Sociologia do Trabalho
Por: Ana Paula Caputo • 3/12/2015 • Trabalho acadêmico • 11.917 Palavras (48 Páginas) • 249 Visualizações
Universidade Estadual do Norte Fluminense
UENF/CCH
Programa de Pós-graduação em Políticas Sociais
Trabalho da disciplina Sociologia do Trabalho
Pós-Graduação em Politicas Sociais
Prof: Geraldo Márcio Timóteo
Aluna:Ana Paula de Lima Caputo de Freitas Martins de Sousa
Agosto/2012
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF
Centro de Ciências do Homem – CCH
Pós Graduação em Políticas Sociais - PGPS
Disciplina Sociologia do Trabalho
Prof. Geraldo Timóteo
Aluna: Ana Paula de Lima Caputo de Freitas Martins de Sousa
Questões:
1) No texto “Marxismo e Sociologia”, de Tom Bottomore, ele afirma que Marx buscava, com sua metodologia de trabalho, baseada na dialética, afirmar uma análise que circunscrevesse um “todo compreensivo”. Ou seja, ele buscava elementos que descrevesse uma realidade social capaz de ser compreendida e explicada. Já Weber, em suas explicações metodológicas, buscava demonstrar que a análise causal das ciências sociais era multidimensional. Isso significava que ao analisar-se uma realidade social a perspectiva interpretativa que buscava gerar o entendimento sobre uma situação social era, sempre, uma escolha arbitrária advindo da opção teórica metodológica assumida pelo pesquisador.
Com base nessa interpretação dada por Weber e por Marx, analise a razão e as consequências de Karl Marx ter construído sua interpretação da realidade social tendo por base o conceito fundamental do “trabalho humano”.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que, segundo Bottomore, a teoria de Marx tinha por objetivo ser uma nova matéria de estudo comparada a sociologia, uma ciência geral da sociedade. Estas, porém se desenvolveram em vertentes distintas e ocupam-se do objeto de estudo de forma diferentes.
A teoria de Marx é desenvolvida a partir de conceitos da filosofia, dentro deste panorama Hegel exerce grande influência nos pensamentos de Marx que irá confrontá-lo em algumas questões sobre o trabalho, um dos pontos divergentes entre a Teoria de Marx e a Teoria de Hegel reside em que o trabalho para Hegel tem um cunho espiritual, nesta teoria era defendida a visão de que o trabalho tinha um poder redentor, que transformava o homem em um ser melhor, porém para Marx o homem se relaciona com a natureza, na realidade para ele o homem é o único ser que se relaciona com a natureza e gera riqueza desta, demonstra ainda que a produção material e intelectual andam conjuntamente. Em Hegel o trabalho está relacionado com artes e filosofia, para Marx trabalho é a ação que produz riqueza. Outro ponto discordante é quanto a idéia de alienação, para Hegel alienação é um ponto positivo, já para Marx isto é visto de forma negativa, em ambos os casos a alienação está ligada ao trabalho, porém para Hegel, o trabalho é a essência do homem, ou seja, somente através do trabalho o homem pode realizar-se plenamente. Para Marx o sentido de alienação está ligado ao conceito mais econômico e social, o trabalho alienado para Marx é aquele que escraviza, que é imposto e forçado, que o produto do trabalho seja maior do que a remuneração do trabalhador, e aí neste quesito Marx desenvolve seu conceito amplamente difundido da Mais Valia, que será analisado posteriormente. Alienação para Marx é o que faz o indivíduo não compreender seu papel no contexto social, é o que impede o indivíduo de se identificar, de identificar a que classe pertencem, ou como ele se identifica perante a sociedade.
Com a desconstrução dos conceitos de Hegel, Marx começa a construir sua Teoria da sociedade, segundo Bottomore podemos citar alguns dos elementos principais onde pode-se observar um encadeamento do pensamento Marxista. Para Marx o trabalho era o elemento chave que explica a influência do homem na natureza, Marx aponta a questão de que o homem muda a natureza, e desta forma modifica a sociedade através da evolução histórica observada no mundo do trabalho, ainda dentro do quesito histórico procede-se a outro elemento da teoria de Marx, onde o trabalho é marcado por fases, ou seja, em cada momento da história o trabalho exerce uma influência sobre a sociedade, Marx também atribuía ao processo histórico o caráter progressista, onde a sociedade historicamente vem dominando a natureza a partir de uma evolução que pode ser acompanhada na história, cada vem mais na história o homem vem obtendo maior controle sobre a natureza.
O domínio da natureza para Marx mesmo sendo uma condição de evolução histórica não apresenta realmente uma evolução no sentido de melhorar a condição de produção da sociedade, na realidade aí se encerra os primórdios da Teoria de Marx sobre o materialismo histórico, muito embora o próprio Marx nunca tenha citado este nome.
Na teoria do materialismo histórico Marx explica que toda a evolução histórica da sociedade ocorre a partir das lutas e dos confrontos das classes sociais a partir de suas diferenças, onde um homem explora outro até que este se revolte de alguma forma, aí reside a evolução histórica, por exemplo, os confrontos entre os senhores feudais e seus servos, onde estes últimos eram explorados por seus senhores através da cobrança de impostos, de concessões das mais diversas e da gama de privilégios que estes desfrutavam por conta de sua posição hierarquicamente superior, os servos, em geral, recebiam em troca a proteção do senhor feudal, proteção de armas, pois estes guerreavam para defender seus feudos o que na realidade representava a própria defesa de seu poder, pode-se equiparar este a luta de um rei por seu trono, em nome desta “proteção” os senhores feudais recebiam o direito de explorar seus servos. No espírito capitalista a relação evidenciada por Marx é a de trabalhador X patrão, Marx acreditava que somente a luta poria fim a exploração da classe trabalhadora, em seu livro o manifesto do partido comunista, que na realidade se tornou um livro, mas que era o que poderíamos equiparar a um panfleto hoje em dia. Neste Marx faz um chamado a classe trabalhadora com a célebre frase “Proletários de todos os países, uni-vos!”, demonstrando assim sua principal marca, a luta, a busca de seus objetivos a partir da dialética.
O materialismo histórico é fundamentado na observação da realidade, e como esta estabelece as relações sociais e como se desenvolve, dentro deste ponto Marx desenvolve a partir dos conceitos de infraestrutura e superestrutura, onde pode-se comparar a sociedade com um edifício no qual as fundações, ou seja, a infraestrutura, é a representação de sua estrutura econômica, enquanto o revestimento do edifício seria a superestrutura, ou a representação de instituições (políticas, religiosas, jurídicas), o objeto de estudo da sociologia é a infraestrutura, pois é através desta que se explicará os problemas e comportamentos da superestrutura. É na análise das estruturas e superestruturas que se desenvolvem em um meio de produção que Marx desenvolve suas teorias, ele chama sua teoria de “o fruto de uma análise totalmente empírica”.
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