A Identidade Cultural na Pós-modernidade
Por: thaysmartins7 • 28/6/2016 • Resenha • 1.139 Palavras (5 Páginas) • 617 Visualizações
FICHAMENTO
O livro “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”, escrito por Stuart Hall, analisa de maneira crítica, a identidade na “modernidade tardia”. Segundo Hall, essa “modernidade tardia” - também conhecida como globalização - tem como característica marcante, o rápido impacto na identidade cultural dos indivíduos, mas de maneira flexível faz com que o sujeito se envolva.
A obra traz questionamentos em torno da crise de identidade e como ela se desenvolve, transformando o entendimento do ser humano sobre si e o que se entende por sociedade.
Neste trecho, Hall expõe que, quando o indivíduo se descentraliza tanto da sociedade, de sua cultura e de si, ele chega ao estado de crise de identidade. “Um tipo diferente de mudança estrutural esta transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero e sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações também estão mudando nossa identidades pessoais, abalando a nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um 'sentido si' estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito (p. 9)”.
Hall constrói sua argumentação a partir três concepções de identidade, afim de trilhar os caminhos que levaram a existência da crise de identidade.
A primeira a ser analisada é o sujeito do iluminismo que possui comportamento autocentrista, sempre racionalizando a ação e tomando a essência do eu como a própria identidade.
Contudo, sujeito sociológico vem para contrapor o sujeito iluminista, ao construir sua identidade não mais como auto-suficiente e que necessitava de interação com a sociedade tendo a cultura do mesmo como conectivo do eu com a sociedade, trazendo reflexões sobre o mundo moderno em sua complexidade. Com isso, surge outra forma de sujeito, o pós-moderno cuja identidade é flexível, não se fixa, mas consegue interligar a subjetividade dos sentimentos com a objetividade do mundo social. O sujeito poderá assumir identidades diferentes em momentos diferentes.
Fundamentado em diversos autores, Hall contextualiza seu entendimento de sociedade moderna e das sociedades da modernidade tardia. A relação entre essas sociedades e a questão da identidade construída torna a narrativa envolvente, uma vez que pontua as descontinuidades da sociedade moderna e as diferentes posições de sujeito que o indivíduo carrega consigo na modernidade tardia, ocasionando essa crise de identidade.
Com base na distinção apresentada dessas concepções de identidade, Hall aponta a mudança ocorrida na modernidade tardia, a qual está intrinsecamente vinculada à questão da identidade do sujeito.
Dessa forma, Stuart Hall constrói o segundo capítulo do livro, Nascimento e morte do sujeito
moderno para compreender, principalmente, como surge e come se encerra esse período.
“Meu objetivo é traçar os estágios através dos quais uma versão particular do 'sujeito humano' – com certas capacidades humanas fixas e um sentimento estável de sua própria identidade e lugar na ordem das coisas – emergiu pela primeira vez na idade moderna; como adquiriu uma definição mais sociológica ou interativa; e como ele está sendo 'descentrado' na modernidade tardia (p.23)”.
Stuart Hall defende que os teóricos envolvidos em defender a fragmentação do sujeito na modernidade tardia na verdade apontam seu deslocamento, não a desagregação pura e simples. Ele apoia o capítulo sobre cinco avanços das ciências e do pensamento humano que acabaram por ocasionar essa descentração do sujeito sociológico.
O primeiro descentramento se deu a partir da interpretação de Louis Althusse sobre Marx , que partiu da construção do sujeito histórico e dialético do Marxismo para assumir que o indivíduo somente pode agir com base nas condições sócio técnicas do momento histórico no qual se insere. O sujeito é despido assim de sua essência, tanto para o conceito de raça humana quanto para o conceito de indivíduo.
O segundo descentramento ocorre pela descoberta do inconsciente por Freud, que defende a identidade como algo móvel, formada por processos conscientes e inconscientes do sujeito .
O terceiro descentramento a ser pontuado é o trabalho do linguista estrutural Ferdinand Saussure. Nele, Saussure afirma que não somos os autores das afirmações que fazemos, uma vez que toda afirmação carrega ecos dos nossos significados e de muitos outros, pois o que dizemos tem um
“antes” e um “depois” .
“A lingua é um sistema social, não um sistema individual. Ela preexiste a nós. Não podemos, em qualquer sentido simples, ser seus autores (p. 40)”.
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