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O Confronto de Fundamentalismo. Cruzadas Jihads e modernidades

Por:   •  9/6/2017  •  Resenha  •  1.595 Palavras (7 Páginas)  •  394 Visualizações

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    Ali, Tariq. O Confronto de Fundamentalismo. Cruzadas Jihads e modernidades, Trad. Alves Calado - Rio de Janeiro: Recorde, 2002.Cap. 20: pp. 402-418.

             Tariq Ali nasceu em 21 de outubro de 1943 em Lahore (então, parte da Índia colonial), atual Paquistão, no seio de uma família mulçumana prospera e politicamente poderosa que rompeu com a referida religião aderindo assim ao Partido Comunista Indiano. Enquanto estudava na Universidade do Punjad, e devido aos seus contatos com movimentos estudantis radicais e temendo por sua segurança, seus pais o enviaram a Inglaterra. Estudou ciências políticas e filosofia em Oxford, foi o primeiro paquistanês a ser eleito presidente do diretório central dos estudantes da Universidade Inglesa.

O autor ganhou a mídia e notoriedade durante a Guerra do Vietnã, quando se colocou contra as ações de política externa dos Estados Unidos e Israel. É conhecido como um dos intelectuais de esquerda mais crítico da contemporaneidade, especialista em política internacional e tem se destacado com análises sobre o Oriente Médio e a América Latina.

             

            Escritor, historiador, jornalista, cineasta e ativista político, atualmente vive em Londres e escreve para uma serie de publicações internacionais como The Guardian, The Nation e The London Review of Books, também é um dos editores da New Left Review, além de várias novelas ficcionais. Autor de obras sobre a história mundial e política, romances e roteiros para teatro e cinema, publicou pela editora Record Piratas do Caribe, Confronto de Fundamentalismo, Bush na Babilônia, Medo de Espelhos, Redenção, e o quinteto islâmico: Sombra da Romãzeira, O livro de Saladino, Mulher de Pedra, Um Sultão em Palermo e A noite da Borboleta.

Crítico das políticas econômicas neoliberais recentemente Ali escreveu um artigo sobre os “Tumultos em Londres em 2011” os quais ocorreram, segundo sua análise, devido ao sistema neoliberal com pilares instáveis que vem sendo praticado pelos sucessivos governos britânicos, incluindo o atual por vários anos.

             

            “O Confronto de Fundamentalismo” aqui resenhado foi publicado em 2002 quando o Iraque era um inimigo anunciado após a intervenção militar no Afeganistão, de autoria do escritor paquistanês Tariq Ali a obra tem o número total de 480 páginas, onde iremos nos remeter apenas ao capitulo 20, intitulado "Surpresa de Setembro" que tem por finalidade expor sobre um novo olhar os acontecimentos de 11 de Setembro nos Estados Unidos. Um relato que mistura história e política, o paquistanês Tariq Ali analisa as consequências dos ataques a Nova York e ao Pentágono. Disserta sobre o choque entre o islamismo e o imperialismo norte-americano e lista as representações do fato histórico que definiu o início do século XXI.

             

           O autor disseca as consequências do choque de fundamentalismo entre o ocidente e oriente e suas respectivas características como o uso do poder militar desproporcional de um lado e um fanatismo cuidadosamente arraigado por seu oposto. E mostra principalmente como essa “Surpresa de Setembro” mudou a maneira de o ocidente enxergar o oriente, os atentados de 11 de setembro mudaram a dinâmica das organizações terroristas. Ali explica e traz luz aos conflitos, as religiões e explora as relações históricas, políticas e culturais dos Estados Unidos, desenvolvendo seus argumentos por uma visão não americana, desmitificando a abordagem midiática do atentado e dando um novo direcionamento aos reais motivos do ataque que chocou o mundo. Traz um apêndice sobre a guerra entre israelenses e árabes e explica por que tantas pessoas em partes não se comoveram com o que aconteceu nos Estados Unidos e porque tantos comemoraram.

             

            Devemos considerar ainda, as críticas trazidas pelo próprio autor no início do texto, onde são refutados a relevância atribuída aos atentados em diferentes contextos históricos. O autor ainda a qualifica de “obscena” quanto á apresentação apelativa e sua importância pessoal aludidas pelos meios de comunicação, aceitar a morte de 20.000 pessoas por Putin quando arrasou Grozny comparando a morte de apenas 4.000 pessoas nos Estados Unidos, faz uma análise do alcance de significado em pesos desiguais.  Traz ainda outras críticas em razão do ódio americano nutrido contra os responsáveis pelo ataque.

Apresenta ao leitor suas proposições sobre o fundamentalismo americano e sua necessidade de um inimigo para manter um império, de forma que 11 de Setembro teria representado a materialização de algo previamente anunciado, o qual seria responsável portanto por sua ocorrência. Ali acompanha os antecedentes dos ataques, enquanto questiona a cultura conformista do nosso tempo, mostrando-nos como a “guerra contra o terror” é um choque de fundamentalismos: o religioso versus o imperial.

             

        Levanta alguns questionamentos sobre as efetivas mudanças na política mundial após o atentado, abordando a visibilidade da violência cotidiana em outras partes do mundo por parte da mídia, ressaltando também o imperialismo americano como algo já apresentado para a maior parte do mundo e busca mostrar que uma nação colhe o que planta.  

Assim por conta de sua riqueza e poder sem contar as discrepâncias da atual política externa americana, que isola cada vez mais os países islâmicos em prol de questões israelenses, na opinião do autor os Estados Unidos sempre serão alvo de retaliações.

        A leitura é instigante e explica as formações das diversas facções dentro do islamismo, as raízes do wahhabismo que até hoje domina a sociedade na Arábia Saudita, o sionismo religioso, o apoio dos poderes e das companhias de petróleo a diferentes facções para obter acesso aos poços, a ocupação dos territórios da Cisjordânia e Faixa de Gaza, o nacionalismo árabe, a jirah islâmica contra nacionalistas seculares, a guerra do Iraque, a guerra do Golfo, a tensão entre a Índia e o Paquistão,  a forma desigual com que a mulher é tratada em relação a sua participação na política, assim como seu acesso à educação  e outros fatos históricos que culminaram no fatídico 11 de setembro.

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