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Síntese de Casa Grande e Senzala, Raízes do Brasil e Formação do Brasil Contemporâneo

Por:   •  7/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.652 Palavras (7 Páginas)  •  255 Visualizações

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NOME: Diego de Oliveira Fioravanti              RA: 11201811142

Síntese do principal argumento de Casa Grande & Senzala, Raízes do Brasil e Formação do Brasil Contemporâneo

Nesta síntese, será resumido o argumento principal de Gilberto Freyre em Casa-Grande & Senzala, de Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil e de Caio Prado Jr. Em Formação do Brasil Contemporâneo. Os três autores, em suas respectivas obras, tentam interpretar o Brasil, socialmente ou economicamente, utilizando métodos e visões diferentes para isso. Freyre contrapões os racialistas e argumenta que a miscigenação não é o verdadeiro problema do país, mas sim a escravidão. Sérgio Buarque atribui ao “Homem Cordial” a causa dos problemas da sociedade. E Caio Prado Jr. aponta que o excesso de capitalismo associado a super exploração do trabalho é a verdadeira mazela brasileira, além de criticar a esquerda brasileira da época (por volta de 1940).

Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, critica duramente os racionalistas do século XIX, que se baseavam em teorias pseudocientíficas para afirmar que o problema da sociedade é causado pela miscigenação. Para a elaboração da crítica, Freyre utilizou do método empírico, baseando-se em relatos e em diários de pessoas comuns do período colonial. Segundo ele, a miscigenação não é o problema, mas sim a escravidão, que fez com que a sociedade fosse baseada na violência, tanto que é citada a cantiga “Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu...”, onde pode-se observar pura violência que acaba sendo naturalizada e minimizada e que posteriormente é ensinada ao menino branco da casa-grande, com o intuito de ensina-lo e educa-lo que a violência contra escravos, que eram considerados animais, e indivíduos inferiores era algo normal e natural. Mas Gilberto cita as relações que existiam entre a Senzala e a Casa grande, as quais foram fundamentais para a formação da miscigenação da sociedade. Os senhores, motivados pela falta de mulheres brancas no país, recorriam as suas escravas para praticarem atos sexuais, que eram tratadas como objeto sexual. Com isso, as escravas acabavam engravidando e gerando uma mistura entre duas “raças”, o que é extremamente positivo para Freyre. Ele cita também que os escravos faziam de certa forma parte da família, pois eram designados para trabalharem em funções como por exemplo ser babá dos filhos do senhor, ou em funções domesticas, como cozinhar. Essa é a diferença apontada por Freyre entre a colonização portuguesa e a espanhola: aqui, as classes sociais tinham uma certa união, e segundo ele “O que a economia separa a família une”. Esse é o principal argumento para a miscigenação de Freyre no livro.

Em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque diz que nossa sociedade é formada unicamente pelo “homem cordial”. Esse “homem cordial” pode ser considerada como a intimidade que o brasileiro tem um com o outro, onde muitas vezes ela pode ser considerada até ofensiva se for vista por outras sociedades. Ele cita a profunda interligação e dominação do Estado pela Família, onde o brasileiro age apenas pelo coração e pelo sentimento, e para ele esse é o problema de nossa sociedade. Esse “jeito brasileiro” seria a causa da falta de organização social do país, que gera a violência e a desvalorização do trabalho, já que o brasileiro tende a buscar por dinheiro e poder fácil e sem esforço ao decorrer de sua vida.

E esse “homem cordial”, segundo o autor, tem origem no período colonial, sendo, portanto, fruto da nossa história. É a essência do homem brasileiro, é a nossa identidade nacional, formada pela Família patriarcal, escravocrata e aristocrática, que provoca uma instabilidade na nossa estrutura política, econômica e social. E com essa instabilidade, o autor justifica o fracasso de Barão de Mauá, que tentou industrializar um Brasil sem estruturas. Além disso, é argumentado que a democracia em nosso país sempre foi um grande engano, e que as revoluções aqui feitas foram muito devagar e não alteraram em quase nada a nossa realidade. Ele usa como exemplo a urbanização, onde ideais escravocratas como a super exploração do trabalho se mantiveram presentes nas relações sociais. O escritor argumenta também que o motivo das revoluções serem tão lentas e ineficientes é de que o Brasil é muito calmo e pacifico, o que impossibilita uma verdadeira revolução.

O autor é extremamente pessimista e desiludido com o Brasil do primeiro até o sexto capítulo. No sétimo capítulo, intitulado de “Nossa Revolução”, torna-se progressista e sugere uma revolução, que extinguiria a cordialidade, instaurasse a verdadeira democracia e que colocasse fim na nossa herança colonial, para que o Brasil criasse a partir de então a sua própria história e as suas próprias particularidades, e que essa seria a solução para a sociedade.

Já Caio Prado Jr. realiza uma abordagem diferente dos demais autores, focando principalmente nas relações econômicas. A Formação do Brasil Contemporâneo, basicamente, é uma crítica aos membros do Partido Comunista Brasileiro dos meados da década de 1940, e ao congresso do comitê internacional de Moscou, realizado em 1929, dizendo que os dois são marxistas dogmáticos e que isso os levaria a erro.  A principal base de sua crítica está na afirmação feita pelo congresso, de que existiu o feudalismo no Brasil, e que o país sofre com o imperialismo de outras nações mais ricas. Caio Prado Jr. refutará todas essas afirmações durante o livro.

Caio explica que o feudalismo nunca existiu do Brasil pelo simples motivo que a relação de trabalho do modo de produção feudal (ele utiliza os critérios marxistas para diferenciar os meios de produção, utilizando para isso as relações de trabalho) que é a Parceria nunca existiu no país. O que existiu desde o começo foi a escravidão, e que ainda deixa resquícios na nossa sociedade. Ele mostra que na relação de Parceria, o camponês está associado ao Senhor Feudal e tem a posse de um pedaço de terra fértil dentro do feudo. Ele deve trabalhar alguns dias exclusivamente para o Senhor Feudal, mas a maior parte dos dias trabalha para si mesmo. Ele tem autonomia e liberdade para fazer o que quiser, para produzir o que e o quanto quiser. Já na relação de escravidão do Brasil, o trabalhador rural/escravo é uma propriedade do Senhor da Casa-grande, trabalha exclusivamente para ele e não possui autonomia e sequer alguma liberdade. É com isso que Caio Prado argumenta que o feudalismo nunca existiu no Brasil, e que o país já nasceu capitalista e que é um erro acreditar que aqui existiu um período pré-capitalista, já que o país desde o início esteve voltado para a produção e exportação de produtos, como a cana-de-açúcar e posteriormente o café, e também pelo fato da super exploração do trabalho, resquício da escravidão, estar fortemente presente. Prado termina a análise desta afirmação concluindo que as teorias que tentam aplicar no Brasil acabam distorcendo a realidade e destruindo o verdadeiro conceito delas, e que elas nunca conseguirão obter excito no nosso país, e que a escravidão, embora tenha sido extinta, deixou marcas profundas na economia brasileira.

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