Resenha "A Introdução à Análise da Imagem"
Por: Erica Gomes • 21/5/2019 • Resenha • 2.662 Palavras (11 Páginas) • 356 Visualizações
Aluna: Erica Cristina Gomes
Expressão e Comunicação em Mídias Digitais
Universidade Federal da Integração Latino Americana
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RESENHA CRÍTICA
Livro: Introdução à Analise da Imagem
Autora: Martine Joly
A autora inicia o livro norteada pela ideia do que é a imagem. Primeiramente ela cita que a palavra imagem possui muitos significados e embora sejam diferentes todos possuem semelhanças, tanto a imagem imaginária quanto a concreta, possuem a dependência de um sujeito, seja para produzi-la ou para reconhece-la.
Em seguida cita Platão, que propôs um dos significados mais antigos sobre imagem, segundo ele, em primeiro lugar viria a sombra, depois os reflexos na água ou em outras superfícies. A partir disso ele conclui que imagem é um objeto segundo, em relação a outra que ela representaria, ou seja a imagem seria uma representação.
Porém Joly diz que o senso comum atual vê o assunto muito focado apenas em um ponto: a imagem midiática. Isso faz com que a imagem seja lembrada como sinônimo de televisão e publicidade. Porém relata que não é correto ver dessa forma, primeiro pela questão suporte X conteúdo, afinal televisão é um meio (não o único), e a publicidade é um conteúdo; E segundo por que levar em conta apenas essas imagens animadas seria negar a diversidade das outras imagens (fixas), como a pintura, fotografia, desenho, gravura, etc.
Além disso a autora lembra que a imagem não surgiu aqui e nem agora, com a televisão e a publicidade, como prova disso é citado os desenhos feitos na rocha que datam desde o surgimento humano, a representação religiosa no renascimento, as máscaras mortuárias tão importantes na antiguidade, entre outros.
Dentre os vários significados, o termo imagem também é empregado para falar de certas atividades psíquicas, como representações mentais (quando lemos ou ouvimos a descrição de um lugar por exemplo), sonhos, lembranças visuais, impressão de semelhança com a realidade, além das associações mentais onde atribui-se valores a um objeto ou profissão ou pessoas, para que esse seja identificado (a imagem da mulher, do médico, da guerra, por exemplo).
Outro significado levantado foi a imagem científica, a visualização de fenômenos, imagens verdadeiras e reais, como a fotografia de raios luminosos, satélites vigiando o planeta, o raio X para o corpo humano, os scanners, entre outras coisas científicas que auxiliam a visualização da imagem.
Além de todas essas coisas, a autora ainda entra nas imagens novas, que segundo ela seriam produzidas por computador. Programas cada vez mais poderosos e sofisticados criam universos virtuais que podem falsificar uma imagem aparentemente real, ou manipula-las para assemelhar-se à realidade. Por exemplo o cinema, os jogos de vídeo, simuladores de voo, entre outros.
Todas essas diferentes utilizações da palavra imagem levaram Joly a citar também a Odisseia Proteu, o Deus que tinha o poder de se tornar o que deseja-se. A imagem segundo ela é como esse Deus, ela pode ser tudo, mas também ao contrário, Visual e imaterial, fabricada e natural, real e virtual, móvel e imóvel, sagrada e profana, antiga e contemporânea, etc. Porém existe um núcleo em qualquer uma delas, e para melhor compreensão é necessário análise, e portanto ela conclui o pensamento sobre o que é imagem e passa a falar sobre como analisá-las.
Nesse momento a autora explica que para compreender a especificidade da imagem existem várias teorias como nas matemáticas, na informática, na estética, na psicologia, entre outros, mas ela prefere uma teoria mais ampla, que englobe mais aspectos, recorrendo dessa forma à semiótica ou a semiologia.
A define como a teoria que considera o significado e a interpretação dos signos, integrando-os numa tipologia e encontrando leis de funcionamento dos diferentes tipos desses signos. Signo sendo basicamente algo percebido como cores, calor, formas, sons e atribuindo-lhes significado.
Sobre a origem dessa teoria a autora cita que ela não surgiu de um dia para o outro, ela retoma à Antiguidade Grega e os seus grandes precursores foram Ferdinand de Saussure e Charles sanders Peirce.
O precursor Sausurre cita a língua como primeiro signo a ser estudado, mas diz que não é o único sistema de signos que permite a comunicação. Um elemento importante é que ele descreveu o signo linguístico como uma entidade psíquica com duas faces inseparáveis, ligando um significante (sons) a um significado (o conceito). por exemplo, um conjunto de som “árvore” está ligado não a uma árvore real na sua frente mas a um conceito de árvore, utensílio intelectual que é construído graças à experiência.
O trabalho de Pierce é segundo a autora mais interessante ao assunto da imagem. Ele primeiramente tratou de elaborar uma teoria geral dos signos. Escreve ele “um signo possui uma materialidade da qual no apercebemos com um ou vários de nossos sentidos.” Para ele signo é tudo que se deduza uma significação dependente da cultura do indivíduo que esta interpretando.
Pierce cita que os signos possuem 3 polos: A face perceptível, o que ela representa e aquilo que ela significa. Essa triangulação é também representativa da dinâmica de todo signo enquanto processo semiótico. Portanto o significado depende tanto do contexto da sua aparição como da expectativa do seu receptor.
Em outras palavras Pierce afirma que os signos possuem uma estrutura comum, implicando essa dinâmica tríplice que liga o significante ao referente e ao significado. Porém mesmo possuindo essa estrutura comum, os signos não são iguais, eles podem significar algo diverso de si próprio. Para classificar isso ele distinguiu 3 signos: O Ícone, O Índico e O Símbolo.
- Ícone: Há relação entre o signo e o objeto em si, como um desenho figurado, uma fotografia, uma imitação do galope de um cavalo, etc.
- Índico: Há uma associação física com o que ele representa, baseada na cultura, como o fumo para o fogo, a nuvem para a chuva, etc.
- Símbolo: É mais arbitrário, tudo poder ser um símbolo a partir do momento que se deduza um significado que pode ser diferente para
cada cultura, como bandeira para países, pomba para a paz, etc.
Com relação à imagem, Pierce a coloca na classificação como subcategoria do ícone, pois como o ícone a imagem possui uma relação analógica com aquilo que ela representa, e embora não corresponda a todos os tipos de ícones pode-se dizer que a imagem é um signo íconico.
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