Resenha do Livro Ciência, Sociedade e Tecnologia
Por: Patrícia Vieira • 14/10/2015 • Resenha • 1.817 Palavras (8 Páginas) • 824 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA, AMBIENTE E SOCIEDADE
DISCIPLINA: AMBIENTE, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
PROF. DR. CARLOS HENRIQUE ALEXANDRINO
Teófilo Otoni, 23 de Setembro de 2015.
PATRÍCIA VIEIRA DA SILVA
SANDRA NERES SANTOS
O QUE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE?
Esta obra é tradução dos originais – Ciencia, Tecnología y Sociedade: uma aproximación conceptual-, e foi escrita por três professores da UFSC, componentes do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica (NEPET). O Objetivo é difundir sobre o conceito de ciência, tecnologia e Sociedade para cidadãos dos países Ibero-americanos de Língua Portuguesa.
O quarto capítulo inicia a discussão sobre os aspectos sociais e qual a influencia da ciência e da tecnologia nesse processo diante de mudanças e posicionamentos políticos no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Nesse sentido, ressalta as reações acadêmicas diante das concepções essencialistas e triunfalistas frente aos modelos clássicos de gestão política. Ressalta que a emersão científico-tecnológico é associado ao acadêmico.
Ainda discute a situação da ciência, tecnologia e sociedade na atualidade relacionada ao contexto acadêmico, a necessidade da reflexão ética e possíveis tendências sobre o tema.
No que se refere a forma tradicional, a ciência e tecnologia é vista como processo linear, em que o se objetiva o resultado, sem considerar as consequências ou interferências sociais, tendo um direcionamento neutro. Sendo assim, a concepção essencialista vem de encontro com essa não interferência externa no desenvolvimento técnico-científico, colocando a necessidade da autonomia da ciência. Mas diante dos acontecimentos a partir do século 20, percebe-se que faz necessário mudanças frente a finalidade de que a ciência está sendo financiada. Como exemplo é o armamento bélico que o EUA enquanto país tem desenvolveu com poder para destruir outros países com a finalidade estritamente econômica. Dessa forma não estaria fazendo ciência para o bem estar da sociedade, mas ao contrário, estaria proporcionando o mal-estar da ciência, já que estava causando a destruição.
Diante disso se fez necessário repensar a política que delineia o desenvolvimento técnico-científico. Com isso nas décadas de 1960 e 1970 apareceram movimentos que propunham a revisão da política da ciência e da tecnologia, em que a participação pública era importante para discutir, propondo que considerasse os efeitos sobre a sociedade e a natureza, tendo assim uma certa regulação.
Nesse sentido, desenvolve estudos que discutem as a ciência e a tecnologia não só no âmbito social e político, mas também no contexto acadêmico e educativo com a finalidade se ter uma nova visão do que é ciência e tecnologia e sua relação com a sociedade.
Esses estudos são inovadores, se apresentando de forma crítica respeitando as formas tradicionais. Busca-se compreender a ciência e a tecnologia na dimensão social, no que tange aos seus antepassados, as implicações socioambientais, econômica, política e quais as implicações éticas, culturais e ambientais dessas mudanças.
O que se torna inovador nesse processo é o caráter social, já que este está ligado a vários fatores. Assim, refletindo o desenvolvimento técnico-científico como não autônomo, mas com elementos do contexto social que tem de ser considerado e respeitado.
Assim, os estudos e programas do CTS se dispõem com direções diversas de acordo com seu desenvolvimento. No campo da pesquisa, procura-se contextualizar a atividade cientifica de forma a refletir na academia o tradicionalismo em ver a ciência e tecnologia. Vista como política pública, busca –se a regulação social no que tange a participação e decisões democráticas no desenvolvimento técnico-científico e no campo da educação, em que contribuirá para uma nova visão do que é ciência e tecnologia, propagando assim por meio da inserção dessa discussão no âmbito do ensino secundário e universitário. Nesse processo, presencia-se que não tem o mesmo viés, na pesquisa propõe o desenvolvimento técnico-científico, preocupado em valorizar o contexto social e suas particularidades e fatores que o constitui. No que se refere a política pública, presencia-se a necessidade de mudanças com meios que possibilitem a participação democrática, já que é um assunto que reflete em toda a sociedade. E na educação busca-se colocar a importância conhecimento básico e democrático na compreensão e responsabilidade do desenvolvimento técnico-científico.
Os autores ainda retratam sobre a tradição europeia nos estudos da CTS, explana-se que é preciso conhecer o contexto social e como a diversidade de fatores sociais poderá influenciar nos estudos da ciência e tecnologia. Colocando alguns programas que estaria dentro dessa tradição, o Programa Forte, o Programa Empirismo de Relativismo, a construção social da tecnologia, programas estes que possibilitam ao pesquisador variadas forma de avaliação no desenvolvimento científico-tecnológico, ou seja, é necessário realizar análises diante da diversidade de um contexto social, para que não corra o risco de resultados negativos e tenha êxito.
Na tradição norte-americana, tem como foco os estudos das consequências sociais e ambientais que a ciência e a tecnologia poderá trazer para o contexto social, refletindo a questão ética e política e o caráter humano desse processo.
Dessa forma, coloca-se a importância da participação social para evitar problemas futuros frente a inovação tecnológica, como meio de regulação social.
Ressalta que há maior envolvimento de cidadãos e governos no processo de inovação técnico-científica, mas há controvérsias entre posicionamentos tecnocráticos e democráticos, em que ainda se tem a ciência como autônoma. Mas há muitas razões que salientam a importância da participação do público. Segundo Carl Mitcham (1997) há oito argumentos que potencializam a participação pública no enfretamento dos desafios e decisões científico-tecnológicas, sendo eles, o realismo tecno-social, em que as ciências não são neutras; a demanda do público, que se faz necessário na aprovação das decisões, a psicologia, em que muitos querem alcançar seus objetivos particulares via interesses gerais; consequências da mudança científico-tecnológica, em que deveria esclarecer as possíveis fatalidades; autonomia moral, quando não há a participação social, as decisões tomadas por outros afetam a vida dos que não puderam opinar; o pragmático, em que a participação pública proporcionará melhorias nos resultados; a educação que proporcionará conhecimentos sobre o assunto e terá melhores condições para discutir e o oitavo argumento se trata das realidades da cultura pós-moderna, em que o melhor a se fazer é o consenso democrático participativo. Esses argumentos se tornam instrumentos diante dos desafios de participação nas decisões técnico-científicas.
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