O Grande Gatsby - Análise Sonora
Por: Maria Eduarda Melo • 27/3/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 767 Palavras (4 Páginas) • 304 Visualizações
Análise Sonora - O GRANDE GATSBY (2013)
Falarei sobre a versão mais nova do filme O Grande Gatsby (2013) dirigido por Baz Luhrman, cuja história foi baseada no icônico livro do americano F. Scott Fitzgerald, publicado em 1925.
Já no início do filme ouve-se uma música instrumental que nos dá uma ideia da época (anos 20) em que a história se passa. Apesar do filme ser de época, a imagem e o som são bem limpos e claros, mostrando que os diretores responsáveis pelo filme não quiseram que a sua estética acompanhasse o período no qual o filme está inserido. Essa estética - tanto da imagem quanto da qualidade do som - está totalmente dentro do grandioso “padrão hollywoodiano” com o qual já estamos acostumados, assim como a montagem do filme, que acompanha o padrão frenético e intenso dos filmes concebidos pelos grandes estúdios americanos. Na versão de O Grande Gatsby de 1974, por exemplo, há muitos cortes nas imagens/sons às vezes até desconexos para quem já está acostumado com as montagens mais modernas. Também vê-se muitas transições de cenas utilizando o “fade in/out” mais uma vez em ambos - som e imagem -, o que causa um certo estranhamento também. A nova versão cinematográfica da história de Fitzgerald, supera todas essas singularidades trazendo algo completamente novo e intenso.
Essa intensidade também é sentida com a trilha sonora escolhida para compor o filme, que é um grande diferencial em relação às outras versões de O Grande Gatsby - e até em relação à maioria dos filmes de época, em geral. As músicas presentes nessa trilha sonora são totalmente atuais (porém em versões adaptadas para a obra) e estão entre elas canções de Jay-Z (que co-produziu a trilha sonora à pedido de Luhrman, inclusive), Lana Del Rey, Will.I.Am, Beyonce, Bryan Ferry, entre outros artistas. Não se vê o que se espera para a época - no livro há muito jazz e nas versões cinematográficas anteriores só se ouve músicas orquestradas e raramente cantadas -, e isso causa uma quebra de expectativa, um contraste nítido entre imagem e a música - pelo menos no que tange as suas épocas, já que a montagem do filme certamente acompanha e fazer juz às canções que embalam a história. Talvez tenha sido essa a forma escolhida pelo diretor de conectar o espectador com o que está sendo exibido na tela, fazendo uma abordagem musical incrivelmente atual; atendendo, ao mesmo tempo, os anseios da indústria fonográfica - seria difícil e pouco lucrativo comercializar uma trilha sonora com baladas de 1920. O choque que essa trilha sonora causa no espectador acontece pela primeira vez aos três minutos e meio aproximadamente, com a apresentação da cidade de Nova Iorque ao som do rap de Jay-Z.
O filme foi feito para ser uma obra-de-arte e isso é quase inquestionável quando assiste-se o filme. Isso se deve tanto ao que se vê na tela (as imagens são espetaculares) quanto ao que se ouve. Há quase sempre uma música tocando ao fundo, sendo às vezes instrumental de época e às vezes não, ajudando na missão (bem sucedida) de levar o público a um sonho, um “universo encantado”. Essas músicas calmas que estão quase sempre presentes vão várias vezes de encontro a uma música mais agitada - como o rap -, principalmente nas cenas de festas, e isso deixa o espectador num constante
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