Resumo de Espaço, Tempo e Lugar (Carmen Maluf)
Por: LeonardoSiul • 20/7/2017 • Trabalho acadêmico • 663 Palavras (3 Páginas) • 254 Visualizações
MALUF, Carmen. Espaço, tempo e lugar.
Leonardo Luis Olêas Lucatelli/Estudos Socioeconômicos
Carmen Maluf inicia falando das contradições relacionadas ao espaço, relativas às lutas de classes. Maluf pondera que, embora o lazer tenha sido uma conquista da classe operária, ele foi apropriado pela classe dominante e utilizado para a reprodução do modelo capitalista. Também fala sobre as mudanças ocorridas nos espaços de lazer. Se antigamente eles eram espaços públicos, hoje em dia, tendem a ser substituídos por espaços de consumo, que são inclusive local de trabalho para muitas pessoas, fazendo com que assumam características de locais de trabalho. Segundo Maluf, a arquitetura de locais de lazer e trabalho, e inclusive de outras funções, como estudo (escolas), tende a ser muito parecido, o que, ainda segundo ela, contribui para uma confusão na cabeça do trabalhador, que sente prazer exacerbado com o trabalho, numa relação de vício. Outra transformação no espaço de trabalho é referente à evolução tecnológica, que permite ao trabalhador por exemplo realizar seu trabalho em casa, o que também se reflete na arquitetura.
Maluf afirma que para que haja a fruição de um lugar, seja no caso de lazer ou de trabalho, é necessário que a pessoa passe um determinado tempo em tal lugar. Então não adianta existir um lugar com qualidade, se o trabalhador não tiver tempo para fruí-lo.
Maluf define lugar como uma construção social, ele carrega valores pessoais e coletivos, além de suas características físicas. A existência do lugar depende da ação humana num determinado tempo. Espaço, tempo e lugar são indissociáveis no processo de reprodução social.
Maluf afirma que as novas tecnologias da informação modificaram o capitalismo, e fez surgir um novo estilo de vida globalizado e que, por exemplo, exige rapidez nas decisões e (segundo Lefebvre) agilidade na circulação dos produtos. Mas Maluf diz que, enquanto as distâncias foram banidas, o capitalismo dos dias de hoje potencializou as diferenças sociais.
Maluf afirma que há dois fatores que impedem a construção de um espaço democraticamente mais justo, o primeiro sendo o fato de os anseios da classe trabalhadora apropriados pelos discursos são plagiados dos da classe dominante. O segundo fator é o fato dos meios de comunicação estarem a serviço das classes dominantes, incutindo esses valores nos trabalhadores. Maluf aponta a comunicação como solução para esse problema, difundindo discursos que construam um pensamento global sobre espaço, tempo e lugar, e interagi-los com práticas, proporcionando a transformação dos espaços de produção em espaços de consumo não-produtivo, o que, para Maluf, possibilitaria a inclusão da classe trabalhadora. O discurso deve, porém, ser assimilado pela classe trabalhadora para que de fato seja um instrumento de libertação.
Maluf diz que no sistema de dominação de uma classe sobre a outra, resta à classe trabalhadora, a dominada, ter acesso ao espaço (privado) comprando lotes pequenos, o que não garante a fruição do espaço global construído pelos governos e a classe dominante. Esses espaços que a classe trabalhadora adquire são, portanto, espaços dominados.
A autora diz ainda que instrumentos capazes de reunir informações sobre os lugares estão a serviço do estado para garantir a manutenção do sistema de estratificação social e desigualdade. Entretanto, ela diz que os movimentos sociais podem contribuir para a transformação dos espaços em locais de produção e consumo não produtivo, que, para ela, são libertadores e não espaços de controle ou exploração. É importante que se limite o domínio de classes sobre esses espaços. Maluf ressalta ainda a importância de buscar qualidade para os espaços em vez de quantidade, e que os espaços são dinâmicos, passando por transformações, assim como a própria sociedade, concluindo que não se deve buscar um modelo imutável de espaço.
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