Simbiótica Raças e Classes Sociais no Brasil
Por: Elaís da Luz • 22/8/2019 • Resenha • 2.478 Palavras (10 Páginas) • 185 Visualizações
IANNI, Octavio. “Povo e nação”. In: ______. Raças e classes sociais no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2004.
Inicialmente, destaca-se a necessidade de conhecer as condições de formação de uma sociedade que contem em seu bojo, além de outros elementos básicos, uma população “mestiça”. (p 283).
“[...] Inclinamo-nos [...] simplesmente em reconhecer-se no mestiço e no africano à capacidade para tornarem-se iguais ao branco quando favorecidos pelas mesmas oportunidades e condições sociais e de cultura. Iguais em aptidões gerais” (p. 284)
Havia [...] estudos que se preocupavam em constatar o progressivo branqueamento da população brasileira. [...] estabelecendo correlações entre mestiçamento e atraso sociocultural. [...] podem-se ver, nas condições e fatores que deram origem ao processo de conscientização da situação racial brasileira, os elementos fundamentais que levaram a inauguraram os estudos sobre o assunto. (p.285)
[...] um conjunto de normas e idéias discriminatórias que dificultam especialmente a integração e mobilidade social das populações negras e mestiças. (p286)
[...] as iniciativas da UNESCO e outras instituições estrangeiras colaboraram no desenvolvimento das investigações sobre o assunto. [...] que levaram a favorecer essas pesquisas [...] foi a ideia difundida que “no Brasil reinava a ‘democracia racial’”. (p.287)
É inegável que a situação racial brasileira sempre esteve marcada por profundas ambiguidades, destacam-se [...] a idealização do passado indígena [...] e a classificação ideológica do negro como africano, descendente de escravo [...] (p.291)
[...] tratava-se de investigar as peculiaridades do povo, a partir de sugestões da antropologia física e cultural do século XIX (p.294)
[...] a doutrina da inferioridade do mestiço, do negro e do índio convinha à camada dominante na sociedade brasileira interessada na manutenção do status quo. (p.295)
Em escala variável, a maioria das obras sobre as relações raciais no Brasil têm abordado aspectos mais importantes do preconceito. (p.302)
[...] coloca-se a contradição insuportável entre o mito da “democracia racial” e a discriminação efetiva, dirigida contra negros e mulatos. (p.303)
Em plano teórico, os estudos sobre as relações raciais às vezes padecem de postura insatisfatória, quanto à natureza real do objeto de estudo. (p.313)
A maneira pela qual se constituiu e continua a desenvolver-se a consciência que o povo brasileiro tem de si dificulta à compreensão satisfatória da realidade nacional. (p.315)
A partir de 1964, [...] ficou bem mais difícil falar em democracia racial em um país no qual o povo em formação foi jogado de novo ao nível de simples população de trabalhadores. (p.349).
A revolução burguesa resolveu muito bem o problema da transformação das raças em população compreendendo-se esta como uma coletividade de trabalhadores. [...] Houve uma vasta reeducação de uns e outros para que se ajustassem às exigências do mercado de força de trabalho. Agora todos são iguais e livres, enquanto proprietários de força de trabalho. (p.354)
Prefácio do livro Raça e ciência I.
Segundo o autor o racismo "é a expressão de um sistema de pensamento fundamentalmente antirracional e constitui um desafio à tradição de humanismo que nossa civilização reclama para si”. (p11)
COMAS, Juan, generalidades sobre os preconceitos e os mitos raciais, em Os mitos Raciais, In: ___Raça e ciência I. São Paulo: Perspectiva, 1970. 11-17.
Obs.: (1) o termo "raça” é utilizado no texto como ilustrativo da critica feita pelo autor, não possuindo assim a conotação ao qual pretende se criticar no conceito de raça, mas demonstrar como o termo raça variou durante os séculos de uma maneira pouco conceituada.
O autor dentro de uma perspectiva critica do termo "raça", utilizado como argumento de superioridade de um povo resultante de qualidades inatas, escreve:
"As diferenças psíquicas individuais são a fonte do erro em que caem certos partidos políticos grupos nacionalistas e sistemas sociais, quando impulsionam e exaltam o preconceito de 'superioridade racial' de seu grupo, por isso a história da humanidade está cheia de 'povos eleitos' que se vangloriam de suas pretensas virtudes e de esplêndidas qualidades inatas.". (p.12)
Segundo o texto: a mais antiga referência à discriminação contra negros foi encontrada num marco mandado erigir por ordem do Faraó Sesóstris III [1887-1849.a.C] e que fora dada muito mais por motivos políticos do que por preconceitos raciais. (p13)
"Os gregos há 2000 anos atrás consideravam todos os homens que não fossem de sua própria ‘raça’ como bárbaros e Heródoto conta-nos que os persas, por seu turno, consideravam ser muito superiores ao resto da humanidade". (p13)
Obs.: o termo "raça" para os gregos e persas nessa passagem tem mais a função de discrição xenófoba do que de racismo.
Segundo o autor a ideia de "superioridade racial" de vários povos dominantes sobre seus dominados dentro da própria Europa e Oriente médio, "não são a rigor, exemplos de 'racismo', nem o impiedoso antagonismo entre cristãos e mulçumanos possui uma razão racial. A aversão ou ódio surgido das diferenças de grau de cultura ou de crença religiosa são mais humanos do que o preconceito baseado nas implacáveis leis da hereditariedade”. (p.14)
Baseado na afirmação acima o autor escreve: "pode-se afirmar que falando de uma maneira geral, não havia verdadeiro preconceito racial antes do século XV”. (p.14). Isso porque a divisão da humanidade estava baseada, sobretudo na animosidade entre cristãos e infiéis (não cristãos).
Segundo o autor o aumento considerável dos preconceitos de raça (1) e cor depois de século XV; pode ser explicado face aos interesses econômicos e do fortalecimento do espírito do colonialismo imperialista e a outros fatores. (p.14)
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