RECURSOS NATURAIS, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO DE ÁFRICA: UMA MALDIÇAO OU BENÇÃO?
Por: Luis Pereira Fernando • 14/8/2019 • Artigo • 3.764 Palavras (16 Páginas) • 403 Visualizações
RECURSOS NATURAIS, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO DE ÁFRICA: UMA MALDIÇAO OU BENÇÃO?
Luís Alberto Pereira Fernando[1]
Resumo
O objectivo desta pesquisa consistiu em relacionar os recursos naturais e o meio ambiente como mecanismo para o desenvolvimento de África. Nesta pesquisa foi utilizado o método bibliográfico e experiências empíricas. Assim, os resultados da pesquisa da revisao da literatura permitiram perceber que, os recursos naturais e o meio ambiente quando geridos de forma sustentável podem constituir uma mais-valia para o desenvolvimento; em África, a inoperância e insuficiência de politicas e instituições periga a sustentabilidade dos recursos naturais permitindo o surgimento de conflitos e os recursos naturais estão se tornando uma maldição na medida em que os estados africanos caracterizados por ausência de meios e recursos promovem incentivos fiscais exagerados para exploração dos recursos naturais consequentemente as mais-valias não chegam a satisfazer as necessidades básicas das populações.
Palavras-chaves: Recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento.
Introdução
A dependência dos recursos naturais pelo homem foi evoluindo ao longo dos tempos, e nos dias actuais, as sociedades de consumo ilimitado tornaram o homem mais dependente ainda da exploração dos recursos naturais como nunca. Não obstante, o meio ambiente vem sendo profundamente afectado pela exploração insustentável e irracional do Homem, colocando em risco o esgotamento precipitado de inúmeros recursos naturais.
O objectivo deste artigo é procurar relacionar os recursos naturais e o meio ambiente como mecanismo de desenvolvimento de África. O tema proposto versa perceber o porque dos recursos naturais têm-se tornado numa maldição no processo de desenvolvimento de África, num contexto em que estes recursos poderiam constituir uma mais-valia para os estados africanos promovendo o desenvolvimento económico sustentável.
Aspectos metodológicos: a análise desta pesquisa cingiu-se em três categorias sendo, recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento. A ênfase dos recursos naturais e meio ambiente permitiu relacionar e perceber de que a degradação do meio ambiente é resultado da extracção insustentável dos recursos naturais e tornou-se cada vez mais uma preocupação global. O desenvolvimento como categoria de análise vinca-se naquilo que Seers (1979), defende como sendo a satisfação das necessidades básicas das pessoas num país. Esta pesquisa foi de carácter bibliográfico bem como fruto dos debates nas aulas e de experiências empíricas.
Utilização dos recursos naturais como forma de subsistência do homem
A relação entre o homem e a natureza vem desde os primórdios do surgimento da humanidade. No período do paleolítico, por exemplo, o Homem tinha uma reduzida apropriação dos recursos naturais (elementos da natureza com utilidade para o homem com o objectivo de desenvolver a comunidade, garantindo a sua sobrevivência, bem-estar e conforto), isto é, da natureza necessitavam recursos para satisfação de alimentação, vestuário e um abrigo. Com o conhecimento e manuseio do fogo, o Homem começou a interferir directamente no ambiente modificando os ecossistemas em seu próprio benefício. Neste contexto, ainda não comprometiam o equilíbrio natural. (GIDDENS, 2008)
Usando as técnicas de irrigação na agricultura, revolucionou o aumento da produção alimentar, o crescimento demográfico e o aparecimento das primeiras cidades. A prática da agricultura levou ao Homem à uma forte interferência no ambiente. Neste contexto, podemos verificar as grandes transformações ambientais provocadas pelo uso dos solos, na flora e fauna e nos processos de extracção, concentração, fusão e refinação de minerais.
No decorrer dos séculos XVIII e XIX com o advento da Revolução Industrial, dá-se o início de um novo relacionamento entre o Homem e a natureza. A revolução demográfica observada como consequência da Revolução industrial permitiu a concentração de pessoas nas áreas urbanas. Para responder as necessidades das cidades, os progressos tecnológicos levaram procura desenfreada nos recursos naturais (combustíveis fósseis, agua e matéria-prima) e de produção de resíduos. (GIDDENS, 2008)
Neste contexto, pode-se verificar o aumento da influência do homem no ciclo da natureza o que posteriormente vem-se traduzindo numa progressiva humanização das paisagens naturais e a degradação do meio ambiente.
Nos dias actuais, a indústria moderna necessita cada vez mais de recursos energéticos e matérias-primas para responder as necessidades de consumo ilimitado da população mundial. Como consequência desta procura acentuada alguns recursos chaves estão condenados a desaparecer. Leff (2007), ressalta a necessidade de se buscar novos valores e conhecimentos que visem ao estabelecimento de processos de gestão dos recursos naturais que suplantem o modo capitalista de racionalidade produtiva.
A difusão da produção industrial já produziu e vem produzindo efeitos que podem criar danos irreparáveis no meio ambiente. É de reconhecer que, o progresso tecnológico é imprevisível. Se os países do terceiro mundo alcançarem níveis de industrialização comparáveis com os existentes no ocidente, então será necessário proceder a reajustamentos globais. (GIDDENS, 2008)
Muitos debates sobre o ambiente e o desenvolvimento económico giram em torno dos padrões de consumo. O consumo diz respeito aos bens, serviços, energia e recursos que são utilizadas pelas pessoas, instituição e sociedade. O consumo pressupõe duas dimensões:
- Positivos – os níveis crescentes de consumo no mundo significam de que as pessoas estão a viver em melhores condições do que no passado. A medida que os padrões de vida sobem as pessoas podem comprar mais comida, roupa, tempo para lazer, ferias, etc.
- Negativos – os padrões de consumo podem destruir os recursos ambientais de base e agravar os padrões de desigualdades.
Para Giddens (2008), as taxas de consumo têm crescido rapidamente ao longo dos últimos 25 anos. As desigualdades de consumo constituem uma preocupação pelo facto de que a explosão do consumo não ter abrangido a quinta parte mais pobre da população mundial.
Os padrões de consumo não somente esgotam os elementos naturais, estão consecutivamente a contribuir para a sua degradação através de resíduos nocivos e de emissão prejudiciais. O prejuízo ambiental do consumo crescente verifica-se em grandes amplitudes nos países em desenvolvimento que os desenvolvidos (apesar destes serem os maiores consumidores). Contudo, é notório perceber que nos dias actuais, o Homem se encontra numa situação de dependência quase total nos recursos naturais o que torna numa preocupação global, uma vez que, estes recursos estão se esgotando na natureza.
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