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Análise do Filme Spotlight

Por:   •  21/11/2018  •  Artigo  •  3.282 Palavras (14 Páginas)  •  576 Visualizações

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Interesse público e liberdade de expressão: ética jornalística na análise do caso do filme “Spotlight - Segredos Revelados

Gabrieli Wagner

 

RESUMO

O filme “Spotlight - Segredos revelados” relata fatos reais de uma reportagem publicada em 2002 pelo Boston Globe, que denuncia mais de 250 casos de abuso cometidos por padres e encobertos durante décadas pela Igreja Católica. Esse artigo busca entender, a partir do filme, sob quais aspectos éticos estes jornalistas se apoiaram para realizar essa reportagem, levando em conta o interesse público e a liberdade de expressão. Será analisado se cumpriram com a verdade, se buscaram provas que fundamentam o interesse público, se preservaram as fontes, e como conseguiram as informações. O objetivo é saber se essa reportagem seguiu as normas estabelecidas pelo Código de Ética do Jornalista e qual é a relevância social desse tema.

Palavras-chave: Spotlight. Ética. Interesse Público. Liberdade.

 

1 INTRODUÇÃO

                O presente artigo visa verificar se o caso relatado no filme “Spotlight - Segredos Revelados” agiu de acordo com o Código de Ética Brasileiro, o filme mostra a construção da reportagem de um escândalo envolvendo a Igreja Católica que acobertou padres molestadores por muitos anos, publicado em 2002 pelo jornal Boston Globe. É preciso olhar para diversas questões, principalmente em relação ao interesse público e a responsabilidade social, pois é um assunto delicado, mas que é preciso ser debatido e denunciado.

                Não é possível fazer jornalismo investigativo sem mexer em coisas que estavam escondidas, a Spotligh é um grupo de pessoas que busca por matérias únicas e que denúncia grandes escândalos. É um trabalho sigiloso e que ocupa um grande período de tempo, pois vai a fundo em suas investigações.

                É preciso levar em conta as questões socioeconômicas e emocionais relacionadas a esse relato, não esquecer a época em que a matéria foi publicada e qual a sua repercussão naquele momento. Portanto, para analisar criticamente essa produção será necessário uma visão mais ampla da proporção e situação que foi denunciado esses abusos e o porquê foi encoberto por muitos e muitos anos.

 

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FILME

                Já no ínicio do filme “Spotlight - Segredos Revelados” percebemos a importância que pessoas de fora de uma determinada realidade tragam suas contribuições. O jornal Boston Globe mudou seu editor chefe depois de muitos anos, o novo editor veio para fazer mudanças. Já na primeira reunião, de pauta trouxe uma ideia controversa e inquietante para a maioria dos jornalistas presentes. Propôs que seja investigado mais a fundo o caso do Padre Geoghan, que molestou 80 crianças em 6 paróquias diferentes nos últimos 30 anos, ainda mais que o advogado das vítimas, Garabedian, alega que tem provas que o Cardeal Law sabia disso há 15 anos e não se fez nada. Algumas pessoas falam que a Igreja já se manifestou e negou as acusações, mas o novo editor, Marty Baron, insiste que deveriam investigar essa afirmação do advogado, de que existem provas que estão sob sigilo.

Baron questiona a equipe do porque só foram publicadas 2 matérias nos últimos 6 meses sobre esse assunto, sendo que, para um jornal local é uma história essencial a ser contada. Para ele é o mínimo procurar e verificar os documentos que o advogado alega existir, e para isso propõe recorrer à justiça, porém os pauteiros ficam um pouco hesitantes, pois ele está sugerindo “processar a igreja” nas palavras de um dos repórteres, que não gostou muito da ideia. Baron fala com o diretor do jornal sobre o processo para conseguir os documentos, o diretor fica apreensivo com a repercussão que processar a igreja iria gerar, levando em conta que a maioria dos assinantes são católicos, mas mesmo hesitante concorda em abrir o processo.

A Spotlight é um departamento dentro do Boston Globe que se encarrega de casos e investigações longas e polêmicas, o grupo é formado por quatro jornalistas: Walter Robinson, Sasha Pfeiffer, Michael Rezendes (Mike) e Matt Caroll. Esta equipe ficou encarregada por essa pauta e  por começar a investigar.  Precisam ser discretos, para não chamar atenção de outros meios de comunicação, por ser um assunto delicado e para não colocar a Igreja em cima deles. A pressão para que desistam está bem grande e ao longo do filme ela só aumenta, mas mesmo assim decidem continuar e ignorar certos comentários.

Começam pelo advogado de vítimas, Eric MacLeish, que trabalhou no caso Portter, outro padre acusado de molestar crianças há 10 anos atrás. MacLeish  afirma que é muito duro enfrentar a igreja, que é importante o apoio da imprensa nestes casos. Entram em contato com Garabedian, advogado das vítimas que fez a denúncia, primeiramente dá poucas informações, mas depois começa a contribuir com a investigação.

Começam a reunir todas as notícias que já foram publicadas sobre padres, assim encontraram outros padres e uma organização de vítimas de abuso, os Sobreviventes de Abusos por Padres (SNAP), coordenado por Pil Saviano. Saviano vai até o Globe e relata a importância da Igreja para crianças pobres e em situação de vulnerabilidade, o que permite manipulação que leva a uma agressão tanto física, como emocional e espiritual, tirando-lhes a fé. Salienta já ter mandando há 5 anos atrás diversas provas para o Globe, de que haveria 13 padres molestadores em Boston.

Descobrem que as vítimas são desmotivadas a seguir com processo, tanto pela Igreja como pela família e advogados, inclusive MacLeish. MacLeish fez acordos direto com a igreja, impedindo que estes ficassem registrados, ajudando a esconder, a encobrir os casos. MacLeish é  pressionado para dar os nomes dos padres, mas diz que já havia mandado para o jornal anos atrás.

Conseguem informações com Richard Sipe que trabalhou em um centro de tratamento da Igreja, um instituto psiquiátrico que possibilitou que ele trabalhasse com muitos padres abusadores e suas vítimas e afirma que o problema é bem maior do que aparenta ser, que não são só umas “maçãs podres”. Sipe afirma que 50% dos padres não são celibatários, isso acoberta os pedófilos e que 6% de todos os padres do mundo são abusadores. Como são 1500 padres em Boston estima se que 90 são molestadores. Acham os catálogos dos padres e percebem que os padres acusado de abuso são trocados de cidade e a explicação quase sempre é licença médica ou sem atribuição. Procuram pelos catálogos e descobrem 87 padres em Boston que se encaixam no perfil de deslocamento, confirmando o número que Sipe havia mencionado.

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