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Análise de Produção Cultural - Funk

Por:   •  16/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.508 Palavras (15 Páginas)  •  304 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O Funk, basicamente ligado ao público jovem, tornou-se um dos maiores fenômenos de massa do Brasil. Hoje, os bailes reúnem entre seis mil a dez mil pessoas por noite. Ou seja, aproximadamente um milhão de jovens frequentam esses bailes todas as semanas para dançar. A grande maioria é negro, proveniente das favelas.

Muita coisa mudou desde o seu surgimento. Conforme foi evoluindo e se transformando, o Funk modificou a sociedade na qual estava inserido e refletiu a realidade daquelas pessoas que dele fizeram parte. Além de gênero musical, o Funk se tornou um movimento e mais que isso: um estilo de vida.

“Como um fenômeno desta proporção pode acontecer sem que ninguém se dê conta disso? Como é que o Funk chega ao Brasil? Por que atrai tanta gente? Qual a sua mágica? Como essas pessoas se expressam por meio do Funk? O que elas querem passar? O Funk reflete a realidade dessas pessoas? O Funk reflete a nossa sociedade?”. São perguntas como estas que vieram à tona e que levaram à análise desse tipo de produção cultural.

DESENVOLVIMENTO

  1. - A História do Funk
  1. – O surgimento

Originalmente, o Funk é um gênero musical que surgiu nos Estados Unidos, na segunda metade da década de 1960, quando músicos afro-americanos, misturando Soul, Jazz e Rhythm and Blues, criaram uma nova forma de música rítmica e dançante. O Funk, primeiramente, ficou reconhecido pela forte e rítmica seção de metais e pela percussão marcante e dançante. Esta forma inicial estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas. Justamente por isso originou-se o nome “Funk”, que na língua inglesa significa todos esses adjetivos citados.  

  1. – O Funk no Brasil

O Funk carioca é um estilo musical oriundo das favelas do estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Apesar do mesmo nome, o Funk brasileiro é diferente do originário nos Estados Unidos. Isso ocorreu, pois, a partir dos anos 1970, começaram a serem realizados bailes Black, Soul, Shaft e Funk no Rio de Janeiro e, com o tempo, os DJs foram buscando outros ritmos de música negra para incorporar no ritmo já existente. Apesar do nome, o Funk carioca atualmente é tocado e composto por pessoas de todo o Brasil.

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  1. – Funk Ostentação
  1. – O que é

Funk Ostentação é um estilo musical brasileiro, criado no ano de 2008, na cidade de São Paulo. Considerado como uma vertente do Funk carioca, o gênero desenvolveu-se primeiramente na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista, antes de alcançar proporções nacionais a partir de 2011. Os temas centrais abordados nas músicas referem-se ao consumo e a propriamente dita ostentação. Grande parte dos representantes procura cantar sobre carros, motos, bebidas e outros objetos de valor, além de fazerem, frequentemente, citações à mulheres e ao modo de como alcançaram um maior poderio de bens materiais, exaltando a ambição de sair da favela e conquistar os objetivos.

O gênero foi criado como uma alternativa à lírica abordada pelo ritmo carioca, que citava essencialmente conteúdos relacionados com a criminalidade e com uma vida de sofrimento.

  1. – A consolidação do ritmo

A consolidação do Funk Ostentação como um dos gêneros mais conhecidos do país aconteceu com o trágico falecimento de Daniel Pellegrine, conhecido no meio artístico como MC Daleste. Ele foi alvejado por dois tiros de arma de fogo enquanto realizava um show em Campinas, em julho de 2013. O cantor era um dos principais representantes do estilo no momento de sua morte, a qual foi noticiada nacional e até internacionalmente, tornando-o um dos nomes mais pesquisado no Google no Brasil naquele ano. A exposição do caso na mídia fez com que outros artistas do funk concedessem entrevistas aos canais de televisão com depoimentos sobre a carreira e o fato acontecido.

Com o surgimento de um grupo econômico conhecido como “nova classe média”, o Funk Ostentação passou a obter estrita relação com os membros do mesmo, que após conseguirem uma elevação na situação financeira, buscaram seguir os passos dos artistas, tornando este o gênero mais escutado pelos que se encontram neste patamar.

  1. – Análise do Funk
  1. – Música como mercadoria?

Não há contradição entre arte popular e arte de massa: há um encontro entre ambas. O capitalismo é que acabou por criar esta falsa separação ao procurar comercializar tudo em uma sociedade, inclusive as artes. Este, então, é o primeiro ponto de reflexão: o Funk como produção cultural mercadológica.

Os jovens das camadas mais pobres da sociedade capitalista sempre buscaram na música uma das formas de expressar sua revolta contra as injustiças de uma sociedade desigual. Estas músicas, ao surgirem, acabaram se impondo à indústria fonográfica, ganhando os veículos de comunicação de massa. Aproveitando-se disso, o que encontramos hoje são os produtores empresários que procuram enquadrar os artistas, antes rebeldes, em dóceis vendedores de mercadorias adaptados à lógica do mercado, ganhando altas somas de dinheiro por isso.

  1. – Funk como fenômeno social

Mas o Funk não é somente uma produção mercadológica. É a partir disto que se chega ao segundo ponto de reflexão: o Funk como um fenômeno social. A arte não deixa de ser um fenômeno social, assim, como o Funk também é arte, o gênero musical não deixa de ser um fenômeno social.

É impossível pensar a arte isolada da sociedade. O artista reflete em sua obra a maneira de ver e sentir o mundo, seja o pintor em um quadro ou um cantor em sua música.

  1. – Reflexo da sociedade?

O Funk é, então, o produto de uma sociedade: é reflexo do total abandono de uma grande parte da população pobre, da liberalidade sexual dos dias atuais e, principalmente, da fortíssima influência dos traficantes neste meio. No Funk, que não exige que seus praticantes toquem um instrumento, qualquer um pode criar uma peça.

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