NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE SOCIABILIDADES HOMMOSSEXUAIS NO INTERIOR DAPARAÍBA
Monografias: NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE SOCIABILIDADES HOMMOSSEXUAIS NO INTERIOR DAPARAÍBA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: WalNascimento • 24/8/2013 • 3.643 Palavras (15 Páginas) • 700 Visualizações
Notas etnográficas sobre sociabilidades homossexuais no interior da Paraíba
Walkiria do Nascimento
Estudante de Graduação em Antropologia/ Bacharelado
Universidade Federal da Paraíba. wal.kirianascimento@hotmail.com
RESUMO
Esse trabalho apresenta resultados preliminares de pesquisas de campo realizadas para o Programa de Extensão “Diversidade Sexual e Direitos Humanos na Paraíba” (Edital Proext 2011), cujo objetivo foi promover ações políticas e estéticas que articulassem universidade e pautas do movimento LGBT. Assim, foi realizado um mapeamento dos espaços de sociabilidade LGBT, em João Pessoa e na cidade de Rio Tinto, litoral norte do estado, para que pudessem, posteriormente, ser realizadas performances e eventos relativos a esta temática. Em Rio Tinto, a Praça João Pessoa, localizada no centro desta pequena cidade, mostrou-se como um ponto estratégico para observar a dinâmica das redes de relações e de lazer LGBT. Neste local ocorre, semanalmente, a “Quinta Universitária”, ocasião de intensa circulação de estudantes e espaço de trocas, sexuais e simbólicas, entre os participantes. Foi possível observar que, nos últimos anos, houve uma certa abertura para a sociabilidade do público LGBT na cidade devido à implantação do campus IV da Universidade Federal da Paraíba, embora essas práticas dissidentes ainda sejam restritas a determinados espaços, permeados, ao mesmo tempo, por segregações e focos de resistência.
Palavras-chave: Homossexualidade; Sociabilidade; Cidade; Política.
INTRODUÇÃO
A cidade de Rio Tinto esta localizada no litoral norte no estado da Paraíba, está aproximadamente 60 km de distância de sua capital, João Pessoa. Foi fundada entre os anos de 1917 e 1924 por uma família sueca que pretendia implantar seus negócios na cidade. Dessa forma, a partir de 1920 essa cidade tem sua história marcada pela implantação da Companhia de Tecidos Rio Tinto (CTRT). De acordo com Palitot (2005) por muitos anos a economia da região ficou centralizada na Companhia de Tecidos Rio Tinto
Durante muitas décadas a economia da região esteve centralizada na dinâmica da Companhia de Tecidos Rio Tinto (CTRT), que contratava inúmeros trabalhadores índios e não-índios em suas fábricas e criava um mercado consumidor para a produção agrícola e pesqueira. (PALITOT, 2005, p. 4).
Com a inauguração da fábrica, em 1924, a cidade se desenvolveu bastante devido a construção de uma vila operária, e principalmente, pela vinda de famílias de vários estados e países que se viram atraídas pela moradia cedida e pela possibilidade de trabalho na fábrica. Além da vila, foram construídos escolas, cinema, uma monumental igreja localizada na Praça Pública, chalés e casarões para os chefes residirem. Toda essa estrutura foi planejada e controlada pela família sueca Lundgren que tiveram forte influência nessa cidade. Essa influência se dava em todos os aspectos, políticos, econômicos e sociais; assim formou-se uma sociedade totalmente aristocrática e dotada de preconceitos. Além de possibilitar empregos às famílias locais, o coronel Frederico Lundgren prezava bastante a família patriarcal tradicional. Assim, foi imposto esse modelo de família baseado na própria família Lundgren. Após o declínio da família e falência da fábrica, essa mentalidade ainda persistiu na sociedade Rio Tintense. Essa pesquisa traz um pouco de como essa mentalidade é vista nos dias atuais.
Outro marco na história da cidade é a instalação do campus IV da Universidade Federal da Paraíba. A partir desse acontecimento, a cidade tem proporcionado novas dinâmicas a sua população, como também, vêem fomentando o desenvolvimento de alguns setores, principalmente o econômico. Um bom exemplo disso é o valor do aluguel das casas pago pelos estudantes universitários vindos de outras cidades, estados e países, que gera nova renda monetária para a população local.
Esta pesquisa apresenta resultados preliminares de pesquisa de campo para o Programa de Extensão “Diversidade sexual e Direitos Humanos na Paraíba, cujo objetivo foi promover ações políticas e estéticas que articulassem universidades e pautas do movimento LGBT. Aqui se pretende analisar a sociabilidade dos jovens homossexuais numa área no centro da cidade de Rio Tinto/PB. Para essa análise foi necessário fazer um mapeamento dos espaços mais frequentados por esse público, ao concluir o mapeamento, evidenciou-se que o ponto estratégico é a Praça João Pessoa, essa que é o local de encontros, dinâmicas e lazer da cidade.
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Para a realização desta pesquisa foi preciso um mapeamento dos espaços de sociabilidade LGBT. Para isto, recorreu-se as técnicas antropológicas de “observação participante”, sendo esta um método relevante na pesquisa etnográfica. Como afirma Oliveira (2006) é no período de observação em que se tem a oportunidade de perceber em cada sujeito estudado a diversidade de forma de agir, gesticular e se comportar, dessa maneira, obtêm-se as informações necessárias que facilitam nos momentos seguintes, de interação, participação e diálogo com os pesquisados. Nas idas a campo e após as conversas informais foi possível compreender a maneira que a homossexualidade vem sendo vista e vivenciada por gays e simpatizantes na cidade de Rio Tinto, como também, promover atividades sociais que acarretem a presença dessa minoria, visto que, um dos principais motivos para a exclusão desses jovens homossexuais, é a falta de eventos que reúnam um público diversificado.
Pode-se dizer que através do fazer etnográfico é possível entrar em contato com esse público e trazer reflexões sobre suas realidades percebendo em cada um suas peculiaridades. De acordo com Geertz (2002) “o que o etnógrafo deve fazer é ir a lugares, voltar de lá com informações sobre como as pessoas vivem e tornar essas informações disponíveis à comunidade especializada, de uma forma prática...”. Dessa forma, é através do contato com o objeto e da pesquisa etnográfica que se podem esclarecer seus direitos enquanto cidadãos, e de certa forma, contribuir para o enfraquecimento do preconceito.
A partir das idas a campo, das entrevistas e conversas informais, foi feito divulgações de eventos voltados ao público LGBT, eventos estes que se realizaram na cidade de Rio Tinto e João Pessoa. Em Rio Tinto foi realizada performances que visaram a conscientização
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