O Gênero na categoria metalúrgica
Por: monjjc • 22/1/2018 • Resenha • 3.415 Palavras (14 Páginas) • 122 Visualizações
Experiência do desemprego e as relações de gênero na categoria metalúrgica de Campinas.
Este artigo foi publicado na revista de ciências sociais em 2014 e faz parte da pesquisa de doutorado de Veronica Clemente Ferreira e Ângela Maria Carneiro Araujo, realizada no ano de 2011. O artigo apresenta alguns dos resultados da pesquisa qualitativa, na qual as autoras analisaram as percepções de trabalhadores e trabalhadoras da categoria metalúrgica da região de Campinas sobre o desemprego e as relações de gênero
Objetivo do trabalho
Objetivo deste artigo é refletir a respeito de como o desemprego impacta sobre a trajetória de vida, as relações familiares e os modelos ideais de comportamento das mulheres e dos homens da categoria profissional majoritariamente masculina: a categoria metalúrgica. ( foi entender os vários aspectos da experiência subjetiva do desemprego.)
Publico alvo
Entrevistamos 46 pessoas (10 metalúrgicas e 36 metalúrgicos) recém demitidas e em busca de emprego, quando faziam a homologação da demissão no sindicato que representa a categoria.
Cabe destacar que no momento das entrevistas foi possível analisar as percepções subjetivas dos trabalhadores/as demitidos/as, pois a demissão inicia o período de desemprego e, nesse instante, os/as trabalhadores/as metalúrgicos/as repensam suas trajetórias.
Cada pessoa tem uma história diferente, e passou por experiências distintas ao longo de sua vida. Isso influencia sua forma de lidar com normas, modelos de comportamento e formas de ver o mundo que as sociedades estabelecem.
Aumento das mulheres na categoria
No cenário nacional a participação feminina é grande e crescente. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no ano de 2013 dos mais de dois milhões de trabalhadores do setor no Brasil, pouco mais de 19% são mulheres.
Cabe acrescentar que tem havido um aumento da participação proporcional das mulheres na categoria, o que se deve a diversos fatores.
- Em primeiro lugar, entre 2002 e 2012, na região de Campinas, houve um aumento geral de fábricas de todos os tamanhos no setor metalúrgico. Foram abertas mais de oito empresas de grande porte (mais de 1000 empregados/as), que passaram de cinco para 13 ao longo do período entre 2002 e 2012, sendo duas delas da indústria de material elétrico e comunicação.
- Além disso, na década de 2000, chegaram à região multinacionais de grande e médio porte (a exemplo da Foxconn, da Samsung, e da Dell), onde as mulheres são a maioria do contingente de trabalhadores (chegando a representar mais de 60% em algumas delas e até 90% em outras).
- Houve também um aumento da quantidade de médias empresas (que empregavam entre 250 e 499 trabalhadores/as) – de 13 para 32, e de pequenas (que empregavam de 1 a 99 trabalhadores/as), que
passaram de 1200 para 1773 entre 2002 e 2012) – cujo crescimento está relacionado à intensificação dos processos de terceirização, e que também contratam mulheres.
A contratação sofre influência das oscilações da produção e se dá sob formas flexíveis(contratos por tempo determinado). Tais formas de contratação, aliadas à falta de uma qualificação técnica certificada por cursos profissionalizantes, implicavam, para as trabalhadoras, maior instabilidade nos empregos e maiores dificuldades no momento da procura de emprego nas empresas do setor. Este é um dos aspectos que influem na vivência do desemprego no feminino.
Masculinidade hegemônica, desemprego e empregabilidade.
A autora usa e Connell para tratar a masculinidade hegemônica o autor afirmam que, numa sociedade patriarcal existem várias maneiras de ser homem e de ser mulher.
Entre os homens existe, entretanto, uma performance masculina que ocupa posição hegemônica, isto é posição dominante dos homens na sociedade
O que corresponde da masculinidade hegemônica entre as mulheres é denominada pelos autores feminilidade ressaltada (emphasized). Para os autores, a posição hegemônica de uma determinada performance masculina ou feminina é instável, e pode ser alterada em decorrência de transformações sociais e embates políticos.
Assim, o ingresso de um grande contingente de mulheres no mercado de trabalho brasileiro, sobretudo a partir dos anos 1970, e as lutas das mulheres por seus direitos vêm, lentamente, questionando o ideal hegemônico de masculinidade, o ideal ressaltado de feminilidade e a própria noção do salário feminino como complementar.
Jair
idade 44 anos profissão: caldeireiro. Estado civil: casado há 20 anos Filhos um caasal
trajetória familiar
Nascido em Mato Grosso do Sul, cresceu em uma família pai era o chefe e a mãe era dona de casa. e cuja educação reiterou valores e visões de mundo nos moldes desse ideal Hegemônico
Educação dos filhos Jair replicou em sua própria família o modelo aprendido na casa paterna. Tem um casal de filhos e tinha sido o único responsável pelas despesas da casa, até que o filho mais velho (de 20 anos) começou a trabalhar, há cerca de um ano.
Opinião sobre mulher e mercado d trabalho extradomestico
“A minha esposa não trabalha. Eu não quis que ela trabalhasse. Esposa minha é pra cuidar da minha casa,dos meus filhos.”
Formação profissional
Completara o Ensino Médio e, ao longo de sua trajetória profissional, fizera diversos cursos no Senai (destacando-se os de caldeiraria e de serralheria). Esses cursos, ao lado de sua experiência acumulada (pois trabalhava como caldeireiro desde os 18 anos), lhe permitiam, segundo ele, permanecer no mercado de trabalho.
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