Resenha artigo vereditor escolar e a legitimidade das práticas
Por: queromeformarmds • 27/11/2017 • Resenha • 655 Palavras (3 Páginas) • 308 Visualizações
Comentário sobre o artigo “Veredicto escolar e a legitimidade das práticas culturais: uma relação bem sucedida” de Maria Amália de Almeida Cunha e Carla Aparecida Almeida.
As autoras realizaram uma pesquisa qualitativa em dois campos distintos: uma escola pública e uma privada; visando olhar o comportamento e aprendizagem dos alunos nos dois ambientes, para assim, poder validar a ideia que apresentam em seu artigo: Há inúmeros fatores que definem o desempenho do aluno na escola, e não apenas a falta de interesse ou o excesso do mesmo. Dessa forma, com base em autores renomados como Lahire e Bourdieu, as autoras trazem a ideia de capital cultural e social, a escrita e a linguagem formal como uma forma de dominação, a desvalorização do aprendizado popular no ambiente escolar, a importância da família na vida acadêmica do aluno e como o capital econômico tem forte ligação no que diz respeito ao investimento escolar e ao tempo utilizado para se aprimorar ou até mesmo aprender –no que diz respeito a turma analisada da escola pública– a dita forma culta ou “correta” da escrita, entre os fatores que influenciam o aprendizado e como se aprende.
As pesquisadoras deram ênfase na escrita e na leitura, assim, os campos de estudos delas, como já dito, foram escolas, especificamente durante a aula de português, onde de fato desenvolvemos habilidades que teremos que usar para o resto de nossas vidas no âmbito social e profissional.
O resultado da pesquisa já era esperado: Alunos de classe mais favorecida, onde os pais tem uma maior escolaridade, possuem uma bagagem cultural maior, trazida de casa e possuem maior facilidade em relação ao aprendizado. Já alunos de classes desfavorecidas, onde os pais não possuem uma escolaridade ou pouca e não dão tanta ênfase para os estudos, tão pouco para leitura ou escrita, os alunos possuem uma dificuldade maior com relação ao aprendizado, levando-os a se desinteressarem pelos estudos. Ainda nos resultados, podemos notar que a falta de interesse dos pais pelos estudos é algo derivado de sua condição econômica, pois além de não possuírem um conhecimento para seus filhos herdarem, o socioeconômico não os permite investir em algo tão arriscado que é os estudos, para eles, a necessidade de um retorno imediato é essencial e não se podem dar o luxo de prolongar o tempo de estudos dos filhos, pois a entrada do mesmo no mercado de trabalho é algo inadiável.
No geral, o estudo mostra o quão importante é o capital cultural, social e econômico para uma ascensão social maior, e como a classe média dá mais ênfase para ascensão do que as classes mais problemas. Mesmo tendo dificuldade em manter os filhos na escola particular, essa classe média faz um enorme esforço, pois almeja uma rentabilidade grande ao se obter o diploma escolar, e também, que seus filhos consigam atingir a tão sonhada elite. Já as classes mais desfavorecidas não esperam que seus filhos mudem drasticamente em relação ao econômico, apenas esperam que eles possuam uma formação superior a de seus pais e consiga mantimento sem passar grandes dificuldades. Dessa forma, podemos que forma de lidar com os estudos é histórica, se os avós dos alunos não tiveram uma escolaridade maior e nem obtiveram um capital cultural e social mais elevado, provavelmente –há sempre exceções– seus pais não vão almejar algo desse tipo, se conformando e sendo dominado por quem adquiriu tais símbolos, assim, não passaram nenhuma herança cultural para seus filhos, criando assim um ciclo vicioso; o mesmo acontece com os alunos de classe média, se os avos passaram o capital cultural e social para os pais, provavelmente o aluno herdará também. Por conclusão, temos que a ausência ou a presença de um capital cultural e social é um processo histórico, sendo passado de gerações em gerações, tal qual o capital econômico. Por isso a dificuldade, pois para que um agente da classe desfavorecida tenha ascensão, alguém terá que quebrar o ciclo, o que raramente acontece.
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