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O Culto ao Corpo

Por:   •  5/6/2019  •  Dissertação  •  990 Palavras (4 Páginas)  •  355 Visualizações

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O culto ao corpo na contemporaneidade

Pensar os significados que o corpo carrega na sociedade envolve questões sociais, históricas, políticas e culturais que atribuem, de acordo com os valores configurados em cada grupo, determinados ideais do corpo belo. Atualmente, na sociedade ocidental, o padrão estabelecido se associa a aspectos simbólicos que denotam juventude, saúde e beleza como fatores imprescindíveis para alcançar aquilo que se entende como a imagem corporal adequada à norma social. Portanto, neste artigo buscamos compreender as motivações, as estratégias utilizadas e os reflexos observados na construção do ser que objetiva ocupar os espaços através do reconhecimento da sua imagem. 

Primeiramente, é importante reconhecer o corpo como uma condição material que cada vez mais cria subjetividades para se reafirmar na pós-modernidade. A essência dos corpos, que constitui qualificações atribuídas à natureza do ser humano, tal como o caráter, passa por um processo de dominação da economia sobre a vida social, conferindo a valorização do “ter" em detrimento do “ser". Após essa degradação, a constante busca por resultados econômicos favorece a lógica do “parecer” a fim de enaltecer as representações em vez da realidade (Debord, 1967). 

Desta forma, chegamos à valorização das aparências e a uma das possíveis justificativas para o desenvolvimento da cultura fitness, relacionando a necessidade de ser visto através dos ideais do corpo saudável, jovem e belo. Em O Pavor da Carne (2004), Paula Sibília explica que


“Assim, tendências exibicionistas e performáticas alimentam as novas modalidades de construção e consumo identitário, numa espetacularização do eu que visa à obtenção de um efeito: o reconhecimento nos olhos do outro e, sobretudo, o cobiçado fato de ser visto. Nesse contexto, a subjetividade é estruturada em função da superfície visível do corpo, que se torna um espaço de criação epidérmica e um campo propício para a expressão do que cada um é”. (Sibília, 2004).

Ainda se tratando do culto ao corpo na contemporaneidade, a busca dos indivíduos pelo pertencimento a uma sociedade é marcada pela sua submissão a procedimentos estéticos que prometem os resultados necessários para a adequação do corpo a um determinado padrão. Com isso, o imperativo da beleza se articula diretamente com o imperativo da felicidade no que diz respeito à pressão de se obter sucesso e de ser feliz nos tempos atuais. Percebemos os ideais do corpo belo relacionados ao discurso das conquistas do ser humano moderno, caracterizando o corpo como objeto que permite a satisfação pessoal quando devidamente enquadrado nos padrões que validam a sua existência.

Para que isso se concretize, é oferecido aos sujeitos, envolvendo uma apropriação empresarial baseada na demanda pelo objetivo de ser notado em meio à sociedade, uma variedade de recursos estéticos que exigem do corpo o seu esforço físico, a sua adaptação a hábitos alimentares, a submissão a procedimentos cirúrgicos, entre outros sacrifícios que visam atingir a perfeição. Cria-se uma necessidade de investimento no corpo. Como bem colocado pela Jurema Barros Dantas (2011), os indivíduos “acreditam que assim estão incrementando a vitalidade de sua constituição orgânica e social".

O corpo e a questão de gênero

        Contextualizando o corpo historicamente, o surgimento de padrões é influenciado por problemáticas que perpassam a sociedade e se relacionam com a mesma para além de características biológicas e, devido a isso, os significados construídos acerca da imagem corporal refletem questões que se comparam ao comportamento social. Desta maneira, tendo o patriarcado como um sistema presente nas relações humanas, a objetificação do corpo feminino é uma prática enraizada, que culmina na hiperssexualização do corpo da mulher, compactua com a violência e os diversos tipos de opressões sofridas pelo gênero, com a cultura do estupro e a culpabilização das vítimas.

        Além do corpo feminino sendo utilizado como mercadoria, ou seja, o próprio objeto a ser consumido e incapaz de estar a frente das decisões que os rodeia, a modelização desses corpos consiste no enaltecimento das suas abundâncias simultâneo à definição do corpo magro como ideal – discurso subentendido por trás do termo “boa forma”. Assim como analisado no objeto abordado neste artigo, a musa fitness Eva Andressa é alvo dessa linguagem midiática, pela qual muitas mulheres são sexualizadas ou julgadas pelo não pertencimento aos moldes estabelecidos. A seguir, exemplos do vocabulário utilizado em referência ao corpo de Eva Andressa.

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