As redes de streaming e a mudança no consumo de produtos audiovisuais
Por: cacetames • 7/11/2015 • Projeto de pesquisa • 2.299 Palavras (10 Páginas) • 465 Visualizações
AS REDES DE STREAMING E A MUDANÇA NO CONSUMO DE CONTEÚDOS AUDIOVISUAIS
Introdução
Conforme o mundo foi evoluindo, até chegarmos na era digital, a mobilidade também mudou e surgiram novas formas de movimentação. O mundo móvel, consequência do surgimento da era digital, criou o ambiente necessário para o surgimento do jornalismo móvel, característica principal dessa era. No mundo móvel, a mobilidade vai além de só espacial e se torna informacional. A informação passa a mover-se pelos computadores, pelos aparelhos, ou seja, pela rede.
Esse novo tipo de jornalismo, complexo e adaptável, assim como o mundo móvel, precisa ser feito de maneira tangente com uma miríade de plataformas. No mundo móvel, a cibercultura é elemento crucial e o jornalismo precisa se relacionar intimamente com ela nesse processo de reinvenção. Mas qual seria o processo de produção jornalística característico desse novo tipo de jornalismo, imerso nesse novo mundo?
Em pleno século XXI, as tecnologias digitais são uma grande parte da resposta para essa pergunta. Elas afetam diretamente o processo tradicional previamente estabelecido no jornalismo. Com o boom dessas tecnologias, uma reconfiguração no jornalismo começou a surgir. O processo de apuração mudou, assim como as produções em campo e o compartilhamento dos conteúdos foi o que sofreu mudança mais drástica. A distribuição da informação pelas redes móveis fez com que o trabalho do jornalista atual fosse multifuncional. O consumo de conteúdo, não só noticioso, mas midiático, se transformou completamente a partir do momento que aparelhos como tablets e smartphones surgiram, com suas estruturas simples de usar, com apenas um toque.
A partir disso, atesta-se o conceito de jornalismo móvel como algo que tem como base a nova atmosfera criada a partir do surgimento das tecnologias móveis e das novas tecnologias digitais como, por exemplo, as redes de streaming, que representam plataforma muito interessante a ser usadas nesse processo de convergência. A disseminação desse novo modo de produzir conteúdo a partir de uma perspectiva digital se dá, muitas vezes, através dessas redes. A Mídia Ninja é um bom exemplo disso, que vale-se de narrativas ao vivo via smartphones e aplica o streaming como instrumento central de produção.
A tecnologia do streaming é, incontestavelmente, uma ferramenta inovadora que está entrando cada vez mais em ascensão. É uma tecnologia que, mais especificamente, vale-se de um fluxo de dados de um servidor, através do disparo contínuo de conteúdos audiovisuais, que são captados e carregados em trechos contínuos de vídeo na tela, sem interrupções. A ideia central é que o servidor e o player sejam colocados como um time, fazendo com que os dados sejam transmitidos em tempo real. Por dessa tecnologia, conteúdos de diversos temas são distribuídos, de acordo com a velocidade da internet de quem os acessa. Segundo o autor Fernando Firmino da Silva, em seu livro “Jornalismo Móvel”:
É necessário enfatizar que a construção desse espaço jornalístico descentralizado (a redação móvel) realiza-se através do aporte da infraestrutura de conexão sem fio (3G, 4G, Wi-Fi, WiMAX ou Bluetooth) e das tecnologias móveis digitais, portáteis e ubíquas (celular, smartphone, tablets, netbooks, gravadores, câmeras digitais e similares). O jornalismo móvel redimensiona a produção ou o fazer jornalístico a partir da interface desse conjunto de tecnologias e de estratégias agregando mudanças e novos valores às rotinas produtivas dos jornalistas ou às formas de consumo e de interação mediada por dispositivos móveis. (2015, p.11, 12)
Também é importante ressaltar que o usuário da rede de streaming não retém o conteúdo midiático em seus equipamentos pessoais, o que faz com que o streaming seja visto como uma alternativa a downloads ilegais. Mas esse não é o foco. Na grande maioria das vezes, os conteúdos reproduzidos por streaming têm seus direitos autorais reservados e, por conta do não armazenamento pessoal, a transmissão do conteúdo não constitui uma cópia ilegal.
No cenário exposto, é cabível dizer tecnologias de mobilidade como o streaming, abrem o leque para novos movimentos no jornalismo e no consumo de mídia por conta de todos que fazem parte da era digital. Hoje em dia, é possível que de dentro de nossos apartamentos, acompanhemos um movimento político na Europa ou um terremoto na Ásia. Documentários sobre assuntos que não temos domínio são disponibilizados em massa para escolhermos e o consumidor já não precisa esperar muito para consumir mídia. As redes de streaming possibilitaram a criação de uma mídia cidadã, que pode, facilmente, levar ao público o que ele deseja e essa nova redação móvel ocupa uma posição social e cultural nos dias atuais.
A apropriação das tecnologias móveis, baseada na microeletrônica na década de 1970, demarca flexibilidade e traços dos sistemas de mobilidade na aplicação para o jornalismo ao serem incorporadas na rotina jornalística como plataformas de produção no terreno da computação móvel como mediação dos processos afetados ou redimensionados na prática jornalística com o uso sistemático. (2015, p.20)
A mobilidade do consumidor de mídia também deve ser levada em consideração. O consumidor da era digital demanda atualizações cada vez mais rápidas e plataformas cada vez mais dinâmicas e, além do aspecto de consumo, interesse e distribuição, a necessidade do trabalho em equipe na era digital, independente de estarem situadas dentro ou fora do mundo físico, também é algo que deve ser colocado em pauta. Equipes trabalhando em sintonia são necessárias para que, por exemplo, seja feita a atualização das notícias nas redes sociais ou para transmissão em streaming de áudio ou vídeo do local de algum acontecimento. Ou seja, toda esse submundo do mundo móvel e das tecnologias avançadas como o streaming, necessitam de uma problematização, a fim de entender essas múltiplas facetas da prática jornalística e do conteúdo de notícias
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