Pobreza como fenômeno multidimensional

Resenha de:“A pobreza como um fenômeno multidimensional”(RAE-eletrônica-ISSN 1676 -5648-©2002 Editora: Fundação Getulio Vargas – Escola de Administração de Empresas de São Paulo.)

O Brasil possui características geográficas e culturais que o torna único em relação aos demais países do Globo, e uma das consequências do seu vasto território é a má distribuição de renda e o elevado número de pessoas que vivem na chamada zona ou linha da pobreza, contrastando com seu grande potencial industrial, tecnológico e uma economia que tem crescido muito nos últimos anos.

O artigo dos Mestres em Administração Pública e Governo pela FGV-EAESP Antônio Pedro Albernaz Crespo e Elaine Gurovitz, traz uma discussão sobre o fenômeno da pobreza dentro de uma abordagem bastante utilizada atualmente: a de privação de capacidades, elaborada por Amartya Sen, indiano ganhador do prêmio Nobel de Economia (1999) que tem seu complemento nos estudos de Deepa Narayan que privilegia a visão dos pobres “do que é ser pobre” bem como de forma simplificada as principais abordagens e concepções de pobreza.

A primeira seção traz de forma concisa o conceito de pobreza, embora admita que seja uma tarefa bastante complexa, e sua evolução especificamente ao longo do século XX. Destacando a conceituação de pobreza como “juízo de valor”, a percepção da pobreza como conceito relativo, o conceito de pobreza absoluta e relativa/absoluta. A partir das diferentes abordagens sobre o conceito de pobreza, surgem três concepções ao longo do século XX: sobrevivência, necessidades básicas e privação relativa.

Nas duas próximas seções, os autores trazem a concepção de pobreza como privação de capacidade, baseados no que diz Amartyan Sen, aprofundando um pouco mais esse tema.

Na terceira seção, aparecem os relatos sobre o que diz Deepa Narayan acerca do que pensam os próprios pobres sobre sua situação, que segundo eles mesmos, geralmente é negativa e crítica.

Os autores concluem de forma positiva suas explicações acerca do tema proposto, com uma excelente abordagem sobre a pobreza como um fenômeno multidimensional, onde se somando à falta do que é necessário para o bem-estar material, aparece a ausência de voz, poder e independência das camadas mais pobres, sujeitas à opressão, exploração e todos os riscos possíveis. Sendo assim, o artigo é muito rico em informações e contribui de forma positiva para elucidação e compreensão do fenômeno da pobreza.