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SOCIEDADE, ÉTICA E POLÍTICA

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Por:   •  8/5/2014  •  9.287 Palavras (38 Páginas)  •  260 Visualizações

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SOCIEDADE, ÉTICA E POLÍTICA

“Se Deus não existe,

tudo é permitido”

Walmir Barbosa∗

A reflexão sobre a Ética ocupa uma grande importância para a humanidade,

independentemente das conjunturas e períodos históricos. Mas, certamente, há conjunturas e

períodos históricos nos quais a sua reflexão assume maior relevância.

A atual conjuntura e período histórico, profundamente caracterizado pela redução das

necessidades materiais e culturais humanas aos imperativos do mercado, pelo avanço do

oficialismo estatal, pelo controle e manipulação da informação e pela progressiva idiotização de

uma grande parte da sociedade, exige de nossa parte situar a Ética no centro das nossas idéias e

das nossas práticas sociais. Exigência colocada para todos aqueles que reconhecem a pertinência

de lutar por um mundo melhor e de avaliar as escolhas e opções realizadas enquanto ator social

individual e enquanto parte integrante de atores sociais coletivos.

O propósito deste texto é contribuir para uma reflexão acerca da Ética em sua relação com

a sociedade e a política. E, enquanto tal, volta-se prioritariamente para estudantes e jovens

ativistas políticos.

A construção e organização deste texto não foi conduzida por um “especialista” em

Filosofia e Ética. Todavia, pretende-se que o texto dê conta de combinar um determinado rigor na

abordagem da Ética e uma reflexão sobre a mesma por parte dos leitores.

O texto se divide em três partes: “O Conceito de Ética”, onde se buscou uma definição

geral de Ética e o desenvolvimento do seu conceito ao longo da história; “Incursões Filosóficas”,

onde se copidescou as intervenções de diversos intelectuais sobre Ética por meio dos vídeos Ética

I e II, produzidos e divulgados pela Fundação Padre Anchieta; e “Por uma Política Ética”, onde

se buscou identificar alguns desafios colocados para as idéias e práticas políticas de dimensão

Ética na atual conjuntura e período histórico.

∗ É Mestre em História das Sociedades Agrárias e professor na UCG e do CEFET-GO.

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O texto recebeu contribuições de Sebastião Cláudio Barbosa, Ana Paula Nunes e Marcela

Maciel. Em que pese os seus limites, convidamos ao leitor a percorrer este pequeno itinerário de

reflexão sobre Ética.

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I PARTE

O Conceito de Ética

1. DEFINIÇÃO E CONCEITO DE “ÉTICA”

Ética pode ser definida como a ciência ou disciplina que se ocupa da conduta humana

(social, política, artística etc). Conduta que é sempre e necessariamente orientada por preceitos

normativos morais, o que converte a Moral no objeto da Ética.

A Moral é uma forma de comportamento humano que compreende tanto um aspecto

normativo (regras de ação) quanto um aspecto factual (atos que se conformam em um ou em

outro sentido, mas sempre em interação com as normas mencionadas).

A Moral é um fato social. Ocorre na sociedade, corresponde a determinadas necessidades

sociais e cumpre um conjunto de funções sociais. O fato da Moral, embora possua um caráter

social, não reduz o papel essencial que o indivíduo desempenha nele, visto que a Moral demanda

a interiorização das normas e deveres estabelecidos e sancionados pela comunidade de forma

individual.

O ato moral concreto faz parte de um contexto normativo (código moral) que vigora em

uma determinada comunidade, o qual lhe confere sentido. Todavia, como manifestação concreta

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do comportamento moral dos indivíduos reais, é unidade indissolúvel dos aspectos ou elementos

que o integram: motivo, intenção, decisão, meios e resultados, e, por isso, o seu significado não

pode ser encontrado em apenas um destes aspectos ou elementos abstraídos dos demais.

Como fato consciente e voluntário, o ato moral supõe uma participação livre do sujeito

em sua realização, em que pese o caráter impositivo das normas morais. É a necessidade

histórico-social que condiciona o ato moral e que “harmoniza” a livre adoção e a coerção nele

contidos. Moral pode então ser definida como (Vasquez, 1989, p. 69).

(...) um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas

entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter

histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma

maneira mecânica, externa ou impessoal

Conforme a Ética revela, o código moral é um produto humano. Como tal, compõe o

processo histórico da humanidade. E podemos mesmo delimitar, no âmbito do processo histórico

da humanidade para

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