Artigo sobre Direção Mídias Audiovisuais

O PAPEL DO DIRETOR EM UMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL:

O cargo de direção geral e a experiência acadêmica

Fernanda Bellini Pinto¹

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, FABICO, Porto Alegre – RS

RESUMO

O presente artigo visa aprofundar conhecimentos sobre o papel do diretor e os desafios deste encargo na elaboração de um curta-metragem em nível amador e de baixo orçamento. Através de abordagens teóricas de diferentes profissionais influentes no ramo cinematográfico, este artigo será baseado na bibliografia específica da disciplina de Mídias Audiovisuais, ministrada pela professora Miriam Rossini, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO) da Universidade federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); bem como na experiência inicial de montar um curta-metragem, neste caso, denominado como Encontros no Corredor.

PALAVRAS-CHAVE

        Função. Direção. Produção. Desafios. Curta-metragem.

1. INTRODUÇÃO

A função exercida por mim na produção do curta-metragem Encontros no Corredor é a de diretor geral. Cargo que não escolhi, mas sim que me foi designado pelos meus colegas que acreditavam ser o melhor papel a ser desenvolvido por mim,

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1. Aluna do curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas – da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina de Mídias Audiovisuais (BIB02144) ministrada pela professora Miriam Rossini. Porto Alegre, outubro de 2015.

naquele momento. Mesmo com medo aceitei a oportunidade, pois parecia ser uma oportunidade única. Ou então, como diria Sidney Lumet (1998), em seu livro Fazendo Filmes:

Para quem quer dirigir, mas não fez ainda um primeiro filme, não há decisão a tomar. Qualquer que seja o filme, quaisquer que sejam os auspícios, quaisquer sejam os problemas, se há uma chance de dirigir, agarre-a! Ponto final. O primeiro filme justifica-se por si mesmo, porque é o primeiro filme. (LUMET, p.17).

Ao aceitar o desafio, sabia que deveria me preparar da melhor forma e estar disposta a estudar muito para poder dar o melhor de mim nessa experiência. Sendo assim, para entender as dimensões desse desafio é necessário conceituar o a função do diretor geral. Considerada uma das figuras mais importantes em uma produção audiovisual, o diretor é responsável por inúmeras obrigatoriedades. Caracterizado como criador da oba, é responsável pela supervisão de todas as funções e por ter alguma parte em todas as decisões do aspecto artístico do filme, conhecendo, assim, cada detalhe técnico do projeto. Tudo isso com apenas uma finalidade: que toda equipe caminhe em conjunto para alcançar o objetivo de contar uma história da melhor maneira possível.

A partir disso, este artigo visa discutir o papel do diretor, bem como sobre as funções incumbidas e como elas se encaixam na produção de um curta-metragem independente, além de abordar os desafios encontrados nessa jornada até o presente momento.

1. O PAPEL DO DIRETOR: FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES

De forma geral, sabemos que o diretor é a pessoa encarregada de contar uma história através de uma sequência de planos. E não somente contar uma história, mas também transmitir a mensagem do roteiro para as gravações. O sucesso do filme depende desse profissional que deve ser multifacetado.

A direção é a turma encarregada de tornar o filme bom. Ou ótimo. Ou excepcional. Uma obra de arte! [...] A direção tem a tarefa de fazer aquela mágica, aquele encantamento de que já falamos antes, de modo que o filme provoque risos, ou lágrimas, ou pelo menos seja acompanhado com interesse até o fim. (GERBASE, 2012, p.47).

Ele deve se preocupar com inúmeros detalhes que vão desde entender sobre o que se trata o filme até detalhes técnicos como cenografia, figurino etc. Segundo Gerbase (2012), por participar ativamente de toda a equipe, parece ser a pessoa com mais habilidades/conhecimentos para desempenhar o maior número de funções na equipe.

Inicialmente, ele é responsável por visualizar em sua mente como o filme deve ser feito. A primeira descoberta gira em torno de sobre o quê trata o filme. A interpretação do roteiro é de fundamental importância. Apenas quando essa pergunta for respondida o diretor determinará como deve ser feito o projeto, afinal seu ponto de vista deve ficar claro, para que sua intenção possa ser transmitida para a equipe.

Ao definir o tema principal, outras decisões importantes precisam ser tomadas: escolha dos atores, escolha de locações, como ocorrem as ações, como dar direcionamento aos atores, quais imagens são necessárias para compor o filme. Outra tarefa essencial é pensar no posicionamento das câmeras (decupagem), para que o olhar o espectador seja guiado, facilitando o entendimento da trama.

Decupar é pensar visualmente. É planejar onde a câmera deve estar, como ela deve enquadrar e como deve movimentar--se em cada plano da cena. Direção de atores e decupagem são as principais atribuições da equipe de direção. Um diretor, ou um assistente de direção, que não têm noções básicas de decupagem não dominam seu ofício. (GERBASE, 2012, p.120).

Juntamente com essa preocupação com a câmera há também a preocupação com os atores. É do diretor a tarefa de ensaiar os atores, decidir o quanto ele podem improvisar ou não, discutir o subtexto de cada personagem e extrair deles o seu melhor. Ele é corresponsável pelo resultado das atuações, pois se o ator falha, o diretor falhou ou no momento de dirigi-lo ou no momento de escolhê-lo.

Podemos notar que o papel do diretor é muito mais do que posicionar câmeras e ditar a sua arte.

Idealmente, o diretor divide sua atenção entre a câmera e os atores (ou os personagens do documentário). Mas a coisa não é tão simples assim. Sua atenção pode ser requerida para muitas outras questões, inclusive as que envolvem problemas práticos da produção: a pizza que foi encomendada não chegou, e a equipe, que está morrendo de fome, vai entrar em greve. (GERBASE, 2012, p.51).

Cabe ao diretor responder todas as dúvidas que surjam durante as gravações, tomando decisão atrás de decisão, planejando tudo o que precisa ser feito e providenciado para o dia seguinte sem esquecer todos os imprevistos que poderão acontecer. É ele quem dá o aval para alterações na narrativa como também é sua função aprovar a trilha sonora e rejeita ou não os figurinos. E pela extensa carga dada ao diretor que os demais integrantes da equipe acabam se escondendo atrás dele, afinal, se algo der errado a culpa recaí sobre o diretor.