Pesquisa no serviço social
Por: oberdan1966 • 15/9/2015 • Trabalho acadêmico • 1.382 Palavras (6 Páginas) • 209 Visualizações
A utilidade da pesquisa para o serviço social.
Há uma dificuldade na aplicação da pesquisa no dia-a-dia do a Assistente Social; E ao mesmo tempo que se reconhece a existência de avanços investigativos na profissão, os profissionais a encaram como uma necessidade cientifica e não um uso intelectual. Há um tradicional entendimento do Serviço Social como um conjunto de técnicas. E, portanto, uma dicotomia entre teoria e pratica nos meios profissionais.
A separação entre teoria e empiria é uma questão de peso pela sua recorrência e disseminação entre a categoria. Nesse confronto a categoria tem como suposto básico o de que a pesquisa longe de ser um luxo intelectual é uma necessidade de realização da profissão. A pesquisa é defendida pela categoria como condição de possibilidade de rupturas com atitudes e práticas voluntaristas, de assunto especifico e impensado.
A não pesquisa esvazia o Serviço Social da penitencia cientifica, e tira o status de profissão de nível superior de embasamento teórico nutrido de sistemáticas investigações da realidade.
São variáveis os motivos das dificuldades do uso de pesquisa no exercício da profissão. Há uma tradicional baixa na produtividade de pesquisa no Serviço Social; E um desses motivos dessa tradicional baixa produtividade da pesquisa é a suposição de que o Serviço Social é uma tecnologia, e, portanto, não deve se ocupar com processos de investigação cientifica.
Para Greenwood (1970-1973) mentor intelectual do Assistente Social latino-americano, o Serviço Social, diferentemente das ciências, não está voltado para a “acurada descrição e interpretação do mundo social” e sim, o Serviço Social, está voltado para o “controle desse mundo” mediante o manejo de técnicas adquiridas através de outras disciplinas. Segundo Greenwood o sucesso profissional do assistente social depende de sua habilidade em utilizar o que já é conhecido. Mesmo em uma pratica orientada pela medicina o profissional não está produzindo ciência, e sim, apenas, consumindo conhecimento cientifico. Greemwood quer dizer que: o assistente social deve exercer o controle das demandas da Questão Social; mas, sem a pretensão de atingir um quadro explicativo próprio das mesmas, ou seja, sem dispor de um instrumento metodológico particularizado.
Howe, (1987) diz: a pratica- em especial a do Serviço Social- é uma instancia anti-intelectual, portanto, seria dispensável nos processos de identificação enfrentados pelo profissional. Seria de irrelevância a escolha de um método empregado no processo de identificação, como também é irrelevante uma reflexão cientifica e um estabelecimento dos objetivos a serem estudados. Mas, a grande ironia é que: Essa instancia anti-intelectual é o que fez a pratica profissional ser pensada. O “ser prático” nos termos de Greenwood, converteu-se em virtude, transformou-se em uma sabedoria de pés do chão que impedia o assistente social em se meter em teorias alheias, as quais não estava preparado e que lhes eram indispensáveis.
“ Onde houver orientação cientifica disponível o Assistente Social vale-se da mesma. Mas quando lhe falta orientação, ele preenche o vazio com sua intuição. ” (Greenwood 1970-1973 pag 23)
Conforme essa afirmação de Greemwood, entende-se que o assistente social não precisa de teoria. A teoria se afasta do profissional, deixa de ser assunto relevante para a profissão.
Nos anos de 1960 e 1970 escolas procuram saber se o Serviço Social seria uma ciência, uma arte ou uma técnica. É um período de adesões e resistências às concepções da profissão como uma técnica. Em 1960, na América latina, Estados Unidos Canada e Inglaterra, resistências organizadas e conscientes da importância de eleger um paradigma critico referenciado no marxismo, inauguram uma tendência favorável a valorização da pesquisa e da teoria no Serviço Social. É uma tendência que fica conhecida como: Serviço Social Radical; “Uma vertente alternativa contraria à visão conservadora da profissão, ancorada na crítica socialista da sociedade e das instituições capitalistas” (GALPER 1980).
Na década de 1980-conforme literatura especializada- (FALEIROS,1986) e (IAMAMOTO,1987) - a situação da pesquisa no âmbito do Serviço Social é sufocada por pragmatismos, pela precária formação universitária e também há uma falta de curiosidade cientifica dos assistentes sociais.
No período pos-ditadura,1985, há um processo de redemocratização do pais; após 25 anos de governo ditatorial, abre-se condições de expansão da pesquisa e da realização destas de forma relativamente autônoma.
Em 1986, José Paulo Neto, afirma a maturidade dos Assistentes Sociais no domínio da elaboração teórica e nas interlocuções feitas com outras áreas de conhecimento mais consolidadas, e isso é significativo para o adensamento teórico do Serviço Social.
Um outro contraponto à aplicação da pesquisa no campo do Assistente Social e de quanto ela está ligada ao exercício da profissão, tem a ver com a atual revalorização do enfoque pragmático no enfrentamento das necessidades sociais; ou seja, as ideias como instrumentos de ação só valem se tiverem um efeito prático no enfrentamento dessas necessidades. E há uma razão direta aí com a desvalorização da teoria.
Na literatura de Boron (2001, pag,358) temos: “assim, se áreas de conhecimentos tradicionalmente reconhecidas como interpretações teóricas abrangentes da vida social encontram-se como as Ciências Sociais, em estado de “mal-estar na teoria como teoria”, o que dizer então do Serviço Social que, por vontade própria, nunca chegou a formar uma tradição teórica? ” Na pós-modernidade- e na supremacia da técnica- tem-se então questionamentos indicando na atividade do Serviço Social uma não exigência de esforços investigativos mais complexos, vê-se também uma existência de uma metodologia apropriada em seu entendimento; percebe-se uma atividade essencialmente prescritiva e somente preocupada com a intervenção ou a eficiente prestação de serviços baseada na supervalorizada relação custo e benefício.
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