O QUE É SERVIÇO SOCIAL - ANA MARIA ESTEVÃO
Dissertações: O QUE É SERVIÇO SOCIAL - ANA MARIA ESTEVÃO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: DIDIOFLY • 16/8/2014 • 5.074 Palavras (21 Páginas) • 1.973 Visualizações
O QUE É SERVIÇO SOCIAL
ANA MARIA R.ESTEVÃO – COLEÇÃO 111 – PRIMEIROS PASSOS
1º edição 1984 3º Edição brasiliense 1985
INDICE.
- Introdução
-Das damas de caridade a Mary Richmond e a infância do Serviço Social
- O Feijão e o sonho: o Serviço Social descobre a luta de classes
- O sonho acabou e o feijão está caro, o Serviço Social põe os pés no chão
- Do pobre ao cidadão
- Conclusão: Novos horizontes
- Indicações para Leitura
“Entre nós, onde tão penosa função ainda não constitui meio de vida, pode-se acrescentar que a assistente social deve ser rica, bonita e alegre.” Plinio Otinto – 1939
“Nada do que é humano me é estranho.”
A Pedro e Iracy, meus pais, por quem são.
A Júlia e Ivan Ramos Estevão, uma pequena gratificação pelo tempo, porque sim.
Introdução
“Assistente social é aquela moça boazinha que o governo paga para ter dó dos pobres.”
Qualquer definição popular e até algumas definições dadas por profissionais sobre o Serviço Social contêm estes dois elementos: a moça e o pobre. Isto tem uma aparência de verdade, mas apenas aparência.
As origens do Serviço Social estão fincadas na assistência prestada aos pobres, por mulheres piedosas, alguns séculos atrás. De lá para cá, apesar de muita coisa ter mudado, o Serviço Social continuou sendo uma profissão essencialmente feminina, só que as ricas damas de caridade cederam lugar às filhas da classe média ou dos trabalhadores urbanos. Mas, claro que isto não é suficiente para descrever a profissão.
De fato não é fácil descrever o que é o Serviço Social, para que serve o trabalho da assistente social e como ele se realiza.
Fazemos Assistência Social ou Serviço Social? Já se disse que o Serviço Social é “uma ciência”, “uma engenharia social”, “uma arte”.
Alguns Mais irônicos dizem que a assistente social “assiste social”; outros mais sérios disseram que somos “os artífices das relações sociais” ou “os modernos agentes da caridade”. Para os de “esquerda” somos os que põem panos quentes nas feridas do capitalismo. Enfim, tanto leigos como profissionais já deram mil e um palpites e até agora não conseguiu definir o que é Serviço Social. Para se resolver o caso, até se tentou mudar o nome da profissão.
Talvez perguntar o que é Serviço Social não seja a questão certa.
Acho que o melhor seria dizer o que fazem e pensam os assistentes sociais, contando um pouco de sua história, mostrando que o Serviço Social tem pai e mãe e, inclusive, até já se deitou no divã di analista.
O Serviço Social é fruto da união da cidade com a Indústria.
Seu nascimento teve como cenário as inquietudes sociais que surgiram do capitalismo e, como qualquer bom filho, quis possuir a mãe (a cidade) e se identificar com o pai (a indústria).
Na adolescência, negou várias vezes suas origens e hoje pode-se dizer que tem feições próprias, com contornos definidos na luta pela sobrevivência e, identificado com seus pais, chegou para ficar.
E claro que, em sua fase de maturação, mantém todas as ambigüidades inerentes a uma profissão que, buscando comprometer-se com a população à qual presta serviços, é também canal de ligação entre instituições públicas e cidadãos, empregados e patrões.
Daí, a consciência infeliz de muitos assistentes sociais que acreditam na profissão, mas não sabem o que fazer com ela.
Se me disponho a escrever sobre o que é Serviço Social não é só porque pode interessar a muita gente, mas principalmente porque, apesar de tudo, acredito na profissão.
DAS DAMAS DE CARIDADE A MARY RICHMOND E A INFÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL.
Deste que existem pobres, há gente que se preocupe com eles. Mas a partir do surgimento da sociedade capitalista, quando o lucro deixou de ser pecado ou imoralidade, que a preocupação com as “classes despossuídas” e os problemas sociais e políticos que esta população poderia criar, tornou-se uma necessidade de defesa da burguesia recém-chegada ao poder.
Estado e Igreja vão dividir tarefas: o primeiro impõe a paz política (e com toda a violência necessária), a igreja, ou melhor, as Igrejas (Católica e Protestante) ficam com o aspecto social: trata-se de fazer caridade.
A Justificativa é a necessidade de todos praticarem o bem, portanto os ricos precisavam cumprir seus deveres com os pobres. Era uma preocupação com o indivíduo. O Modo pelo qual se pensava resolver os problemas sociais era pela “reforma dos costumes” ou “reforma social” de cada um.
Toda a assistência social nesta época é feita de forma não sistemática, sem qualquer teorização a respeito além de vagas justificativas religiosas e ideológicas.
È a partir da segunda metade do século dezenove que algumas pessoas, como Chalmers na Inglaterra, Ozanam na França e Von der Heydt na Alemanha, praticam uma caridade de caráter assistencial que se constitui como um esboço de técnica e de forma organizada.
Mas o que faziam estas pessoas que era diferente da prática caritativa anterior?
Elas dividiram as paróquias em grupos de vizinhança, designaram ajuda material e fazer trabalho educativo (principalmente dando conselhos).
As Conferências São Vicente de Paulo, em 1833, por exemplo, organizam seu trabalho em torno de visitas e ajudas a domicílio, creches, escolas de reeducação de delinqüentes, cuidados e socorros a refugiados e imigrantes. O que era feito apenas nas paróquias passa a ser feito por toda a cidade.
A princípio organizada em pequenos bairros, a assistência começou a se expandir e procurou conquistar um espaço na cidade inteira.
Até aí a Assistência Social é exercida, em caráter não profissional, como contribuição voluntária daqueles que possuíam bens para aqueles que eram pobres.
Bem, o que
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