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SOCIEDADE E FAMILIA

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Por:   •  20/3/2015  •  1.653 Palavras (7 Páginas)  •  860 Visualizações

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1. FAMILIA E SOCIEDADE

Conceitualmente família é o conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar. Uma família tradicional ou nuclear assim como é caracterizada é aquela formada pelo pai e mãe, unidos por matrimônio ou união de fato, e por um ou mais filhos, compondo uma família elementar.

No entanto, com as transformações ocorridas com o início da industrialização, o advento da urbanização, e a organização da população ocasionou diversas mudanças dentro do contexto organizacional da sociedade o que levou a ocorrência de novos laços familiares não de modo linear, com contradições ambiguidades e sem descartar também os conflitos, mas, mesmo sendo uma nova configuração de família conjugal a mesma não deixa de conservar alguns traços típicos da família anterior: o de controlar a sexualidade feminina e preservar as relações de classe.

Como se sabe, as mudanças que afetam a vida das famílias estão em forte vinculação com aquelas que ocorrem na esfera pública. As condições sociais, advindas da inserção das famílias como classe social, marcam suas histórias e suas trajetórias. Assim, ao longo do percurso de vida, as famílias pobres tendem a experienciar inúmeras rupturas (corte nas trajetórias educacionais, empregos instáveis, trabalhos precários, alterações de moradias, rompimentos relacionais e outros) capazes de gerar a saída (temporária ou definitiva) de seus membros mais jovens, como no caso dos abrigamentos de crianças e adolescentes. Nessa condição, os papéis masculinos e femininos se tornam vulneráveis e realimenta-se o ciclo perverso de rupturas (FÁVERO, 2008, p. 17).

Então se o fundamento e a organização de uma família está centrada na vida social das pessoas, ou seja, como elas vivem, são as desigualdades sociais e os conflitos que irão modificar a maneira de pensar e agir dos envolvidos. Como consequências dessas mudanças as transformações das relações de parentesco e das representações dessas relações no interior da família.

Cada vez mais, são encontradas famílias cujos papéis estão confusos e difusos se relacionados com os modelos tradicionais, cujos papéis eram rigidamente definidos. As relações, comparadas com as estabelecidas no modelo tradicional, estão modificadas, os próprios membros integrantes da nova família estão diferenciados, a composição não é mais a tradicional, as pessoas também estão em processo de transformação, no sentido da forma de pensar, nos questionamentos, na maneira de viver nesse mundo em processo de mudança. (OLIVEIRA, 2009, p. 68)

A mudança nesse padrão tem resultado em novos e surpreendentes quebra-cabeças familiares: filhos de pais que se separam, e voltam a se casar, vão colecionando uma notável rede de meios-irmãos, meias-irmãs, avós, tios e pais adotivos.

O que ocorre é que temos o modelo tradicional internalizado operando, enquanto temos as novas maneiras de ser família, revelando novos conceitos aos preestabelecidos, ocasionando certas contradições no próprio contexto familiar, balanceando o que há de prós e de contras nas duas formas aqui estudadas.

Há de lembrar que não se pode descartar a herança simbólica transmitida entre as gerações que revela tais modelos e orienta a socialização dos segmentos sociais. A tendência atual é de que a convivência familiar se torne socializada e visualizada como um local onde existe a mudança, evoluindo por meio do diálogo.

Contudo, o mundo familiar mostra-se em uma variedade de formas de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas na busca de soluções para os desafios que a vida vai trazendo. Para poder se entender essa transformação familiar é necessário uma mudança na maneira de visualização da configuração da nova família, levando-se em conta que há o reflexo da sociedade, tanto na forma de se viver em família, quanto nas relações interpessoais.

2. MATRICIALIDADE FAMILIAR

É bastante notório que a organização da família vem se transformando com o passar dos tempos, porém, em todos os tempos e seja qual for sua formação a família deve desempenhar funções, transmitir valores culturais, fornecer modelos de formação para o indivíduo viver socialmente e estabelecer suas relações. A família é o primeiro grupo de mediação do indivíduo com o mundo social e é responsável pela sua sobrevivência física e mental, no seio familiar também deve se concretizar o exercício dos direitos da pessoa, como cuidados essenciais para possibilitar seu crescimento e desenvolvimento, antes de seu nascimento o indivíduo já ocupa um lugar na família, desta forma a função da família é tão importante que, na sua ausência deve-se oferecer uma “família substituta” ou instituição que se responsabilize pela transmissão desses valores e condição para inserção na vida social.

A família, independentemente dos formatos ou modelos que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida. Todavia, não se pode desconsiderar como um espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é marcada por desigualdades, além de que nas sociedades capitalistas a família é fundamental no âmbito da proteção social (MDS, 2005, p.41).

No relato acima, nota-se que as mudanças ocorridas na sociedade, principalmente nas últimas décadas, passam por alterações de valores, crenças, sentimentos, atingindo todos os segmentos sociais. Os valores tradicionalmente associados à família apoiados no princípio que atrelava sexualidade, reprodução e casamento passam a gradativamente serem transformados. No entanto, não se pode desconsiderar que, mesmo que novos formatos familiares aumentem cada vez mais sua participação no total de grupos, a grande maioria dos habitantes vive ainda o ciclo de vida nuclear.

Baseando-se nos argumentos já citados, é preponderante reconhecer a importância da família no desenvolvimento humano.

O reconhecimento da importância da família no contexto da vida social está explícito no artigo 226, da Constituição Federal do Brasil, quando declara que a: “família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, endossando, assim, o artigo 16, da Declaração dos Direitos Humanos, que traduz a família como sendo o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito à proteção da sociedade e do Estado (Ibidem, 2005, p. 41).

E nesse contexto que entra a importância da a importância da política de Assistência Social, pois a mesma terá o papel de emancipação dentro do contexto família, inserindo-se na articulação intersetorial com outras políticas sociais, particularmente, as públicas de Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Emprego, Habitação, em outras áreas cuja fragmentação emerge. É um tipo de serviço de proteção social, básica e especial, voltada para a atenção às famílias que independente do local deve ser prestado a todos.

3. A AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

De acordo com Piana (2009) a função do assistente social é formular e implementar propostas para o enfrentamento de desafios dentro do contexto social por meio das políticas sociais, públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

O Assistente Social deve ser parte integrante das instituições sociais, por sua formação é um profissional preocupado com a acolhida, como diálogo, com a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do individuo, além de tornar-se aquele que reforça o papel de facilitador das relações de um grupo familiar.

Nota-se que um dos grandes conflitos enfrentados pelo Assistente Social dentro do projeto ético-político hegemônico é trabalhar demandas, pleitos, exigências imediatas, a dor, o sofrimento, a falta de tudo, a eminência da morte, da perda do outro, enfim a falta de condições de trabalho, as condições de vida.

O Assistente Social é um profissional solicitado para atuar em diversas áreas, onde se apresenta as expressões da questão social, tais como: Conselhos Tutelares, CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), Empresas, Prefeituras (Secretaria de Assistência Social), INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social), Escolas, Área Judiciária, APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), PSF (Programa Saúde da Família), Programa Sentinela, CAPS (Centro de Atenção Psico-social), Unidades Hospitalares, dentre outras.

Em todas essas áreas, o Assistente Social reporta grande parte da sua intervenção ao trabalho com famílias, pois a está presente nas diferentes demandas apresentadas nas instituições que atendem as questões sociais.

A atuação do assistente social realiza-se em organizações públicas e privadas e em diferentes áreas e temáticas, como: proteção social, educação, programas socioeducativos e de comunidade, habitação, gestão de pessoas, segurança pública, justiça e direitos humanos, gerenciamento participativo, direitos sociais, movimentos sociais, comunicação, responsabilidade social, marketing social, meio ambiente, assessoria e consultoria, que variam de acordo com o lugar que o profissional ocupa no mercado de trabalho, exigindo deste um conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo (PIANA, 2009, p.86).

Nesse contexto, o Assistente Social visa analisar e investigar a realidade nos aspectos sócio-cultural e econômico, fundamentado no seu projeto ético-político, e se apropria como referência às técnicas participativas, em oposição às práticas que articulam as questões sociais. Para tanto, o desenvolvimento de uma metodologia no processo de trabalho com famílias é necessário, bem como a análise desta. Ele irá buscar incluir o indivíduo com alternativas e estratégias na busca de soluções.

É de suma importância o trabalho do assistente social no contexto familiar, ele irá adotar uma postura sócio-educativa, de trocas, numa relação horizontal, tendo sempre em mente que a realidade social e a dinâmica familiar requer que o profissional respeite a individualidade de cada família, procurando não fazer julgamento de valor, sem julgamentos ou decisões, mas sim de apoio.

O desafio do assistente social dentro da família é aprender a lidar com a triste realidade conflitante que as famílias vêm apresentando e assim estabelecer processos de atenção que as auxiliem a enfrentar os desafios e que proponham novas articulações visando uma condição humana melhor.

REFERÊNCIA

FÁVERO, Eunice. VITALE, Maria Amália Faller. VITALE, Myrian Veras Baptista (orgs). Famílias de crianças e adolescentes abrigados: quem são, como vivem, o que pensam, o que desejam. São Paulo: Paulus, 2008. p.15-17.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004. Brasília, 2005. Disponível em: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/arquivo/Politica%20Nacional%20de%20Assistencia%20Social%202013%20PNAS%202004%20e%202013%20NOBSUAS-sem%20marca.pdf. Acesso em: mar, 2015. p.40.

OLIVEIRA, NHD. Recomeçar: família, filhos e desafios. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: http://books.scielo.org/id/965tk/pdf/oliveira-9788579830365-03.pdf. Acesso em: mar 2015.

PIANA, Maria Cristina. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional. In: O serviço social na contemporaneidade: demandas e respostas. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: http://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-04.pdf. Acesso em: mar 2015.

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