Resenha - Filme Uma Verdade Inconveniente
Por: esdrasrocksilva • 10/11/2016 • Resenha • 1.005 Palavras (5 Páginas) • 854 Visualizações
Universidade Estadual do Ceará
Centro de Estudos Sociais Aplicados
Curso de Serviço Social
UMA VERDADE INCONVENIENTE
O documentário Uma Verdade Inconveniente(An Inconvenient Truth) do diretor norte-americano Davis Guggenheim, é um filme que está bastante em voga e tem como tema o aquecimento global e suas conseqüências . Protagonizado por Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e famoso pela fatídica derrota nas eleições presidenciais de 2000 para Bush, Gore volta-se novamente aos trabalhos ambientalistas e suas palestras sobre o tema transformam-se neste documentário bem produzido, com um tom didático, dados impressionantes, mas que devem serem analisados por vários aspectos, considerando tanto a boa qualidade cinematográfica, a verdade da problemática ambiental, mas também o contexto político que foi produzido, pois para se entender um fator tão em voga atualmente é de suma necessidade uma visão dialética dos fatos a fim de melhor analisar as questões mais pertinentes:
"Qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo. Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente, com problemas interligados." (KONDER, 1981, p.36)
O primeiro aspecto é o tema central do filme, a questão ambiental, no qual Gore mostra as conseqüências futuras da forma irresponsável com que a raça humana tratou a questão. Neste âmbito, frisa o aquecimento global, afirmando por meio de fotos, números e documentos pertinentes, expondo fatores como o derretimento das calotas polares, o aumento da temperatura das águas oceânicas, o crescimento do número de furacões (citando o Brasil, inclusive) e concluindo, como em um “efeito dominó”, o aumento das enchentes, da seca, praga de insetos, extinção de espécies e epidemias de velhas e novas doenças. Afirmações como: "O número de furacões categorias 4 e 5 praticamente dobrou nos últimos 30 anos" , "o derretimento das geleiras duplicou na última década", “mais de 1.000.000 de espécies podem se extinguir até 2050” são todas ditas pelo protagonista ao ilustrar o quão desesperadora é a situação do planeta, afirmando que não há mais tempo para discutir o assunto e sim para abrir os olhos e agir, caso o contrario não haverá mais tempo para diminuir os prejuízos. Al Gore mostra que houve interpretações errôneas de estudos científicos analisados de formas isoladas a fim de ludibriar a gravidade do tema.
Enfocando as políticas atuais extrativistas norte-americanas, ele critica a forma do governo Bush tratar os problemas ambientais fechando os olhos para o que já está acontecendo com o planeta. Mostra que o Estados Unidos é o maior emissor de CO2 e que sofrerá muito com o desfecho de tanta exploração ambiental desregulada, afirmando, por exemplo, que o furacão Katrina não os pegou de surpresa como noticiado e que outros mais fortes virão por contra desta problemática. A questão é que a crítica aparece de forma paliativa, rasa, sem demonstrar o real fato que vai além das motivações governamentais, mas de uma estrutura consumista e extrativista, de uma sociedade pós-moderna, representada simbolicamente pela maior potência, os Estados Unidos:
Os interesses políticos, econômicos e estratégicos relacionados às mudanças climáticas não aparecem no filme. Não se questiona o consumo, os padrões de desenvolvimento, o paradigma econômico vigente. Os norte-americanos, para quem o filme é sobretudo destinado, não teriam que abrir mão de seus estilos de vida, mas apenas aderir ao ecologicamente correto.(DIAS, 2007)
Chega aí, o outro aspecto a ser abordado quanto ao filme. A discussão política do tema em que Al Gore, armado destes dados e da finalidade de abordar um assunto alarmante (o que é louvável), não se isenta das questões político-partidárias e parte em ofensiva chegando a confundir o espectador sobre o tema do filme, se é ele, ou o aquecimento global. O Protagonísmo de Al Gore é prejudicial na medida em que ele aparece várias vezes como o salvador do mundo, onde a verdade é que já existiam várias entidades discutindo o tema, porém sem a mesma força política.
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