O Artigo Igualdade de Gêneros
Por: Wilou Baptista • 19/3/2020 • Artigo • 1.773 Palavras (8 Páginas) • 166 Visualizações
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como base discutir os desafios e reconhecer as possibilidades de inclusão da igualdade de gênero no ambiente escolar. A igualdade de gênero é extremamente necessária para a construção de uma sociedade justa, democrática e igualitária para todos.
A fase da adolescência, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é entre 10 e 19 anos, é um período de redefinição da identidade, onde a interação com a família, a escola e o meio social em geral é de extrema importância, essa interação faz com que o individuo se identifique como masculino, ou feminino de acordo com o contato e com o significado cultural que cada um representa na sociedade.
Através do desenvolvimento deste trabalho, deverão ser respondidas algumas questões como: Qual a importância da família e da escola na fase da adolescência; De que maneira o grupo de amigos, de iguais, pode influenciar, tanto positiva quanto negativamente, o desenvolvimento do adolescente;O que as legislações revelam sobre o direito à igualdade de gênero e Quais são os caminhos possíveis para que a igualdade de gênero se efetive na escola.
1. Desafios e possibilidades da igualdade de gênero no espaço escolar
A adolescência é uma fase caracterizada por mudanças, o adolescente não sabe direito quem ele é, percebe que já saiu da infância, mas ainda não se vê como adulto, é uma fase de transição e experimentação. A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde em 1965, considera fatores biológicos e psicológicos no processo de transformações rápidas e profundas que caracterizam essa etapa de desenvolvimento no curso da vida.
Em muitos casos, as concepções que os adolescentes trazem consigo, já estão carregadas de velhas visões preconceituosas sobre o homem e a mulher, baseadas nas diferenças de sexo.
“A força desses significados se deve ao pesado investimento que lhes é feito por instituições como família, escola, mídia, lei, que reiteram as identidades e práticas hegemônicas, fortalecendo-as” (Louro, 2001).
O feminino e o masculino são construídos, interpretados e internalizados, portanto personalizados, dependendo das características específicas da sociedade em que homens e mulheres vivem, do ciclo de suas vidas e de suas vivências subjetivas como homens e mulheres que pertencem a uma raça, etnia e classe social determinadas.( DUQUE-ARRAZOLA, 1997, p. 351).
As diferenças físicas notórias entre os sexos, feminino e masculino, se transformam em desigualdades, através da nossa cultura, em um processo histórico, tornando natural vários estéreotipos de feminilidade e masculinidade. A constante desvalorização histórica de profissões consideradas femininas, como o magistério, por exemplo, demonstra o quanto ainda é forte em nossa cultura de desigualdade entre os pares.
Não parece ser possível compreender a história de como as mulheres ocuparam as salas de aula sem notar que essa foi uma história que se deu também no terreno das relações de gênero: as representações do masculino e do feminino, os lugares sociais previstos para cada um deles são intrigantes do processo histórico. Gênero entendido como uma construção social e articulado à classe, etnia, religião, idade, determinou (e determina) algumas posições de sujeito que as mulheres professoras ocuparam (e ocupam).
A escola é o reflexo do sexismo que permeia toda a sociedade, reproduzindo, constantemente, as estruturas sociais e corrobora com os preconceitos e privilégios de um sexo sobre o outro colaborando assim para a construção da identidade sexual das meninas e dos meninos. É possível intervir nessa situação?
Em seu livro “Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola”, Moreno Marimón (2003) defende que a escola pode ensinar a pensar, a questionar, e com isso apontar para novas formas de interpretar o mundo e de organizá-lo.
Nesta perspectiva , a escola pode, por um lado, através do descobrimento daquilo q estava oculto, revelando os sistemas de pensamento e atitudes sexistas presentes na sociedade e na escola, tomar para si a tarefa de resistir e promover a transformação dessas concepções e comportamentos sociais. Por outro lado, não deixando explicito as desigualdades de gênero, a escola corre o risco de acomodar-se e continuar reproduzindo os dicotômicos modelos tradicionais na relação entre os sexos. Se esta for a opção, estará impedindo o entendimento e construção de novas maneiras de estabelecer a relação entre os alunos.
A escola, que deveria ser o lócus de convivência sociocultural, respeito e valorização da diversidade, organizada com o propósito de ensinar/aprender a condição humana, tem assumido um lugar de legitimação e perpetuação de desigualdades a partir da diferença de gênero. Neste sentido, entendemos que se faz cada vez mais necessário o questionamento a respeito do papel da escola na formação integral e não discriminatória de seres humanos, portanto, livres, autônomos e diferentes. Para tanto, faz-se imprescindível o questionamento acerca das práticas didático pedagógicas, portanto educativas, hoje presentes no espaço escolar, com vistas a não mais discriminar por meio da reprodução de padrões opressores. Isso requer ousadia por parte de educadores e educadoras para construir uma escola capaz de proporcionar “a rejeição mais decidida a qualquer forma de discriminação” (FREIRE, 1996), afinal, “à prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a substancialidade do ser humano e nega radicalmente a democracia”. (FREIRE, 1996)
Repensar as práticas escolares sob esta ótica, implica ainda a reorganização do próprio espaço escolar. De acordo com a pesquisadora Eduarda Ferreira;
“As identidades sociais e o espaço tem uma relação mútua de constituição e reprodução, que nos leva à constatação de que o espaço reflete as mediações de poder e os discursos hegemônicos, e de que a desigualdade se pode perpetuar através das formas pelas quais o espaço é organizado, vivenciado, representado e criado”. (FERREIRA, 2011).
Por esta perspectiva, não apenas as atividades escolares carecem de um olhar crítico transformador, mas também a própria organização espacial, que muitas vezes impõe sobre os adolescentes padrões de gênero que levam em conta, única e exclusivamente, questões físicas e biológicas. Deste modo, não se permite a livre expressão de gênero, impondo-se, por exemplo, o azul para os espaços escolares destinados aos meninos, como banheiros, bem como o rosa para as meninas nesses mesmos espaços,colocar os meninos para jogar futebol e as meninas para pular elástico, também é uma prática que incentiva a desigualdade entre os pares. Pensar uma escola de fato democrática é romper essa rigidez e fazer do espaço um ambiente agradável, para tanto, as cores de suas paredes, e outros objetos,as atividades extra classe, deveriam ser diversificados, não padronizados.
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