Os Mundugumor Habitantes do Rio
Por: odsh • 28/4/2015 • Resenha • 946 Palavras (4 Páginas) • 1.723 Visualizações
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Disciplina: Antropologia da Sexualidade
Resenha Crítica da
Segunda parte - Os Mundugumor Habitantes do Rio do Livro: Sexo e Temperamento (Margaret Mead); Editora Perspectiva; 4ª Edição;São Paulo;2000.
Rafael Martins de Freitas
Recife, 06 de novembro de 2014
O trabalho é essencialmente voltado para a compreensão do leitor de que comportamento sexual está dissociado de temperamento.Traduzindo para termos de nossa sociedade, é preciso que se entenda que uma atividade pode ser considerada feminina ou masculina sem que lhe seja atribuído o temperamento correspondente. Assim, para os Arapesh, por exemplo, atividades como pintura podem ser atribuídas ao homem sem que isso afete aquilo que chamamos de sua masculinidade e atividades como a pesca podem ser atribuídas a mulher sem que sua feminilidade seja afetada.
Margareth chama a atenção, na introdução de seu livro, para o fato de que julgamos absurdo ou hilário que em determinadas culturas eventos biológicos sejam determinantes ao temperamento ou as escolhas de vida de um indivíduo, como, por exemplo, no caso da cultura Mundugumor da Nova Guiné onde são considerados artistas aqueles que nascem laçados pelo cordão umbilical. Contudo, quando avaliamos nossa sociedade, percebemos comportamentos que seguem o mesmo padrão, como por exemplo, a menina vista, quase sempre, como delicada e recatada candidata ao balé ou a outras artes sutis e o menino forte e despojado candidato a trabalhos mais duros e técnicos como a engenharia. Nesse caso não enxergamos a mesma graça nem demonstramos estranheza, embora ambos, tanto o laço pelo cordão umbilical quanto o sexo, sejam condições de nascimento. Ou seja, tentamos ver diferenças e projetamos estranheza quando nosso mesmo hábito é praticado pelo outro.
Para elaboração da resenha crítica escolhi a segunda parte do livro Sexo e Temperamento de Margaret Mead intitulada “Os Mundugumor Habitantes do Rio” por trazer uma perspectiva de uma sociedade diferente da nossa não somente em termos de gênero mas também em termos alimentares uma vez que os Mundugumor, três anos antes da pesquisa de Mead, era canibais e caçadores de cabeça.
Chegando na aldeia Mundugumor Kenakatem na Nova Guiné Margaret faz uma descrição do ambiente composto por uma aldeia ribeirinha ladeada por um rio de águas turbulentas e cercada por mata onde vivia uma parte do povo Mundugumor. Na sequência é apresentado um breve histórico da mudança do ambiente com o gradativo aumento da força do rio que forçou o povo local a se dividir em ribeirinhos e no povo da mata e ainda obrigando os Mundugumor a se adaptar ao novo cenário.
O capítulo se segue com uma apresentação detalhada da forma como a sociedade é estruturada em cordas onde a ligação familiar é dada por indivíduos de sexo oposto, sendo uma corda formada por um pai, suas filhas, os filhos de suas filhas, as filhas dos filhos de suas filha e assim sucessivamente ou por uma mãe, seus filhos, as filhas de seus filhos, os filhos das filhas de seus filhos e assim por diante. Tal configuração familiar parece projetada para gerar tensão entre os pais e os filhos e entre irmãos de mesmo sexo que competem pela posse de suas filhas/irmãs na intenção de trocá-las por esposas. A parte isso a sociedade é poligâmica com o status medido pelo número de esposas que um indivíduo possui. A divisão do trabalho é feita da seguinte forma: indivíduos que nascem laçados pelo cordão umbilical deveram ser artistas escultores embora isso não seja uma obrigatoriedade é uma condição, ou seja, qualquer pessoa sem esse tipo de nascimento falhará miseravelmente em ter talento para a função. Os gêmeos serão pintores. O trabalho artesanal de confecção de redes e cestas é visto com certo preconceito e é realizado por poucas mulheres, a fonte primal para a aquisição destes materiais é o escambo. Os homens em geral são caçadores de cabeça e ritualistas enquanto as mulheres são agricultoras e pescadoras.
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