Entrevista monica marteli

A vida é feita de ¾ de comédia e 1 de tragédia, por isso um cômico está com maior contato com a realidade, Alberto Sordi, disse isso uma vez, um ator italiano, e diretor de cinema também, eu adorei a frase e escolhi, para começar a apresentação da entrevistada, atriz, e autora, Mônica Martelli.

Em pouco mais de 20 anos de carreira, o nome de Mônica Martelli, conquistou nome próprio como atriz e autora de sucesso, hoje ela integra a nova formação do programa Saia Justa, no GNT, e também prepara a adaptação do seu texto “Os homens são de marte e é pra lá que eu vou”, já preparou para o teatro, para televisão, para o cinema e agora está virando um livro.

Eu: Mônica, você na verdade é de Macaé?

Mônica Martelli: Sim, sou de Macaé.

Eu: Você nasceu em Macaé?

Mônica Martelli: Eu nasci em Macaé.

Eu: Me explica como é nascer em Macaé, como é passar a infância em Macaé.

Mônica Martelli: Então, a minha infância foi na década de 70 né? Eu nasci em 68, então a minha infância foi uma Macaé antes do petróleo, antes de Macaé virar a capital do petróleo, então ela era realmente uma cidade de interior, uma cidade pequena. A vida inteira eu estudei em escola pública, a gente ia andando pra escola, voltava andando da escola, cidade pequena, com uma igreja e com uma praça que a gente brincava.

Eu: “A gente” você está dizendo sua família?

Mônica Martelli: É, eu e meus irmãos.

Eu: Quantos irmãos?

Mônica Martelli: Tem o meu irmão Guto Garcia, que hoje mora em Macaé, que é matemático e é dono de uma escola em Macaé. Tem a minha irmã Suzana que é médica, e hoje também é diretora de teatro .

Eu: Sua irmã é diretora no Rio de Janeiro?

Mônica Martelli: Sim, no Rio. Mora no Rio e é casada. Ah.. E tenho um irmão mais novo também, mas que é por parte de pai só, que foi do segundo casamento dele, que também mora em Macaé, quer dizer, eu e minha irmã moramos no Rio, minha mãe morou durante muitos anos em Macaé, foi professora, foi envolvida com a vida política em Macaé também, e agora que ela saiu da vida política foi morar no Rio também.

Eu: Você foi pra lá com quantos anos?

Mônica Martelli: Aos 12 anos de idade.

Eu: Porque?

Mônica Martelli: Minha mãe se separou, e foi pro Rio, levou os 3 filhos pro Rio, na época Macaé não era um cidade que tinha universidades, não tinha opções, hoje o macaense ele pode se formar em Macaé, estudar em Macaé, fazer faculdade em Macaé, já na nossa época não, e minha mãe também queria mudar de vida e foi pro Rio de Janeiro e levou os 3 filhos com toda dificuldade de uma mulher daquela época que se separava, e além disso com 3 filhos pra criar, professora, funcionaria do estado, então fomos morar no Rio.

Eu: Você se envolve com teatro como? Qual arte veio primeiro pra você? E em que situação?

Mônica Martelli: Eu comecei a fazer teatro, já tarde, porque primeiro foi o seguinte, na minha família e na minha época todo mundo sempre escolhia engenharia, medicina ou direito, eram os caminhos mais naturais, na minha família não tem nenhum artista, então assim, ninguém nunca pensou que eu fosse virar atriz, então eu primeiro fiz direito, fiz 6 meses de direito, vi que não era a minha, fui morar nos Estados Unidos, eu sou assim...

Eu: Você morou em quantos lugares no Estados Unidos?

Mônica Martelli: Morei primeiro na California...

Eu: Porque?

Mônica Martelli: Porque Suzana foi pra lá, minha irmã, foi pra lá morar com o namorado na época, e eu fui pra lá depois encontra-la, e lá eu fiquei um pouco, e depois fui pra Los Angeles, fiquei em Los Angeles 1 ano trabalhando de baby sitter, com outras amigas brasileiras na época, que encontrei la e todo mundo era baby sitter, depois fui pra Nova York.

Eu: Mas baby sitter, ponto, ou tinha outra intenção? Porque Los Angeles todo mundo é lindo, todo mundo é jovem, todo mundo trabalha loucamente porque vai ser um ator de sucesso em Hollywood um dia.

Mônica Martelli: Pois é, na época eu não pensava, você acredita? Eu deveria, desde aquela época já ter me ligado nisso, mas não, eu fui pra lá só pra aprender inglês, eu fui pra lá só pra ter oportunidade, porque na época as pessoas não viajavam, só viajava quem era rico, então todo mundo se juntou, minha irmã foi numa oportunidade quando o namorado dela foi, então eles foram estudar lá, trabalhar também, então eu queria aproveitar essa oportunidade, e todo mundo juntou dinheiro e comprou minha passagem, eu fui, e assim que cheguei lá eu comecei a trabalhar, então era só mesmo a experiência de trabalhar, de aprender inglês, e de sobreviver.

Eu: E ai você foi pra Nova York e o mundo mudou?

Mônica Martelli:  É. Na verdade eu trabalhei de garçonete em Nova York. Eu fui pra lá acho que com 18 anos, então assim, você vem de uma vida regrada, de escola, de horário, então eu me sentia livre pela primeira vez, eu sentia aquela sensação de liberdade, de acordar, e como eu trabalhava de gorçonete...

Eu: Onde?

Mônica Martelli: Eu trabalhava no Canastels que era na Pork Avenue com 3ª, e trabalhei em ap town em um restaurante pequenininho chamado Ecola, um restaurante italiano, lá na 91 eu acho, é, 91, uma coisa assim.

Eu: E lá você ficou quanto tempo?

Mônica Martelli:  Fiquei 1 ano em Nova York. Então assim, eu trabalhava, a noite, no jantar, então eu tinha que chegar no restaurante 3 horas da tarde, acordava meio dia, e isso pra mim era a coisa mais surpreendente incrível, acordar meeeeeio dia... risos. Já era uma coisa incrível, já era uma grande experiência, só que eu sempre soube que eu ia voltar, sempre soube que eu ia passar um tempo lá, mas que iria voltar, e eu tenho dois irmãos né? Os meus dois irmãos por parte de mãe, Guto e Suzana, sempre foram muito CDFs, então assim, a minha referência foi muito alta na minha casa, Suzana escolheu fazer medicina na época porque era a faculdade mais difícil de entrar, então qual é a faculdade mais difícil de entrar? Medicina? Então vou fazer medicina, e meu irmão é matemático e informático e eu fiquei meio perdida ali no meio, entendeu? Eu era aquela tipo “gente? E ai Mônica? Mônica vai seguir oque?” Eu nunca fui aquela aluna nota 10, 9, como meus irmãos. Então eu sempre fui a preocupação da família.

Eu: Bom, ai você volta pro Brasil...

Mônica Martelli: Ai voltei por Brasil, fui fazer jornalismo, que também na época era uma opção dos perdidinhos.. Na ééééépoca.. Risos.

Eu: Risos... Não seja assim, não me ofensa. Risos. To brincando..

Mônica Martelli: Risos.. É que comunicação na época, era o seguinte, normalmente fazia quem não sabia o que queria. Mas bom.. Dentro da faculdade de comunicação social, tinha uma plaquinha lá “Teatro”, e eu falei “po, vou fazer teatro”, eu sempre tive vontade mas tinha vergonha, de falar desse meu desejo, enfim, porque era uma carreira muito difícil, ai eu vi lá a plaquinha de teatro, falei “vou fazer teatro” e na época eu estava casada com um fotografo, assim que eu cheguei dos Estados Unidos eu já conheci esse fotografo, a gente foi morar junto e tal, e ele me deu maior força para começar no teatro. Então eu comecei a fazer de manhã, fazia faculdade de jornalismo a noite, e pra poder terminar a faculdade a tarde ainda trabalhava.