Resenha Critica: Odiados pela Nação

Resenha Critica

Odiados pela Nação

        O sexto episódio da terceira temporada de “Black Mirror” acompanha a saga das detetives Karin e Blue, que buscam a solução de dois assassinatos envolvendo pessoas famosas nas redes sociais. Odiados pela nação é cercado por uma trama que envolve ficção científica, suspense policial e tecnologia. A história é conduzida sobe a direção de James Hawes, onde o foco principal é o ódio espalhado nas mídias sociais.

        

        Essa narrativa mostra a propagação do ódio gratuito de forma generalizada abrangendo pessoas totalmente desconhecidas, onde o crescimento é proveniente do uso inadequado da rede. Isso é visto em detrimento da falta de informações, pois a maioria dos compartilhamentos é feito sem aprofundamento ou leitura. É possível vê em uma das cenas, uma mulher sendo hostilizada por postar algo em que acreditava e depois sendo morta, e a tecnologia que era para simplificar a vida, contribuiu para que o óbito viesse a acontecer. Em outra, uma mulher tenta o suicídio após se vê sendo alvo de xingamentos e ofensas em sua página na internet. A verdade é que a grande maioria das pessoas não tem noção sobre o que estão fazendo na rede ou qual efeito o que elas compartilham causam na vida dos demais. Não se trata da tecnologia ser boa ou ruim, mas de como a temos usado, pois foi criada para trabalhar a nosso favor, não contra nós, para ser uma facilitadora, por isso é importante manuseá-la de forma consciente e correta.

        Outro ponto importante do episódio trata-se das abelhas, que por estarem em extinção, foram criadas as IDAS, que são abelhas geneticamente modificadas e a tecnologia acabou sendo usada para monitorar e controlar a vida das pessoas. Não é difícil hoje associar as abelhas com a internet. Assim, vemos como é fácil que nossas ideias e identidades podem ser facilmente moldados pelas instituições de poder, seja ela a mídia ou governo.

        “Odiados pela nação” tem temas muito bem explorados que causa reflexão instantânea, que são capazes de fazer o publico pensar, como por exemplo os “cidadãos de bem entregue a essa histeria coletiva de justiçamento”. A forma como o episódio mostra a sociedade agindo em efeito manada, projetando ódio de forma inconsequente, é bem colocado.

        O enredo embora conduzido de forma lenta, não deixa de ser interessante. Os personagens de Karin e Blue desenvolvem uma parceria natural, que vai crescendo no decorrer do tempo e das investigações. Um dos erros foi a contagem de dias, que se tornou inútil e confusa para o episódio, sendo abandonada no caminho.

        O episódio permite-nos refletir os exercícios de poder que têm nas redes sociais e se, em seus primeiros anos, as redes virtuais foram exaltadas como propiciadoras de novos arranjos políticos, atualmente o outro lado do espelho evidencia diversos exemplos de constituição e composição de forças, onde a liberdade acabou caindo em um abismo profundo.