Resenha: Argonautas do Pacífico Ocidental

Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955) nasceu em Birmingham, Inglaterra, foi um reconhecido antropólogo inglês. Seu trabalho voltou-se para aplicar a Antropologia à administração das populações nativas em várias colônias britânicas. O antropólogo é considerado funcionalista, ou seja, em sua concepção todas as ações de uma sociedade dispõe uma função social. O texto para análise é “A Interpretação dos Costumes e Crenças Andamaneses”, no qual o antropólogo faz um exame acerca da comunidade primitiva ilhéus andamaneses.

De acordo com a análise do autor no estudo em questão, todo o costume e crença em uma sociedade primitiva desempenha algum papel determinado na vida social da comunidade, assim, o estudo acerca do significado dos costumes dos próprios selvagens é como uma fisiologia social. Já no início da sua análise, o autor salienta como aspecto fundamental a necessidade do estudo de todo o sistema social de uma comunidade, e não o estudo separado de cada aspecto.

Diante disso, Radcliffe-Brown expõe que seu objetivo é desvendar a origem psicológica e sociológica das crenças e costumes dos andamaneses, e não a origem histórica. Sendo assim, a pesquisa tem por finalidade comparar todo o sistema social dos andamaneses com os de outras raças selvagens. Como apoio se utiliza o trabalho de campo, pois de acordo com o autor essa prática gera um grande avanço para pesquisa possibilitada pelo contato diário, observações diretas, análise e interpretação.

Nessa mesma linha de pensamento, em os Argonautas do Pacífico Ocidental, Malinowiski, que foi o primeiro antropólogo a organizar e sintetizar uma visão total do modo de vida não europeu, um bom trabalho etnográfico deve ser realizado a partir da vivência com o objeto de estudo. Para Malinwiski é essencial a presença da interpretação do nativo, segundo o objeto de estudo e a interpretação do pesquisador sobre o objeto em questão.

Ao longo do texto o autor apresenta tanto as descrições dos rituais dos andamaneses, quanto sua própria interpretação acerca desses rituais. A partir disso, no que diz respeito às interpretações é ressaltada a relevância de se basear em hipóteses sociológicas acerca dos fenômenos e utilizar métodos para o desenvolvimento da pesquisa.

Por conseguinte, o autor destaca a necessidade de se formular explicitamente as hipóteses de trabalho nas quais a interpretação está embasada. Nesse contexto, são colocadas duas hipóteses, a hipótese intelectualista e a hipótese adotada por Brown. A primeira acredita que as crenças seriam primárias, e que após essas adquirem o poder de influenciar a ação, originando assim todo tipo de cerimônias e costumes. Já a segunda hipótese, que é a optada pelo autor, apresenta que a função social dos costumes rituais dos ilhéus andamaneses é manter e transmitir de uma geração para outra as disposições emocionais que a sociedade depende para sua existência.

Ainda, no que diz respeito ao método Radcliffe-Brown faz o uso de algumas regras de metodologia para melhor assimilação do estudo, tais como: ponderar as explicações dadas pelos próprios nativos, ter em mente o pensamento de que um costume similar ou igual praticado em distintas ocasiões têm um significado similar ou igual em todas as conjunturas, suspeitar que quando diferentes costumes são realizados conjuntamente em uma mesma ocasião (tendo um elemento comum nos costumes) a descoberta do que é comum a todos esclarecerá o significado de cada um, e por fim, distanciar comparações dos costumes andamaneses com costumes similares de