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Resenha do livro: O que é Realidade

Por:   •  15/7/2018  •  Resenha  •  1.700 Palavras (7 Páginas)  •  380 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

RESENHA O QUE É REALIDADE

ALINE RUTH DE ATAÍDE SILVA

SANTARÉM

2018

REFÊRENCIAS DA OBRA

João – Francisco Duarte Júnior, Livro “O que é realidade”, Coleção primeiros passos-115, Editora Brasiliense 10° edição, 1994, 4° reimpressão, 2000.

CREDENCIAIS DO AUTOR

O Autor João Francisco Duarte júnior nasceu em Limeira (SP). Formado em Psicologia pela PUC- Campinas, Mestre em Psicologia Educacional na UNICAMP, Doutorado em Filosofia e História da Educação e Livre-Docência em Fundamentos Teóricos das Artes pela Universidade Estadual de Campinas. Foi um admirador incondicional da arte, e como desde cedo se interessou pelo fenômeno estético viu ali uma forma de dar sentido á sua existência. Leciona Psicologia da Arte na Universidade Federal de Uberlândia (MG). Possui experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação do sensível arte, educação e cultura. Publicou diversos livros como: Fundamentos Estéticos da Educação em 1981, pela Cortez Editora e autores associados; A Política da Loucura: A Antipsiquiatria, em 1983, pela Editora Papirus, e Por Que Arte-Educação?

Realidade é uma palavra usada em várias situações. A princípio nos parece ter um conceito tão óbvio, que não paramos para pensar no que de fato ela significa. Existe a realidade que pode ser captada pela emoção, e outra que pode ser captada de maneira mais “física”. Dessa forma, não é correto falar de Realidade, e sim Realidades, pois esse termo constrói-se de acordo com a maneira de que cada indivíduo compreende o mundo e se relaciona com ele. Afirma-se então que a realidade é construída pelo homem.

Contudo, o homem não se percebe como construtor da realidade, mas percebe-se submisso à ela, não tendo controle algum sobre seu próprio mundo. “Feito como monstro do Dr. Frankenstein, a criatura volta-se contra o seu criador” – João Francisco Duarte Júnior.

O autor relata no segundo capítulo, que a linguagem é o fator essencial para a construção da realidade. Desse modo, apenas o homem pode desprender-se do seu meio ambiente, tendo a capacidade de lembrar o passado, pensar no futuro, refletir e questionar. Pois a linguagem é que possibilita o homem ir além do seu universo físico e viver num universo simbólico.

O mundo é um conceito humano, a ordenação de um aglomerado de seres num, esquema significativo só torna-se possível através da linguagem, a palavra. A nominação faz associar o objeto a sua compreensão, portanto, quanto mais palavras o indivíduo conhece, mais ampla é a sua consciência. Como o filósofo Ludwig Wittgenstein afirma: “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”.

O mundo apresenta realidades múltiplas, ou seja, há diferentes formas de pensamento e raciocínio. Considera-se a vida cotidiana como sendo a Realidade por excelência, pois traz ao indivíduo a sensação de segurança e estabilidade.

O setor mais claro da realidade pode ser chamado de “não-problemático”. A vida cotidiana, por exemplo, vivemos quase de forma “mecânica”, pois não é preciso novas habilidades e conhecimentos todos os dias. Porém, se parece algum problema que interfere nosso cotidiano, somos obrigados a procurar um novo conhecimento, uma forma de resolver o problema e continuar a realidade não-problemática. Nesse procedimento, não se procura saber o “porquê”, e sim o “como”.

O cotidiano é a realidade predominante, e consequentemente a linguagem que usamos nele é o nosso meio linguístico predominante. Sendo assim, as experiências vividas em outros campos de significação, como arte e sonhos, são espécies de parênteses que há dentro da realidade predominante.

A realidade não é apenas construída, é também edificada pelas diversas sociedades, que lhe dão certa estrutura. A estrutura social é construída por uma gama de conhecimentos, um processo chamado tipificação, este processo impõe padrões de interação entre os indivíduos. Essa tipificação se refere também à formação de hábitos. O real da vida cotidiana depende deste padrão de interação.

As instituições têm papel de reforçar a edificação da realidade. A institucionalização é o processo que ocorre quando certas ações adquirem um padrão que passa a ser usado por outros indivíduos. Instituição é o estabelecimento de padrões de comportamento de determinadas tarefas, ela sempre tem uma origem histórica, mas se “cristalizam” ao longo do tempo, como se tivessem uma realidade própria, e não é mais percebida como criação humana. Assim, o homem dificilmente percebe que o sistema social onde vivem é assim, por que eles criaram e o mantêm assim. Esse fenômeno é chamado de reificação: transformado em coisa. Conclui-se então que o homem cria a instituição e passa a ser condicionado por ela.

A linguagem cria um sistema explicativo chamado de legitimação, esta possui quatro níveis: pré-teórico, que é o primeiro conhecimento que temos, relativo á ordem institucional; pré-teórico rudimentar, onde há esquemas explicativos que se relacionam com primeiro conhecimento; teórico, onde encontra-se conhecimentos específicos com nível maior de abstração, é mais complexo; universo simbólico que é o conjunto de tudo o que tem significado. Nele compõem-se teorias que justificam o porquê de uma instituição existir.

Porém, muitas vezes os porquês da existência de uma instituição, como estão verbalizados, são diferentes dos reais motivos que a fazem existir. Este fato recebe o nome de Ideologia.

Sozinho, ninguém constrói uma nova realidade. Alternativas do universo simbólico só são possíveis quando um grupo de indivíduos divergentes mantém e compartilha entre si, cada visão de realidade. A manutenção pode ser feita no nível rotineiro, que assegura que nos movimentemos sem grandes mudanças, e nível crítico que acontece quando nos deparamos com um fato inusitado e importuno, que nos faz sentir obrigados a indagar sobre a realidade que nos cerca.

A aprendizagem da realidade é denominada socialização, por ela nos tornamos humanos. A socialização pode ser dividida nas fases primária e secundária. A primária ocorre essencialmente no interior da família, onde adquirimos consciência da linguagem, ela alicerça os outros conhecimentos.

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