Sociologia E Teoria Social

Leach e os estudos simbólicos

Edmund R. Leach e os estudos simbólicos

Assim como seus estudos de parentesco e de organização social tiveram grande repercussão, seus estudos simbólicos também foram bastante significativos, colocando-o efetivamente numa posição de destaque na antropologia social. Nesse sentido, ele parte de trabalhos onde as sugestões mais abrangentes soam tímidas para ensaios onde uma visão estrutural do mundo é sempre mais aberta e resoluta, discutindo uma perspectiva maior e mais abrangente que a da consciência individual, tema central na sua argumentação quando decide atacar o problema do significado social e simbólico do cabelo, no ensaio "Cabelo Mágico". Nesse artigo estabelece uma grande discussão com um psicanalista, e oferece razões sociológicas como eficientes substitutos para uma interpretação puramente psicológica, buscando a lógica do social, em contraposição a uma lógica individual, como o modo mais adequado de dar conta dos movimentos simbólicos do corte e do tipo de cabelo e das ações padronizadas que ocorrem no ritual da Kava.

Muito embora haja, sem sombra de dúvidas uma considerável originalidade e autonomia crítica sugerindo ou adicionando pontos importantes na análise estrutural e nos escritos simbólicos de Leach, não há como negar, de alguma maneira, a influência de Lévi-Strauss nos mesmos. Nos seus escritos de análise estrutural da bíblia, Leach nega os receios de Lévi-Strauss, para estudar o "Gênesis enquanto um mito", oferecendo as enormes possibilidades de aplicação do método de análise dos mitos, tal como ele foi proposto e desenvolvido por Lévi-Strauss, para o escrutínio sociológico do "texto sagrado", obtendo surpreendentes resultados. Um dos temas que Leach parece ter descoberto em suas análises bíblicas é a preocupação dos antigos hebreus com o incesto, a homossexualidade e o objeto da relação sexual permanente; temas que claramente se juntam com o das proibições alimentares para revelar um povo vivamente preocupado com suas fronteiras cósmico-sociais e com a manutenção de um status de superioridade moral que, na sua crença, foi-lhe atribuído por Deus.

Ainda no campo dos estudos simbólicos, no ensaio "nascimento virgem", Leach retoma a controvérsia antropológica clássica acerca da possibilidade de certos povos primitivos, em especial os aborígenes australianos e os Trobriandeses, serem ou não "ignorantes dos fatos da paternidade fisiológica" quando originalmente encontrados pelos primeiros etnógrafos, o que para Leach, eles não o eram e observa que a crença do antropólogo na ignorância dos seus contemporâneos primitivos demonstra uma surpreendente resistência diante da evidência em contrário e examina as razões pelas quais os antropólogos têm predisposição para pensar desta maneira, e sugere que:

"Uma vez deixado de lado o preconceito sobre a ignorância e o primitivismo, defrontamo-nos com importantes problemas para investigar. Doutrinas sobre a possibilidade de concepção sem a inseminação masculina não