ao conflito entre vida cotidiana e turismo nos lugares onde o turismo se realiza. Tudo depende do enfoque que se dá ao tema: para o turista, interessa o atendimento de suas necessidades imediatas relacionadas ao consumo e para o residente, mais importante é a manutenção da vida cotidiana (SANTOS, 2004).