Análise do anúncio a respeito do princípio da respeitabilidade do CONAR.

ÉTICA PUBLICITÁRIA

Proposta: Análise do anúncio a respeito do princípio da respeitabilidade do CONAR.

Anunciante: Evoluxe

Título do anúncio: Evoluxe - Cabelos crespos têm solução

​O CONAR foi notificado por dezesseis consumidores a respeito da mensagem exposta no outdoor da marca Evoluxe que, dentre os demais elementos gráficos, possui os seguintes dizeres “Cabelos crespos têm solução”. Como argumento os consumidores alegaram que a mensagem externa racismo por parte da marca, uma vez que pode ser interpretada como se afirmasse que os cabelos crespos representam um problema, e o produto, uma possível solução.

​Ao analisar o relatório o CONAR decidiu por seu arquivamento, pois considerando a defesa do anunciante, que afirmava não conter teor racista, descartou as acusações alegando, portanto que trata-se apenas de uma questão de má interpretação. Entretanto, de acordo com os artigos 19 e 20 contidos no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, quanto aos princípios da respeitabilidade, toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana e nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade.

​Neste caso, penso que houve negligência diante da análise desta ocorrência, visto que não é necessário muito para se evidenciar a total falta de bom senso e tato do anunciante diante de seus consumidores. Está claro que não houve ponderação quanto à redação, tampouco a marca mostra-se preocupada com imprudência ocorrida, uma vez que toda comunicação deve ser explorada por todos os ângulos, certificando-se de que a mensagem transmitida é clara, enxuta e inofensiva. Esse sem dúvida foi um erro grave, mesmo diante das normas estabelecidas pelo conselho, o mercado atual de cosméticos passa por uma renovação de consumo, as demandas são outras e os consumidores se libertaram há muito de padrões e estereótipos de beleza, diferentemente da marca envolvida.

Não só o mercado publicitário, mas tudo o que nos tange como sociedade civilizada, e até seres humanos, tem estado cada vez mais engajado e preocupado com os direitos dos indivíduos. A comunicação sempre foi e continua sendo o principal elemento que nos une neste espaço, e não deve ser usada a fim de propagar mensagens de ódio ou segregação, mesmo que estas se apresentem nas menores proporções. Desta forma, nós como comunicadores temos a obrigação de pensar em tudo e em todos, sem exceção, e se acaso nos depararmos com qualquer situação que agride o princípio ético do bem comum, devemos imediatamente corrigi-lo, e não ocultá-lo como vem ocorrendo frequentemente em nosso meio.