Resenha do Artigo "Jornalismo: Uma profissão em crise?"
Por: Mariana Bastos • 12/10/2015 • Resenha • 891 Palavras (4 Páginas) • 380 Visualizações
Comunicação Social - Jornalismo
Este artigo foi escrito pela Fernanda Lima Lopes, doutoranda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem como fundamento observar a crise que o Jornalismo vem passando desde o final do século passado, envolvendo questões como diploma, novas tecnologias e mercado de trabalho, abordando as dificuldades e instabilidades da profissão no Brasil. Como introdução, a autora explica que antes de aprofundar o assunto, é importante ressaltar que a temática da crise tão comentada nos dias atuais, não é novidade para o Jornalismo. Ela afirma que inúmeros momentos de mudanças já foram enfrentados e anunciados pelos jornalistas, desde a existência da profissão, e que o estardalhaço que é feito em torno da crise atual acaba, muitas vezes, nublando a compreensão de que a atividade jornalística está sempre em uma constante instabilidade.
Outra crítica diz respeito às abordagens que tratam da crise, o fato de olharem durante muito tempo para a profissão como se a mesma seguisse um modelo, um padrão, estável e seguro. É como se o jornalismo sempre fora de um único jeito. No entanto, ela ressalta que, historiadores e jornalistas que compreendem que o caráter histórico da construção da identidade da profissão foi formado por meio de reordenamentos, tensões e negociações, devem guiar suas análises, de modo que não adotem e reproduzam um discurso defensor de um modelo único para definir a atividade. Em vez disso, eles devem se esforçar para perceber os contextos de consolidação de cada época e, melhor do que perguntar se o jornalismo vai acabar, é questionar quais padrões da profissão estão desfalecidos.
No segundo capítulo, Fernanda da ênfase ao contexto histórico da profissão e as crises enfrentadas no passado. Ela inicia explicando que no Brasil, nem sempre os jornalistas foram reconhecidos como profissionais. Embora já se tenha registros de impressão de periódicos desde 1808, esse status só comoça a ser reivindicado no país a partir do século XX. Nos anos 50, onde Ribeiro (2000) caracteriza como tempos revolucionários para a profissão no Brasil, os processos iniciados em 1930, para a profissionalização do jornalismo, se tomam mais consistentes. Mais tarde, na década de 70, a temática da crise é aludida no livro O papel do jornal, publicado pelo jornalista e professor de jornalismo Nilson Lage. A obra aborda a crise enfrentada pela imprensa escrita no contexto do choque do petróleo, quando os preços de produtos importados - como era o caso do papel jornal - aumentaram exorbitantemente. Já nos anos 80, uma crise no jornalismo foi identifica a partir da chegada dos computadores às redações. Substituíram de vez a máquina de escrever, a lauda e outros instrumentos do fazer jornalístico.
Já no capítulo três, encontramos a(s) crise(s) contemporânea(s) da profissão no país como temática. Muitos afirmam que a atual crise do jornalismo tem sido relacionada ao desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC's). Esse tipo de associação está ligado ao fato de muitos pensadores acreditarem que o impacto das novidades tecnológicas na profissão é preocupante. Algumas reflexões, segundo a autora, chegam a ecoar o não tão novo temor da substituição do homem pela máquina. Por outro lado, o que é visto como crise para uns, outros enxergam progresso. Esse também é um dos jeitos como as pessoas tendem a encarar a tecnologia, com uma espécie de encantamento. Nesse contexto, as formas tradicionais de jornalismo, como por exemplo o jornal impresso, tiveram que repensar e reorganizar suas práticas e estratégias de conquistar o público, ou então render-se, como aconteceu com algumas delas. Outro sintoma encarado como crise no jornalismo contemporâneo, pode-se acrescentar a questão do desemprego. Embora a preocupação em relação ao contingente de jovens jornalistas e o temor pelo desemprego derivado da pressão social do excesso de mão de obra já fossem sentidos desde os anos 80 (Silva, 1984), no inicio do século XXI, a situação que antes era concorrencial, deixou de ser preocupante e adquiriu status de calamidade. Em menos de 20 anos, o número de cursos de jornalismo no Brasil aumentou mais que cinco vezes (dados coletados a partir de informações do Ministério da Educação). Paralelamente à escassez de oportunidades em redações e nas assessorias de comunicação, a quantidade excessiva de escolas de jornalismo levantou suspeitas sobre a qualidade da formação, sobretudo em relação a escolas particulares e/ou de cidades interioranas. Se por um lado os jornalistas continuam enfrentando cada vez mais dificuldades por encontrar/manter vagas, por outro a busca de trabalho pelo graduado em jornalismo da contemporaneidade deixou de visar prioritariamente aos ofícios de editor, repórter, apresentador. Diante das inúmeras mudanças na profissão, principalmente as mudanças tecnológicas, o bacharel nesse curso já não persegue os estereótipos e amplia sua busca em outras oportunidades, em alternativas menos convencionais.
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