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Papel Da Universidade Na Sociedade Brasileira: Educação E Pesquisa No Ensino Superior

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Por:   •  31/3/2014  •  1.609 Palavras (7 Páginas)  •  618 Visualizações

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Inicialmente, bom dia a todos. Gostaria de agradecer imensamente a presença de vocês e agradecer

também ao convite que me foi feito pelo CIEE. Acredito que esse tipo de encontro, que, aliás, o

Centro de Integração Empresa Escola sempre se esforça para realizar, contribua no sentido de uma

discussão séria acerca dos problemas sociais e educativos que marcam a sociedade brasileira. Este

esforço, portanto, não pode passar em claro. Bem, o objetivo do encontro desta manhã é discutir o

papel da universidade na sociedade brasileira, como o próprio título da palestra apresenta sem

muitos rodeios. Esse não é, efetivamente, um tema simples, pelo menos não para alguém que há

alguns anos vivencia o dilema das universidades brasileiras de perto, sobretudo no que se refere ao

Ensino Superior Privado. Sou professor universitário há 10 anos e muito cedo iniciei na profissão.

Disso, certamente, decorrem algumas observações críticas em relação à maneira como o ensino

superior se desenvolveu no Brasil, e também à maneira como atualmente está estruturado.

Minha proposta aqui é discutir o papel da universidade a partir de uma suspeita, reforçada ao longo

de minha atuação como docente, a saber, a de que a universidade brasileira não cumpre o objetivo

que deveria cumprir. Os motivos para essa “falta” são variados, mas, apontarei pelo menos três

deles, a saber, (a) o desenvolvimento histórico e social da universidade no Brasil; (b) certa tendência

antropofágica inerente à cultura brasileira (para me utilizar da expressão modernista), que

geralmente retraduz elementos importados a sua maneira, mas que nunca são totalmente

incorporados; (c) por fim, gostaria de ressaltar certa visão mercadológica, que invadiu o espaço

universitário nas últimas décadas, e que acarretou uma série de problemas de ordem prática e ética.

Comecemos, portanto, com a análise histórica do desenvolvimento da universidade brasileira. Antes,

porém, gostaria de me deter um pouco no surgimento da universidade, para depois falar de seu

amadurecimento no Brasil. As primeiras universidades que se têm notícia surgiram no continente

europeu entre os séculos XI e XII. Alguns estudiosos apontam a universidade de Bolonha como a

primeira, e outros a de Paris. Esse é uma discussão vazia. O importante é saber que datam desse

período. A maneira como surgem também não deixa de ser interessante. Algumas resultam de

editos reais, outras de editos papais e há ainda aquelas derivam da reunião de professores,

geralmente de escolas catedráticas, e que decidem fundar uma universidade.

Naquela ocasião a universidade atende um número muito restrito de alunos, quase sempre

derivados da elite da época, isto é, da nobreza ou da burguesia que começava a se constituir.

Ademais, sua estrutura física tinha pouco a ver com as universidades atuais. As aulas não eram

realizadas necessariamente numa sala e a relação entre professor e alunos era certamente mais

orgânica. O papel da universidade era o de exatamente integrar o conhecimento total. O método,

embora rígido, estava calcado no trivium e quadrivium, que desde a antiguidade marcara a

educação. Mas, há algo importante e que merece ser ressaltado: a universidade aparece com um

espaço de produção de conhecimento.

Claro, alguns poderão objetar, essa produção tinha limites. Limites técnicos e mesmo culturais, haja

vista a influência da religiosidade naquele período. De certo, essa influência atravancou o

desenvolvimento da universidade, pelo menos até a modernidade. Mas, a partir do século XVII, a

Europa passa de fato a ter uma produção científica de maior qualidade. Bem, no Brasil o chamado

ensino superior é bem mais tardio. As primeiras faculdades datam do século XIX. A Faculdade de

Medicina de Salvador e a de Direito do Largo São Francisco são exemplos disto. Até aquele instante

não existiam faculdades e, portanto, os filhos das famílias mais abastadas tinham que estudar nas

universidades europeias se desejassem fazer carreira acadêmica. Esse não é um fato irrelevante. São

mais de 800 anos de atraso em relação à Europa. As diferenças são ainda mais gritantes quando se

considera o surgimento da primeira universidade brasileira, a USP, em 1934, isto é, primeira metade

do século XX. Com um caráter elitista, a universidade brasileira, pelo menos tinha algo importante

nas suas raízes, a saber, ela procurou se desenvolver à luz da tradição europeia. Isso pode ser

facilmente observado quando, por exemplo, se percorre a história da USP. E quanto aos professores

franceses que vieram trabalhar no Brasil no intuito de contribuir para a estruturação aquela

universidade? Gérard Lebrun, Claude Leffort, Claude-Levi Strauss, entre outros. Claro que essa

presença trouxe resultados muito bons. Até os anos de 1960, pelo menos, a universidade brasileira

tinha, apesar de sua incipiente estrutura, uma produção de altíssima qualidade, muito mais pela

influência estrangeira

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