O Capitalismo - Segundo Karl Marx
Trabalho Universitário: O Capitalismo - Segundo Karl Marx. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lilao10 • 10/10/2013 • 1.894 Palavras (8 Páginas) • 1.669 Visualizações
APRESENTAÇÃO
Em 1867, vinha à luz, na Alemanha, a primeira parte de uma
obra intitulada O Capital. Karl Marx, o autor, viveu, então, um momento
de plena euforia, raro em sua atribulada existência. Durante
quase vinte anos, penara duramente a fim de chegar a este momento
— o de apresentar ao público, conquanto de maneira ainda parcial, o
resultado de suas investigações no campo da Economia Política.
Não se tratava, contudo, de autor estreante. À beira dos cinqüenta
anos, já imprimira o nome no frontispício de livros suficientes para
lhe assegurar destacado lugar na história do pensamento. Àquela altura,
sua produção intelectual abrangia trabalhos de Filosofia, Teoria
Social, Historiografia e também Economia Política. Quem já publicara
Miséria da Filosofia, Manifesto do Partido Comunista, A Luta de Classes
em França, O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte e Para a Crítica
da Economia Política — podia avaliar com justificada sobranceria o
próprio currículo. No entanto, Marx afirmava que, até então, apenas
escrevera bagatelas. Sentia-se, por isso, autor estreante e, demais, aliviado
de um fardo que lhe vinha exaurindo as forças. Também os
amigos e companheiros, sobretudo Engels, exultavam com a publicação,
pois se satisfazia afinal a expectativa tantas vezes adiada. Na verdade,
pouquíssimos livros desta envergadura nasceram em condições tão difíceis.
1. Do liberalismo Burguês ao Comunismo
Este homem, que vivia um intervalo de consciência pacificada e
iluminação subjetiva em meio a combates políticos, perseguições e decepções,
nascera em 1818, em Trier (Trevès, à francesa), sul da Alemanha.
Duas circunstâncias lhe marcaram a origem e a primeira educação.
Trier localiza-se na Renânia, então província da Prússia, limítrofe
da França e, por isso, incisivamente influenciada pela Revolução Francesa.
Ao contrário da maior parte da Alemanha, dividida em numerosos
Estados, os camponeses renanos haviam sido emancipados da servidão
da gleba, e das antigas instituições feudais não restava muita coisa
na província. Firmavam-se nela núcleos da moderna indústria fabril
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em torno da qual se polarizavam as duas novas classes da sociedade
capitalista: o proletariado e a burguesia. A esta primeira e poderosa
circunstância social se vinculava uma outra. As idéias do iluminismo
francês contavam com muitos adeptos nas camadas cultas da Renânia.
O pai de Marx — tal a segunda circunstância existencial — era um
desses adeptos.
A família Marx pertencia à classe média de origem judaica. Hirschel
Marx fizera brilhante carreira de jurista e chegara a Conselheiro
da Justiça. A ascensão à magistratura obrigara-o a submeter-se a imposições
legais de caráter anti-semita. Em 1824, quando o filho Karl
tinha seis anos, Hirschel converteu a família ao cristianismo e adotou
o nome mais germânico de Heinrich. Para um homem que professava
o deísmo desvinculado de toda crença ritualizada, o ato de conversão
não fez mais do que sancionar a integração no ambiente intelectual
dominado pelo laicismo. Karl, que perdeu o pai aos vinte anos, em
1838, recebeu dele orientação formadora vigorosa, da qual guardaria
recordação sempre grata.
Durante o curso de Direito, iniciado na Universidade de Bonn e
prosseguido na de Berlim, o estudante Karl encontrou um ambiente
de grande vivacidade cultural e política. O supremo mentor ideológico
era Hegel, mas uma parte dos seus seguidores — os Jovens Hegelianos
— interpretava a doutrina no sentido do liberalismo e do regime constitucional
democrático, podando os fortes aspectos conservadores do
sistema do mestre, em especial sua exaltação do Estado. Marx fez a
iniciação filosófica e política com os Jovens Hegelianos, o que o levou
ao estudo preferencial da filosofia clássica alemã e da filosofia em
geral. Esta formação filosófica teve influência espiritual duradoura e
firmou um dos eixos de sua produção intelectual.
Se foi hegeliano, o que é inegável, nunca chegou a sê-lo de maneira
estrita. Não só já encontrou a escola hegeliana numa fase de cisão
adiantada, como ao seu espírito inquieto e inclinado a idéias anticonservadoras,
na atmosfera opressiva da monarquia absolutista prussiana,
o sistema do mestre consagrado devia parecer uma camisa-de-força.
Em carta ao pai, já em 1837, escrevia: “a partir do idealismo (...) fui
levado a procurar a Idéia na própria realidade (...)”. A esse respeito,
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