Tempos Modernos
Por: ThaisB • 11/4/2015 • Resenha • 1.172 Palavras (5 Páginas) • 354 Visualizações
No decorrer dos anos, foram muitas as mudanças que trouxeram consequências diretas às sociedades e suas formas de trabalho. Porém, mesmo diante de tantas transformações, o trabalho não deixou de ter um significado importante para o ser humano, isso se dá pelo fato do trabalho estar diretamente ligado ao sustento e à sobrevivência da pessoa humana. Nem mesmo as especulações sobre o fim do trabalho, por parte de alguns estudiosos, conseguiram descentralizar a sua importância, tendo em vista que a fonte de renda proporcionada por ele é indispensável dentro do modelo capitalista no qual nossa sociedade está inserida.
O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, retrata a lógica capitalista e suas conseqüências trágicas para a sociedade, como a miséria; a opressão concentrada e organizada para ativar artificialmente o processo de transformação; a lógica central da oferta e da procura, o que obriga a formação de um exército de reserva forçado, aumentando a oferta de mão-de-obra e diminuindo assim, os salários e os direitos desses trabalhadores; além do Big Brother que monitora os trabalhadores que estão no chão da fábrica e trata-os como extensões das máquinas que estão operando, cena tão imersa na ideia de produtividade e de que alguém só será um bom administrador à medida que planejar cuidadosamente todos os seus passos, organizar e coordenar as atividades de seus subordinados e comandar e controlar seu desempenho, como foi defendido na Escola Clássica e/ou Movimento de Administração Científica.
Essas primeiras escolas tinham como foco principal a produtividade do trabalho. Taylor, por exemplo, preocupou-se muito mais com a racionalização dos métodos e sistemas de trabalho, do que com a racionalização do trabalho em si. E, para garantir que os padrões fossem atingidos, Taylor sugeriu a seleção, o treinamento e o controle dos trabalhadores, como acontece na cena acima citada. O homem não é visto como um ser pensante, ele é tratado como máquina, repete determinado movimento até a exaustão e ao ponto de não se dar mais conta dos limites daquele movimento e de suas consequências. Ele não participa, nem conhece todo o processo de fabricação. Os donos das fábricas apenas exigem dele a execução de uma tarefa específica, numa jornada de trabalho extensa e onde tudo é controlado. No filme, o controle chega a ser tão extremo que até o intervalo é interrompido pelo Big Brother, e ainda há, em outra cena, a cogitação de se utilizar uma máquina automática para alimentar os trabalhadores, com o intuito de que eles produzam enquanto se alimentam.
Contrários a essa situação estavam pensadores socialistas utópicos, como Claude Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen, que acreditavam na degradação moral do capitalismo, no contágio do egoísmo e da necessidade de dominação por parte do Estado. Eles acreditavam na possibilidade de um futuro melhor e numa sociedade ideal, imagens visionárias que foram superadas pelas realidades da luta de classes e da ação coletiva dos futuros movimentos operários. No filme, há grandes indícios dessas primeiras articulações por parte dos trabalhadores, que buscam a abertura de espaços políticos, se rebelam, fazem greve e, por meio do surgimento desses movimentos sociais, buscam seus direitos. A bandeira vermelha, símbolo da esquerda, é utilizada com grande sabedoria para apresentar essa luta da classe operária em uma das cenas, quando Chaplin é preso por, sem querer, estar segurando essa bandeira.
Robert Owen foi um dos pioneiros a debruçar-se sobre a Teoria das Organizações e “merece destaque entre os precursores da racionalização do trabalho e da sociedade, partindo do pressuposto de que o caráter do homem é pré-fabricado em grande medida pelos seus predecessores, mas de que a natureza humana podia ser facilmente treinada e dirigida (Motta, 2003)”, como acontece, no filme, com Chaplin e os demais trabalhadores da fábrica.
O filme ainda traz o progresso impressionante dos novos instrumentos de produção, retratados pelas grandes máquinas, cheias de parafusos e motores e que, quando comparadas aos antigos instrumentos de produção, apresentam-se como imensamente superiores. Porém, tão imensa quanto o progresso tecnológico, é a desarticulação na vida das pessoas comuns. No filme, essa situação é retratada em vários momentos, como quando um pai de família luta em busca de emprego para ter
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