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Sinestesia e Convocações Sensoriais em Design Gráfico

Por:   •  18/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.379 Palavras (6 Páginas)  •  455 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEEVALE - NH



ICHLA – Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico



Disciplina:  Fundamentos da Cor               Professora: Rosana Krug


Sinestesia e Convocações Sensoriais em Design Gráfico -

Para comunicar-se o design gráfico utiliza especialmente recursos visuais, entretanto a inter-relação entre público e objeto possibilita a apreensão das informações através dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. No design gráfico isso se reflete em diferentes métodos e técnicas gráficas que, através da visão, estimule outros sentidos e assegure que o objeto seja visto, compreendido, sentido e reinterpretado através da multisensorialidade. Assim, quando uma modalidade sensorial dispara outra modalidade sensorial, produz-se uma sinestesia. A sinestesia na comunicação visual é, portanto, a transposição de códigos e linguagens de estímulos táteis, olfativos, gustativos e/ ou auditivos, em códigos e linguagens visuais.

Além dessas possibilidades de recodificação sinestésica, muitas peças publicitárias são compostas diretamente por estímulos não visuais, como a música e o movimento em web sites e vinhetas para TV, ou texturas, sensações térmicas e até mesmo cheiros em superfícies e tintas especiais.

A origem do vocábulo vem da soma das palavras gregas syn, que significa junto, e aisthesis, sensação, percepção. Sinestesia quer dizer, portanto, junção de sensações.

A sinestesia é considerada metafórica: “[...] sensação associada à determinada modalidade sensória é traduzida em signos relativos a uma modalidade diversa.” (BASBAUM: 2002, p. 27). A sinestesia é a relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra, pertencente ao domínio de um sentido diferente. É quando atribuímos espontaneamente ou deliberadamente uma cor ou forma a um sabor, som, imagem, paladar ou tato.

Enquanto metáfora a sinestesia refere-se às relações entre os sentidos e suas representações nas linguagens por cruzamentos biológicos e culturais. Na teoria das associações adquiridas os condicionamentos culturais dos sentidos foram demonstrados em testes sinestésicos realizados pelos cientistas Zellner e Kautz. Ao relacionarem olfato e cor, as substâncias líquidas coloridas induziram à percepção de aromas, enquanto as substâncias líquidas incolores, como a água, não foram associadas a odores e sabores.    

Para Basbaum o que denominamos de sinestesia seria uma pseudo-sinestesia, uma vez que o vocábulo é, segundo a medicina, uma patologia neurológica, quando impressões sensoriais são disparadas pelo cérebro seguidamente, de forma intensa e mesmo perturbadora. Porém o autor reconhece que a percepção trabalha de forma integrada e seria improvável pensar que as fruições estéticas ocorram totalmente isentas da participação de associações sinestésicas.

                                                                                                                 

De natureza pré-discursiva, a estesia, que está na raiz do termo sinestesia, diz respeito à percepção, aos cinco sentidos do corpo em sua capacidade de serem convocados quando em contato e interação com as qualidades da matéria, sejam imagens, objetos ou sujeitos do mundo. O corpo tocante é tocado pela matéria ao produzir estesia, seja pelo contato agradável ou desagradável. Assim, a estesia é entendida como a parte sensível e pré-verbal da produção do sentido, da significação.

 Maurice Merleau-Ponty, filósofo cuja obra fundamenta-se na significação que surge da interação corpo-mente, concebendo a percepção corporal como um todo, afirma que:  

O corpo é, ao mesmo tempo, consciência e matéria, sujeito observador e objeto observado. (...) O corpo é uma ancoragem espaço-temporal que serve de ponto de referência central ao processo perceptivo. Faz do mundo sua extensão periférica na mesma medida em que o mundo o possui como centro.

( MERLEAU-PONTY apud TATIT, 1996, p. 202 ).

O mundo percebido é um mundo intercorporal, espaços, tempos, dimensões, posições, formas, figurativizações e matérias estão ancoradas, relativizados por nosso corpo, único referente possível em relação aos outros corpos e paisagens, ao mundo como um todo. Nesse aspecto é preciso ter claro que, mesmo tendo um objetivo claro na comunicação visual, há o fator de subjetividade inerente ao ser humano, o que muitas vezes irá gerar interpretações e novas significações por parte do receptor da mensagem.

2.

Com o propósito de comunicar e sensibilizar, o design gráfico pode usar diversos elementos que compõe a peça, ou seja, é o como diz o que diz através do uso da forma / espaço, tipografia, cor e textura.

 A forma é o maior fator visual de identificação ao representar um ser, objeto ou lugar, compondo com maior ou menor quantidade de elementos, com maior simplicidade ou maior complexidade formal e compositiva. Os fatores de espaço/tempo influem nas interpretações e no interesse do público; algumas formas de apresentação podem tornar-se obsoletas, assim como é preciso considerar o contexto, o espaço em que determinadas figuras estão em relação a outras, se proporcionais ou não, harmonizando ou produzindo inadequação. Percebemos as imagens em seu conjunto, vemos em sua totalidade; segundo Arnheim, (1979; p. 04): “Não se percebe nenhum objeto como único ou isolado. Ver algo implica em determinar-lhe um lugar no todo: uma localização no espaço, uma posição na escala de tamanho, claridade ou distância.”

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