Resenha - Sérgio Miceli - "Condicionantes Do Desenvolvimento Das Ciências Sociais"
Pesquisas Acadêmicas: Resenha - Sérgio Miceli - "Condicionantes Do Desenvolvimento Das Ciências Sociais". Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: lucasfarahrj • 15/1/2015 • 535 Palavras (3 Páginas) • 1.641 Visualizações
Pensamento Social e Político Brasileiro II
Aluno: Lucas Farah Ferreira
Fichamento
Sérgio Miceli – “Condicionantes do Desenvolvimento das Ciências Sociais”
De acordo com Miceli o desenvolvimento das ciências sociais entre os anos de 1930 e 1964 no Brasil esteve intimamente ligado, de um lado ao “impulso alcançado pela organização universitária”, em grande parte financiada pela iniciativa privada, como a USP por exemplo. E de outro pela “concessão de recursos governamentais para a montagem de centros de debate e investigação que não estavam sujeitos à chancela do ensino superior”. Como o caso do ISEB. Esta é a tônica, aliás, do texto no qual Miceli vai estar comparando o tempo todo a formação do curso de filosofia e ciências humanas da USP e o Instituto Superior de Estudos Brasileiros(ISEB), para mostrar como que o desenvolvimento das ciências sociais no Brasil se deu nos dois principais centros urbanos da época.
Essa “dependência” dos institutos superiores de ensino ao Estado ou ao financiamento privado gerou, segundo Miceli, “uma dissociação entre os cientistas sociais e os interesses dos setores populares”. Que voltavam seus esforços para grandes projetos nacionais de reforma negligenciando as particularidades da realidade brasileira. Para Miceli as Ciências Sociais atendiam principalmente “aos reclames e diagnósticos formulados pelos grupos de interesse em operação na indústria editorial, nos sistemas de ensino secundário e superior, da grande imprensa, reformistas do governo, partidos políticos e nas organizações religiosas.” Nota-se a ausência de cientistas sociais em movimento populares e sociais.
Quanto aos cientistas sociais propriamente ditos, Miceli mostra uma diferença na formação dos cientistas sociais paulistas e fluminense. Enquanto em São Paulo, em sua maioria, os cientistas sociais eram recrutados entre a classe média, emergente ou decadente, figurando inclusive, um grande número de mulheres e imigrantes nas primeiras turmas da USP. No Rio de Janeiro os cientistas sociais eram recrutados principalmente entre egressos das faculdades de direito, onde eram formados os filhos dos dirigentes e atores políticos próximos ao governo. assumiu-se então no Rio um compromisso maior com as propostas reformistas enquanto que São Paulo prevaleceu o discurso científico.
No que tange o mercado de trabalho Miceli também mostra como este se desenvolve de maneira distinta para os profissionais da área de ciências sociais nos dois grandes centros do país. No Rio de Janeiro os cientistas sociais atuariam em áreas ligadas ao centro do poder, ministérios gabinetes, secretarias, reflexo este do desenvolvimento institucional das ciências sociais no distrito federal. Por outro lado em São Paulo a área do mercado a absorver os recém egressos das faculdades de ciências sociais consistiu, principalmente, o magistério, devido ta,bem às características gerais dos estudantes de ciências sociais paulistas, imigrantes e membros da pequena-burguesia.
Nesse sentido Miceli mostra como que o desenvolvimento das ciências sociais no Brasil esteve ligado, ao mesmo tempo, à projetos reformistas do governo federal e à hierarquia científica observada em São Paulo, onde
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