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SOCIOLOGIA BRASILEIRA

Por:   •  25/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.517 Palavras (7 Páginas)  •  241 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

SOCIOLOGIA BRASILEIRA

AVALIAÇÃO 3

Leonardo Henrique Fretes Barbieri   RA.: 621773

Caio Prado Júnior

1. Defina "sentido" tal como Caio Prado o utiliza na obra Formação do Brasil Contemporâneo, explique e exemplifique através de citações.

Caio Prado Júnior é um intelectual marxista brasileiro que vai pensar a história brasileira e os rumos do capitalismo e da revolução brasileira a partir de sua militância no Partido Comunista. O autor busca uma abordagem histórica do Brasil, tentando fazer uma análise a partir da luta de classes.

Em “Formação do Brasil Contemporâneo” é possível notar o viés marxista do autor ao analisar a formação do país através de sua história, a partir da compreensão da colonização e dos processos que geraram a formação da sociedade brasileira. Ele considera a colonização como parte de um processo muito mais amplo: a expansão marítima no sentido de “criar um povoamento capaz de abastecer e manter as feitorias que se fundassem e organizar a produção de gêneros que interessam ao seu comérico” (PRADO Jr., 1994, p. 24), ou seja, alimentar Portugal com as riquezas do país.

É aí que se encaixa o conceito de “sentido” definido pelo autor para entender a formação social do brasil. O autor considera que toda evolução de um povo possui um sentido visto à distância e “este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que constituem um largo período de tempo” (PRADO Jr, 1994, p. 19), desse modo ele considera que o sentido da evolução pode variar de acordo com os acontecimentos e circunstâncias para vias até então ignoradas. Sendo assim, ele coloca a colonização brasileira não como fato isolado, mas como parte de um todo de acontecimentos que impulsionaram o povoamento do país, sendo o sentido dela a necessidade de abastecer a metrópole e manter um controle sobre a colônia, diferentemente do sentido de outros processos de colonização na América.

2. Qual seria o caminho da soberania nacional sugerido implicitamente em sua obra?

Caio Prado Júnior, como dito acima, marxista e militante, passou pelo Partido Comunista onde ganhou grande bagagem para escrever sobre a Revolução Brasileira. Para o autor a revolução é um processo que realiza transformações sociais e estruturais em um período histórico curto, desse modo a soberania nacional se enquadra nesse processo revolucionário.

Sendo um dos processos revolucionários, o autor afirma que o caminho para a soberania nacional envolve outros processos, no interior do próprio capitalismo. É necessário o desenvolvimento das forças produtivas, já que o país é predominantemente capitalista porém não possui alta tecnologia, a economia continua sendo colonial. Sendo assim, é no interior do capitalismo e suas contradições que se chegará a um avanço da economia colonial, dando um salto rumo à independência econômica. Isso se daria pela luta por melhor renda e participação política e social que integraria a sociedade brasileira, além disso é necessário que a classe trabalhadora saia das condições miseráveis de vida. Somente com trabalhadores especializados, produtivos, consumidores e integrados politica e socialmente a produção se voltará para o mercado interno, dando passos à soberania nacional.

Para tal Caio Prado considera que o Estado tem papel essencial em controlar a iniciativa privada, para que não atue livremente, visando somente o lucro. O Estado deve orientar e regir esse investimento privado para que a produção de produtos básicos seja dirigida às massas. É necessário a integração da classe trabalhadora à sociedade e a distribuição efetiva de renda para o desenvolvimento econômico brasileiro de forma independente. Até chegar aí, Caio Prado aponta duas dificuldades: livrar-se da dominação pelo imperialismo da comercialização dos produtos primários brasileiros e vencer a estrutura agrária do país que produz para atender o mercado externo e não abastece as cidades. Seria, então, esse o caminho implícito na obra de Caio Prado Junior, principalmente na obra “Revolução Brasileira”.

Florestan Fernandes

3. De que modo Florestan Fernandes explica a heteronomia racial na sociedade de classes? Para responder, utilize termos e conceitos expostos pelo autor.

Florestan Fernandes faz uma análise, em sua obra, da integração do negro, recém abolido da escravidão, na sociedade de classes que vinha se formando. O autor observa que é indiscutível que cada fase de “avanço” da sociedade se intercala entre fases de compromisso com o passado, isso quer dizer que mesmo com a superação do escravismo a sociedade brasileira continua conservando elementos da fase anterior, do antigo regime.

Com a abolição da escravidão e a ascensão do sistema de classes no Brasil, o negro sofreu com “reminiscências vivas do passado e estruturas arcaicas que reconstruíam o antigo regime em vários níveis da convivência humana” (FERNANDES, F., 1965, p. 300), isso quer dizer que mesmo fazendo parte de um novo sistema, mesmo vivendo no sistema de classes, o negro não possuía um lugar nesse sistema de forma plena, como previa a abolição. O autor ressalta que as esferas em que isso aconteceu são mais evidentes em dois pólos extremos: nos círculos sociais constituídos pelas elites e os setores dependentes da plebe, dessa forma o povo negro era excluído tanto dos círculos das elites, como dos setores da plebe ficando aquém da sociedade de classes. Esses dois polos, elites e plebe, se relacionavam de acordo com os comportamentos e aparências exteriores, sendo que a plebe conseguia se integrar de forma superficial nos “interesses práticos” da sociedade conforme se dava a expansão urbana e econômica. Dessa forma, formam-se as  “ilhas culturais”: conforme os resquícios do antigo regime eram eliminados e desapareciam os contrastes mais gritantes entre o branco e o negro, aparecem as ilhas culturais que congregam as diversas variedades de heranças étnicas que não fazem parte dessa relação entre os dois polos.

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