Resenha critica O capitalismo Global

Fernanda Santana Lima^[1] 

FURTADO, Celso.  O capitalismo global. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 

Celso Furtado é natural de Pombal no estado da Paraíba, bacharel em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1946 ingressou no curso de doutorado em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, na sua volta ao Brasil na década de 50 participou ativamente dos governos dos presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, além de trabalhar em importantes organizações públicas a exemplo da SUDENE e do CEPAL.

Em sua obra O capitalismo Global o economista Celso Furtado analisa de forma bastante coerente e de clara compreensão as transformações do sistema capitalista, social e econômico na atualidade, ao contrário da maior parte das publicações voltadas para esse tema disponíveis no mercado que são em sua maioria produzidas com linguagem extremamente técnica e complexa para leitores leigos no assunto.

Celso Furtado inicia sua obra de maneira autobiográfica, falando da sua trajetória como profissional atuante e defensor de ideias firmes no campo econômico e de sua evolução intelectual incialmente voltada para o positivismo e mais tarde influenciada por autores como Marx e Gilberto Freyre. O autor destaca entre outra coisas, o seu trabalho como pesquisador o que fez dele ser hoje um dos profissionais mais respeitados da atualidade, diz que para se ter sucesso na área de pesquisa é necessário dois requisitos básicos: coragem e confiança. Para ele o bom pesquisador deve ser capaz de ousar em busca de novos conhecimentos e ultrapassar os limites impostos pelo meio acadêmico.

O capitalismo global para Furtado é causado pela concentração de poder existente atualmente nos grandes mercados fruto principalmente das inúmeras operações virtuais. A obra faz uma analise bastante elaborada do aspecto econômico brasileira dentro de uma perspectiva global, destacando para isso inúmeros fatores, tais como: o surgimento da união europeia, o declínio de grandes economias mundiais, a situação das nações asiáticas e as reformas das economias latino-americanas.

Esta obra vem para mostrar ao mundo que vive hoje sobre o sistema capitalista, especialmente os pais de terceiro mundo, que o maior desafio hoje é o fator social muito mais que o econômico e abrange assuntos de caráter sociais e políticos do desenvolvimento, o autor não quer de forma alguma desmerecer os benefícios do capitalismo, somente apontar os diversos pontos em que ele ainda necessita ser estudado para se obter o equilíbrio social.

Furtado defende em sua obra o papel do estado e dos movimentos sociais, como integradores do sistema, entre os movimentos sociais brasileiros destaca o trabalho do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) como sendo um dos grandes modificadores da realidade econômica do país ao defender a desapropriação de terras improdutivas para fins de produção de pequenas famílias de baixa renda, defende que o foco do planejamento da politica econômica social, trabalhe de forma estratégica para desenvolver o mercado interno e promover assim benefícios para a população.

   O Capitalismo Global enfoca temas como a globalização e as dimensões da pobreza e da dependência, além do próprio Capitalismo, apresenta no seu decorrer os aspectos históricos, tecnológicos, sociais, políticos e econômicos do subdesenvolvimento dos países pobres, principalmente do Brasil, e as consequências da globalização sobre as identidades sociais e culturais de sua gente. Furtado consegue em sua obra mostrar temas normalmente discutidos de forma complexa pelos especialistas de forma clara e de fácil acesso para profissionais das mais diversas áreas de formação