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Violência E Segurança pública

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Por:   •  24/8/2014  •  8.786 Palavras (36 Páginas)  •  304 Visualizações

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WIEVTIOeRmKpA,o M iSchoelc. iOa nl;o vRo epva.r aSdoigcmioa ld. aU vSioPlê,n cSia. . PTeamulpoo, S9o(1ci)a:l ;5 R-4ev1. ,S mocaioilo. U dSeP ,1 S9. 9P7a.ulo, 9(1): 5-41, maio de 1997.

ESTRATÉGIAS DE

INTERVENÇÃO POLICIAL

NO ESTADO

CONTEMPORÂNEO

O novo paradigma da violência

MICHEL WIEVIORKA

RESUMO: O autor procura redimensionar o conceito de violência dentro do

atual estado de globalização mundial. Crise internacional, narcotráfico,

derrocada do bloco socialista no leste europeu, políticas assistenciais de

organismos internacionais, conceitos de desenvolvimento e de subdesenvolvimento,

terrorismo, sectarismo político e religioso, novas

conceituações culturais e sociais são temas trabalhados pelo autor com vistas

ao estabelecimento de um novo paradigma da violência.

violência não é a mesma de um período a outro. Nesse sentido, o

historiador Charles Tilly faz um esclarecimento útil quando se

propõe a caracterizar cada grande época histórica que ele estuda

por seu “repertório” específico das formas da ação, e mais particularmente

da violência (cf .Tilly, 1986). Precisamente, as transformações

recentes, a partir dos anos 60 e 70, são tão consideráveis que elas justificam

explorar a idéia da chegada de uma nova era, e, assim, de um novo paradigma

da violência, que caracterizaria o mundo contemporâneo. Quer se trate das

manifestações tangíveis do fenômeno, e suas representações ou da maneira

como as ciências sociais o abordam, mudanças tão profundas estão em jogo

que é legítimo acentuar as inflexões e as rupturas da violência, mais do que as

continuidades, que por isso se deve para tanto subestimar. Acrescentemos

que, deixando de lado como aqui o faremos, a questão do aperfeiçoamento

tecnológico e científico no domínio das armas, estaremos nos privando de

elementos que certamente vão no sentido da idéia de um novo paradigma1.

UNITERMOS:

violência,

Estado,

violência do Estado,

criminalidade,

segurança,

políticas públicas,

políticas

internacionais,

globalização. A

Diretor do Centre

d’Analyse et d’Intervention

Sociologiques

CNRS-Paris, França

WIEVIORKA, Michel. O novo paradigma da violência. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 9(1): 5-41, maio de 1997.

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1. Mudanças

a. Novos significados

A violência, hoje, renovou-se profundamente nos significados de

suas expressões mais concretas, e insistiremos aqui, no essencial, nas mudanças

que a caracterizam desde o fim dos anos 60. Uma perspectiva de mais

longa duração, tomando por exemplo como período de referência o século

que passou, não comprometeria a hipótese de um novo paradigma que vamos

examinar; ela sugeriria simplesmente, talvez, que entre as significações mais

decisivas de hoje, algumas se assemelham às que caracterizaram o início da

era industrial, quando as classes contestadoras nascentes eram percebidas como

classes perigosas ou que, em um país como a França, fenômenos de bandos e

condutas de violência juvenil imputadas aos “Apaches” ocupavam as colunas

dos jornais2.

a1. Importantes nos anos 70 e ainda nos 80, a violência política e o

terrorismo de extrema-esquerda – ligados à longa desestruturação das ideologias,

dos regimes e dos partidos de inspiração marxista-leninista, assim como

a uma recusa cada vez mais artificial em perceber o declínio histórico do

movimento operário – regrediram em toda parte; Ação Direta, Brigadas

Vermelhas, Células Revolucionárias, Facção Exército Vermelho, etc. Esse tipo

de organização está esgotado em praticamente todo o mundo, quase

liquidado historicamente – o que não quer dizer que será preciso excluir, no

futuro, o retorno de ideologias marxistas-leninistas e violências que nelas se

inspiram, como já se vê hoje no México, onde a guerrilha do ERP (Exército

Popular Revolucionário) adota orientações que lembram sob vários aspectos,

os anos 60 e 70.

Quase simetricamente, a violência de extrema-direita, animada por

projetos de tomada do poder do Estado, também regrediu, muitas vezes substituída

por condutas que não visam mais assegurar a seus atores o controle do

Estado mas, ao contrário, a manter atividades privadas fora do controle do

Estado.

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